Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020
O inverno já sutilmente dava sinais que estava perdendo forças, não estava mais nevando, mas o frio da estação estava presente. Um frio que fazia querer demorar mais cinco minutinhos debaixo dos cobertores, mas nada mais que isso.
Isto era um problema pro nosso herói que preferia o calor escaldante da Califórnia do que vinte e dois graus porta a fora, mas sabia que sua mente iria ficar se arrependendo de não ter ido para a universidade. Principalmente pela quantidade exorbitante de trabalhos, palestras e conteúdos preciosos que o Hong poderia perder e acabar tendo que copiar de alguém que possuía uma qualidade de anotações questionável.
Era uma jornada grande até o lugar só se iniciaria com o primeiro passo e o mesmo só foi dado quando o alarme tocou indicando que era o tempo limite de acordar se caso ainda queria chegar na hora. Não tinha para onde fugir, logo rumou ao banheiro de onde só saiu apropriadamente vestido, maquiado e limpo. Dispensou a refeição da manhã por estar sem vontade alguma de comer algo e secretamente por querer manter o peso, mas era algo feito bem raramente.
O trajeto de casa até a faculdade foi regado a músicas que tocava em seu fone de ouvido enquanto andava pelas ruas semi escorregadias de seu bairro até a universidade, conforme andava ele via fachadas de lojas enfeitadas de rosa, as flores de cerejeira prestes a desprenderem das arvores, o dia dos namorados estava próximo e mal fazia ideia do que fazer, havia para si duas alternativas:
A primeira era fingir que era um dia comum e dar uma desculpa esfarrapada aos seus amigos no dia seguinte dizendo que tinha esquecido da data, mas havia o risco de ser descoberto já que nunca passava o dia em branco para si. Não era como se tivesse namorado, mas presenteava seus amigos mais próximos com um chocolate para a data desde o fundamental.
A última alternativa era comemorar mesmo a data, mas a mesma não era convidativa para si desde que começou a universidade e trabalhar, havia trocado seus amigos por madrugadas de estudo e consequentemente perdido o contato com seus amigos.
Todos.
Exceto um.
Não era surpresa, de todos os seus antigos amigos de colégio só mantinha contato com um individuo cuja a aparência se assemelhava à de um camelo. Seungcheol tinha sido seu amigo e o lado teimoso do mesmo havia contribuído para que a parceria dos dois se mantivesse sólida por exatos treze anos de vida.
O moreno era dono de um humor que se alternava entre um tiozão ou um crianção. Seu carisma atraia o interesse de muita gente a sua volta, mas o Choi não se deixava levar pela popularidade que carregava. Sempre tirava um tempo para conversar com o Hong, mesmo nas temidas semanas de provas. O coreano cursava engenharia e fazia parte do time de basquete e se alguém olhasse de longe a dupla caminhando parecia o famoso clichê de nerd e popular.
— Pronto para me dar o chocolate ou preciso esperar o dia 14? — o Choi já esperava Jisoo na entrada da faculdade sem esconder sua animação pela tradição do Hong que já não se assustava mais com o mais alto.
— Bom dia para você também Seung, dormiu bem? Está bonito hoje. — retrucou Joshua o que contribuía para aumentar o ego do leonino, que sorria confiante e andava faculdade adentro com o americano.
— Dormi né? Hoje é um dia importante. — após dizer isso o Hong franziu as sobrancelhas, mas o casaco que Seungcheol vestia entregava, era dia de jogo de basquete entre as universidades. — Você vai né? Sabe que raramente peço isso, mas é super importante esse jogo.
Joshua assentiu sorrindo sem exibir seus dentes e voltou seu olhar ao chão, onde estava sempre, sentiu duas batidinhas nas costas e uma brisa de onde estava seu amigo. O que o fez suspirar. Seungcheol já tinha ido embora para seu prédio e era sua hora de deixar seus pensamentos. Os "encontros" eram curtos assim parecia para Hong uma forma do Choi dizer: "Ei, podemos estar distantes, mas eu não te esqueci ainda somos amigos.". Isto deixava Jisoo quentinho como um cobertor num dia frio.
O decorrer das aulas fora calma para Joshua se pegava de vez em quando pensando em seu amigo camelídio nos intervalos das aulas e não tinha medo de o fazer porque era rotina desde que começou a faculdade, era apenas uma preocupação, não era? A distância do mesmo o resto do dia deixava o americano a ver nuvens imaginando se era verdadeiro a vontade do mais velho de o ver todos os dias letivos, mas sentia que isso era egoísta demais e afastava esses pensamentos de si, por mais que houvesse uma pequena fagulha de esperança na sua alma.
As aulas voaram e Joshua só martelava em sua cabeça: "O jogo, Joshua. O jogo."
Isto o manteve sem vontade nenhuma de almoçar também. Trocou a refeição completa por uma barrinha de cereal e foi comer dando a volta pelas dependências até a quadra poliesportiva. Ao chegar notou que não havia lugares na frente para que fosse visto por Seungcheol, levando-o a concluir que o jogo era de fato importante e não havia ficado sabendo.
Joshua subiu as escadas da arquibancada até um dos lugares mais altos, e pode ter assim uma visão privilegiada de um Seungcheol comandando o time de basquete pela quadra, correndo, pulando, volta e meia arrumando o cabelo em topete o tornando mais atraente do que já era aos olhos do Hong.
É... Não era novidade que o Joshua tinha um penhasco pelo Choi, mas reprimia, negava e até escondia o pobre sentimento puro que sentia. Para o Hong não era necessitado ser o centro das atenções do camelo, mas se o mesmo ficasse ao seu lado por mais alguns segundos, se tornaria o garoto mais feliz do mundo.
Ah, se seria.
Joshua só não estava pronto para a vitória do time de sua universidade, o time comemorando no meio da quadra e do monte de jogadores sai um Seungcheol alegre que pulou a arquibancada e para surpresa do Hong, beijou um garoto na frente da arquibancada levando o grito da arquibancada toda menos do americano que estava assustado com a situação e apenas foi apressado para casa.
Naquele dia Joshua não compareceu ao trabalho.
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O Jardim de Cactos Floridos
FanfictionA primavera é uma estação conhecida por ser responsável pelo renascimento da flora e também por ser a estação que o amor desbrochou sobre o americano junto ao seu jardim interno.