Isso é o que amigas fazem

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O que Riley mais desejava naquele momento era desaparecer, nunca ter nascido ou o que fosse.
Seu rosto estava meio duro pelas lágrimas que tinham secado em seu rosto. Não queria nem se olhar no espelho, ver aquela cara esquisita e anormal dela. Que tinha uma alegria que "não pode ser de verdade, ninguém é feliz o tempo todo".

Por que o mundo não podia ser como Rileytown?

"Ah já sei" ,pensou a garota , "porque ninguém gosta de um mundinho estúpido, cheios de gatos roxos ridículos e pessoas idiotas como eu"

Quando Maya estava subindo as escadas para a janela da amiga, viu ela encolhida na sua cadeira. Parecia um bichinho indefeso.
Maya só conseguiu suspirar antes de começar a falar.

-Riley, precisamos conversar

-Eu não gosto quando a gente briga

Maya olhou séria para a amiga.

-Nós vamos ser amigas para o resto de nossas vidas. E vamos ter muito mais brigas ainda.

-E como vamos resolver isso?

-Nós vamos sempre dar um jeito. E se precisar vamos jogar bolas de sorvete uma na outra. Mas nós sempre vamos dar um jeito, porque isso é o que amigas fazem.

-Então nosso conflito acabou?

Riley mal acabou a pergunta e Maya a interrompeu

-Não. Agora temos outro. Por que...Como você não me conta que tem alguém fazendo bullying com você na internet?

Ah, chegaram naquele assunto. O elefante que estava naquele quarto. Riley sentiu as lágrimas voltarem, as mensagens que recebeu virem num turbilhão na sua cabeça.

- Eu...estou humilhada . Não queria que você me visse humilhada

-Você achou que ia passar? - A loira olhou pra sua amiga com tanta preocupação e carinho que não cabia nela

Riley concordou com a cabeça e elas se abraçaram.

- Você é uma péssima bully Peaches

Maya só teve que rir

-Maya, eu te chamei de bully e joguei sorvete em você. Me desculpa

-Tudo bem

Elas respiraram um pouco, sorrindo.

-Aquele sorvete que eu dei na sua cara vai ter volta né?- Riley perguntou já esperando a doce vingança que ela receberia

- Claro que vai!

- Você pode me contar quando isso vai acontecer? - Riley deu um sorriso leve

-Nem pensar amor, vai estragar a minha graça

-Eu descontei tudo em você, me desculpa

-Tudo bem. Fico feliz que você se sentiu confortável em descontar em alguém, e esse alguém foi eu.

-Eu nunca mais vou fazer isso

-Tudo bem Riles, eu aguento...e me desculpa por não ter entendido o que você queria me falar antes. Rileytown...

Maya não conseguiu terminar o que ia dizer, porque "Rileytown" foi o gatilho para Riley se levantar e lembrar de todo bullying que vinha sofrendo, todos os xingamentos e ameaças que lia e não conseguia parar de ler. Se lembrou de todas as noites que chorou sozinha no seu quarto, baixinho pra ninguém ouvir. Se lembrou das outras pessoas que apoiavam o bully. Se lembrou de olhar para as pessoas ao seu redor e pensar como ela era um peso em suas vidas.

Maya foi abraçar a amiga, as duas chorando. Quando se afastaram, Riley disse, secando as lágrimas:

-Eu já to bem

- Mas eu não-falou Maya, visivelmente incomodada

- Como eu resolvo isso Maya?

- Não sozinha.

E elas se abraçaram mais uma vez. Maya só pensando em como Lucas iria reagir a isso tudo.
———
Como ela esperava, Lucas reagiu bem...furiosamente.A vontade dele era partir para a agressividade mesmo.
Se ele já tinha se incomodado com aqueles que fizeram bullying com Farkle, agora Lucas estava louco. Estava realmente movido pela força do ódio.
Claro que não foi ele que resolveu o problema, porque não ia adiantar muito.
Todos juntos, foram falar com Sr. Mathews sobre. E juntos eles souberam que a conversa sempre é a melhor solução.
Riley talvez ainda não acreditasse muito nisso, mas quem estava sofrendo era o bully, que descontava sua raiva nos outros, não gostava de si mesmo, e que tem inveja porque as pessoas são mais felizes que ele e tem a coragem de ser quem são. Ser quem é nunca vai ser um problema. E Riley estava aprendendo isso agora.

————-
Semanas depois, Maya estava sentada no seu quarto, de frente para seu espelho vermelho tirando tinta no seu rosto com demaquilante. Ela ria sozinha lembrando daquele dia, quanto problema ela tinha causado, muito mais que se pintar. Só podia ser ela mesmo pra fazer tanto estrago.

Naquela manhã Sr. Mathews saiu um pouco da sala e nem Maya lembrava mais o motivo. Mas ela aproveitou para mexer um pouco daquele dia parado.

Já foi abrindo a gaveta do professor para ver o que tinha dos objetos confiscados dos alunos.

-De quem é esse frisbee?

Dave, um garoto no fundo, levantou a mão. Quando Maya jogou, acertou em Farkle. Ela nem ligou muito quando ele caiu da cadeira por conta disso.

-Maya, o professor vai voltar e te ver E te colocar na detenção. Eu não posso deixar nada de errado acontecer com você- disse Riley

-Você quer estragar minha hora da Maya? Vê se você não acha isso divertido

Pegou uma arma de plástico de lançar bolas e jogou em todo mundo. Todos riram menos Riley e Lucas. E Farkle que estava no chão e um galo na cabeça.

Riley olhava a cena aos nervos esperando seu pai, quer dizer, o professor voltar.

-Vem aqui Riley- pediu a loira
-Eu que não quero ir aí
-Você vai vir sim, PODER DO ANEL- gritou Maya mostrando seu anel da amizade

Riley foi obrigada a se levantar. E novamente pelo seu poder foi obrigada a brincar com a arma de bolas.

Nunca ia admitir, mas foi divertido. Descarregou seu nervosismo em Farkle, atirando todas as bolas nele.

A sala estava uma bagunça, objetos voando por todos os lados . E finalmente a temida hora chegou: Sr. Mathews chegou

-O que é isso? Não tem regras aqui?! É assim que vocês usam a liberdade que eu dou a vocês?

Todos ficaram em silêncio.

Hope is for SuckersOnde histórias criam vida. Descubra agora