Capítulo VI - O destino trabalha de maneiras misteriosas

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Blake Haas

Um homem não é nada sem suas paixões. Não estou nem dizendo que esse sentimento tenha que ser direcionado a algo com olhos, boca e coxas – embora seja extremamente arrebatador tombar soado numa King Size ao lado de uma deusa seminua, mas sim que é preciso sentir algo correndo em suas veias além de sangue.

Excitação, ímpeto, adrenalina. Todos igualmente válidos.

Juntamente com a minha coleção de uísque e as corridas matinais no Central Park, puxar ferro é um dos meus hobbies favoritos. A musculação me deixa relaxado - barra fixa, supino reto, remada curvada, o que for.

Também gosto de escalar coisas.

Um fim de semana no The Gunks tem sua beleza. Ainda mais praticando uma atividade que me trouxe flexibilidade, músculos tonificados e ampliou minha força e concentração. Sem falar que libera mais o estresse do que sair metendo porrada em qualquer um que te olhar torto.

Aprecio igualmente idas a casas noturnas. Se estão regadas a tequila e tudo que eu tiver direito, que mal tem? Na maioria das vezes, estou acompanhado dos outros dois mosqueteiros, Andrew e Nicholas.  Somos melhores amigos desde que me lembro. Quase como irmãos.

Na verdade, com meus irmãos de sangue o buraco é bem mais em baixo. Vincent, o do meio, é leal como um cão, possui uma moral quase incorruptível e é casado com uma mulher que, como se já não bastasse ser incrivelmente inteligente e bonita, ainda me deu dois belos sobrinhos.

Eu e Vincent temos lá nossos desentendimentos, mas sempre acabamos os resolvendo. Quanto ao caçula, Sebastian, não posso sequer estar em sua presença sem querer enche-lo de socos e o sentimento é reciproco.

Voltando aos outros dois mosqueteiros, não saímos das fraudas juntos, mas estudamos na mesma escola. Costumávamos ir às mesmas festas e também passar as férias de verão nos Hamptons – onde suas famílias tinham casa, e eu ia servir de burro de carga no clube do campo.

Agora nossas saídas não são tão recorrentes porque Drew está com os quatro pneus arriados pela Mackenzie e Nick está ocupado com seu trabalho. Na verdade, seu cargo em uma companhia de marketing em tempo integral só não o mantém mais fodido da cabeça do que estar louco pela Savannah em meio período.

Aparentemente ela não retorna suas ligações. Tive que fazer um esforço enorme para conseguir convencê-lo que escapou de uma furada desviando dos dentes da Tubaroa, mas nem eu mesmo acredito nisso.

Contra minha vontade, tive que me meter na situação. Dei um empurrãozinho, e nos consegui um encontro duplo. Pra que servem os amigos afinal?

Ele deixou o pub com uma bela mulher, e parou de falar da superpredadora do topo da cadeia. Bem, ao menos deixou de reclamar nos meus ouvidos como um gatinho manhoso. Já é um grande progresso.  

Em se tratando da minha relação inexistente com a Tubaroa, tudo só tem ido de mal a pior. Se ela não fosse tão incrivelmente insuportável, talvez pudesse ser diferente.

Ao longo da semana, nos enfrentamos diversas vezes onde, em tese, deveria ser território neutro.

A Rinaldo Fitzpatrick é nosso local de trabalho, mas pelo jeito também funciona como um belo ringue.

Estivemos discutindo mais sobre assuntos de trabalho, pelo menos. Acho que já é um bom começo.

Estou a par de cada centavo da revista. E Savannah adora propor ideias que precisam de fundos exorbitantes. É esse o alto preço da genialidade?

Soltando os cachorros sobre dinheiro? Sim, eu sei. Parecemos marido e mulher discutindo sobre a areia movediça que envolve assuntos financeiros.

Tenho a impressão de que a qualquer momento ela pode aparecer por aqui e começar o segundo round. Ou quinto. Parei de contar há algum tempo.

Crossed Lines: sem limitesOnde histórias criam vida. Descubra agora