Capítulo XX - Um é pouco, dois é bom, três é demais e quatro nem se fala

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*Recado da autora: depois de ver a imagem do início desse capítulo nem sei como ainda estou viva

Savannah Wolff

Eu sou uma pecadora. Que provavelmente vai pecar novamente.

O fim de semana está sendo intenso – e com Blake ao meu lado é só nisso que eu penso: em pecar.

Novamente parafraseando Bitch, Don't Kill My Vibe, do Kendrick Lamar, eu consigo sentir sua energia a dois planetas de distância. E nesse exato momento ele irradia fúria.

Sei disso porque o conheço suficientemente para saber quando está se segurando para não explodir.

Estou olhando para os olhos cor de mel que, no passado, costumavam me derreter. Charles Valenzuela também foi meu primeiro amor.

Os anos só lhe fizeram bem. Sua pele negra antes lisa como a bunda de um bebê agora é preenchida por uma barba bem-feita.

Os dentes estão tão brancos que poderiam me cegar, e a voz rouca amadureceu com louvor.

Depois de tanto tempo, ele está parado a minha frente, dizendo que em trinta e três anos de vida, eu fui a mulher que ele mais amou. O que não é fácil de se ouvir, embora compreensível.

Eu sou o tipo de pessoa que deixa uma impressão. Boa ou ruim, é só o adendo.

— A mulher que mais amou em trinta e três anos de vida? Uau, estou lisonjeada. Há que se ter um prêmio para isso. Honra ao mérito ou algo do tipo... Porém, Charles, não sei se você viu, mas eu estou acompanhada. Muito bem acompanhada. — Antes que Charles possa abrir a boca para me responder, o moreno o joga para escanteio.

— Trinta e três anos de vida é uma porrada de tempo, Valenzuela. Eu que o diga, encontrei Savannah muito tarde — Blake me envolve novamente por trás. O quão territorial. — Mas de hoje em diante, sem mais tempo perdido com a minha mulher.

Minha mulher? É nessas horas em que se perde a compostura.

O moreno procura meus lábios, e quando os alcança cola minha boca na sua e rouba todo o fôlego dos meus pulmões. Como fez quando se "declarou" para mim ontem no jantar de ensaio.

Tive que soltar minhas ironias. Que são a única defesa que conheço.

Como ele pôde mentir olhando no fundo dos meus olhos? A não ser que não tenha mentido. A não ser que realmente me queira para ele como o quero para mim.

Meu subconsciente é um espaço seguro. Aqui está liberado ser piegas. Mas vai ser um pouquinho mais difícil me fazer dizer isso em voz alta.

— Sua mulher, é? — Provoco-o, sedenta para ouvir essas palavras pularem de sua boca novamente.

— Sim, minha mulher. — Ele repete, inflando o peito e sorrindo com os olhos em chamas.

— Então além de um homem de sorte, também tem bom gosto, o que é essencial. — A resposta para meu comentário acurado é um beijo no pescoço vindo dos lábios quentes de Blake, o homem de bom gosto e sorte.

— Charles a sua ex esposa — Claire frisa bem o termo. — Precisa de você. Quer mesmo que a McCullin venha aqui?

— Céus, não — Ele parece aturdido pela possibilidade de a tal ex mulher aparecer por aqui.

Bem que pensei ter visto Samantha McCullin em algum lugar. Ouvi por aí que os dois estavam namorando, não sabia que tinham se separado. Nem que tinham se casado, se é pra ser bem sincera.

Crossed Lines: sem limitesOnde histórias criam vida. Descubra agora