Capítulo XI - Aposte alto para ganhar alto

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Savannah Wolff

Se eu estivesse prestes a morrer agora, imploraria para dormir primeiro.

Foi uma segunda-feira pra lá de cansativa. Que começou com uma reunião com August Wang (co-organizador da Festa Anual), e seguiu com mais um milhão de outras, dentre elas a reunião geral, onde eventualmente acabei discutindo com um certo diretor de negócios.

Bem, mas era até de se esperar. Ele um fósforo aceso e eu um barril de gasolina.

Não sei se posso segurar muito mais tempo. A raiva se confunde com desejo, e cada dia menos eu entendo este sentimento que queima meu peito. 

Mais cedo ou mais tarde, acontecerá uma explosão. Não queira estar por perto.

Não nos esbarramos pelo resto da manhã e tarde porque estive ocupada entre reuniões na sede da Rinaldo Fitzpatrick e o Ballroom do Royal Palace Hotel, local onde a festa Anual acontecerá daqui a um dia.

Esse evento me coloca ainda mais no páreo da corrida ao cargo de diretora criativa da RFP, já que acentua minha imagem de liderança proativa. A ideia de assumir essa função está me fazendo trabalhar em sua organização com mais afinco do que em todos os outros anos.

Supervisionei a chegada dos itens de decoração (no melhor estilo Art Déco), assisti ao ensaio final da orquestra de Jazz, escolhi os vasos em que os arranjos de flores serão colocados, lidei com mudanças de último minuto na ordem dos assentos e também fiz a minha última prova de vestido, para os ajustes finais.

Como peça principal no comitê de organização do baile eu me doei por completa na organização do evento. A gala é presidida por mim e co-presidida por August Wang, L. J. Fitzpatrick, Meryl Streep, Viola Davis e Alessandro Michele.

Estamos para fazer alguns milhões em prol da educação. Graças a CEOs, poderosos do Sillicon Valley, modelos, atores e filantropos. A nata de Nova York em geral. Nossos benfeitores.

Como se não bastasse toda a ação do dia, estou parada no Greenwich Village, na porta de Mackenzie Patterson. Kenzie abarrotou a minha caixa de mensagens, dizendo que precisava me ver urgentemente.

— Hum, até que você não está tão acabada assim. — Kenzie me inspeciona de cima a baixo ao abrir a porta.

— Obrigada pela parte que me toca. Passei em casa para tomar banho, e me trocar. Teria apagado no chuveiro se não tivesse dopada de Aderall. Organizar uma festa extravagante dá trabalho.

— Anfetamina, Savannah? Sério?

— Não. Não começa. Não quando você costumava ter cocaína de café da manhã.

Sim, eu estou cansada. Mas nunca cansada o suficiente para uma piadinha.

Diga não às drogas.

— Eu nunca... — Mack balança a cabeça. — Entra.

Chegando até a sala, encontramos Alexis sentada no sofá folheando uma revista.

— Tudo valerá a pena quando o champanhe estiver estourando. — Ela afirma. E eu assino em baixo.

— Vocês acreditam que queriam mandar flores laranja ao invés de cor de pêssego para os centros de mesa? — Sequer deixo que Alexis ou Mackenzie respondam. Ainda estou acelerada pelo dia agitado. — Ora, esqueçam. Não vem ao caso. Vamos, Mackenzie. Diga-me porque me chamou. Tenho no máximo trinta minutos até que deixe de estar elegantemente atrasada para o jantar de Shannon.

Sim, minha irmã caçula está organizando um jantar de boas-vindas á mãe e o pai do noivo que estarão na cidade, justamente para a Festa Anual e estará requisitando minha presença.

Crossed Lines: sem limitesOnde histórias criam vida. Descubra agora