*Alexia:
Meses depois :
A brisa gélida bate em meu rosto enquanto contemplo a imensidão de estrelas à minha frente. Meses se passaram desde que partir, a saudade de casa está cada vez maior. A saudade do meu príncipe nem se fala.
Ele nunca veio me visitar. Sempre ocupado demais com as coisas do morro e nosso filho. As vezes prefiro que seja assim, que fiquemos mesmo longe um do outro, não quero atrapalhar ele, e também não quero que ele me atrapalhe, sirva de distração, não posso desviar meu foco.
Foram seis meses de muito empenho, estou começando o segundo período e tenho certeza que nasci para ser médica. Débora também, nem parece que é a mesma que ia para todos os bailes funk, aos poucos as meninas vão desaparecendo e surgindo uma médica e uma futura Juíza.
Assim como eu, Débora se afastou de Tito, mesmo ele vindo todo mês ver ela, eles não são os mesmos.
"As coisas esfriaram" , ela sempre me diz isso.
A distância é uma baita barreira, é capaz de esfriar os mais quentes amores, e depois? Mesmo A saudade batendo você não sente mais o frio na barriga, ou a vontade incontrolável de tê-lo por perto... A distância mata o sentimento e não tem essa de "se for verdadeiro durará eternamente" .
—Vem jantar Lexa! –Debi grita da cozinha.
—Não estou com fome.–Respondo e alguns segundos depois ela aparece atrás de mim.
—UUuuhh está frio aqui.–Fala se encolhendo. —Você vai acabar pegando um resfriado, entra logo. –Diz já fungando.
—Achava que a médica era eu.
—Eu sou um pouco de tudo!–Da de ombros e se senta ao meu lado. —Você sente falta dele não é?
Assinto e dou um sorriso triste.
—Quando fazemos uma escolha, temos que aguentar as consequências, elas sendo boas ou ruins, mesmo a saudade me matando aos poucos... Eu escolhi isso, escolhi correr atrás do meu sonho ao invés de cuidar da minha família, cheguei até aqui então continuarei, e eu não vou me arrepender! –Término já quase chorando.
—Não gosto de ver você assim. –Me olha sorrindo. —Vamos ao Cinema! –Bate palmas animada igual uma criança.
—Não sei...
—Anda vamos Lexa! Desde que chegamos aqui não nos divertimos ainda... além de que, eu vi um anúncio falando que hoje é a noite dos clássicos do Oscar, vamos assistir algum!
—Ok, ok! Você me convenceu...–Digo me levantando. —Vamos lá então.
***
Me arrumo rapidamente, visto uma calça detonada, um moletom e um tênis. Passo uma maquiagem leve e pego minha bolsa. Meu celular que está em cima da cama toca e eu corro pra atender.
Sorrio ao ver o nome, atendo a chamada de vídeo com um sorriso de orelha a orelha.
—Oi meu amor! Fala com a mamãe Gabe. –Me derreto ao ver meu filhote tão lindo. Ele cresceu tanto.
—Oi mamãe!– Diz com uma mãozinha na boca.
—Oi meus amores! –Digo com os olhos cheios de lágrimas, tem sido assim todas as ligações.
—Vai sair princesa?
—Eu e a Debi vamos ao cinema. –Daniel sorri.
—Como pode você ter ficado mais linda ainda?
—Bobo...–Digo envergonhada.
—Hey! Já ia me esquecendo.
—O que?
—Vamos visitar você! Eu consegui um tempinho, fiz um acordo com o Tito e ele ficará no meu lugar. São apenas três dias, mas da pra matar um pouquinho da saudade que eu estou da minha mulher. – Estremeci com a menção.
—Quando você vem? –Pergunto empolgada.
—Amanhã de manhã chegamos, Vamos de jatinho, né Gabe?– Meu filho imita o barulho de um avião. Eu dou risada.
—Vamos Alexia! Vamos perder a sessão! —Débora grita.
—Vou ter que desligar meu amor, nos vemos amanhã... Eu amo vocês!
—Também amamos você, princesa!
***
Entramos no cinema fizemos nossos pedidos e compramos nossos ingressos. Vamos assistir Bohemian Rhapsody.
O filme é emocionante, arrepiei em cada cena que Fred Canta... É impossível não amar.
—Amiga... –Sussurro.
—Oi?
—Eu tô apertada, preciso ir ao banheiro, vem comigo?
—Ahhhh não Alexia. vai sozinha!
—Aff !
Levanto com cuidado para não cair por conta do escuro. Quando finalmente consigo sair da sala, corro em direção ao banheiro. Passo por um cara estranho que saia do banheiro masculino, apenas ignoro ele e entro na parte feminina.
Faço minhas necessidades, retoco o batom e então saio do banheiro. Guardo as coisas na bolsa e então sinto um puxão no meu braço e logo em seguida uma mão na minha boca.
—Te peguei gostosa!
Me debato nos braços do homem mais ele é mais forte que eu, tento gritar mais sua mão tampa minha boca. Ele me arrasta para o banheiro masculino.
Ele empurra uma das portas com o pé, mais parece estar trancada, então ele vai para outra, essa estava aberta. Ele me empurra em direção ao vaso, quando abro minha boca para gritar ele me mostra uma arma.
—Se você gritar, você morre! –Ele começa a alisar meu rosto, enquanto lágrimas quentes molham ele todo.
—Por favor não faça nada comigo moço, leva tudo que quiser mais não me machuca pelo o amor de Deus! –Falo sufocada pelo choro.
Mais para a minha surpresa o homem é jogado para trás com força em seguida um grande estrondo. Me levanto com as pernas fracas e olho pela porta, um homem de boa aparência troca socos com o que queria me fazer mal. Abafo um grito quando o cara que está me ajudando bate com as costas no lavabo, quando me dou conta, o homem que queria me estava tentando me estuprar está desmaiado sangrando no chão enquanto outro o meu Salvador tem um pedaço de um vaso de flores que fazia a decoração do banheiro na mão quebrado. Quando me deparo estou sentada no chão soluçando igual uma criança enquanto a polícia leva o homem algemado.
—Está tudo bem agora. –O homem que me defendeu diz sorrindo para mim, seu rosto está ensanguentado. —Deixe-me ajudá-la. –Me estende a mão me ajudando a levantar. Envolve seu braço em meus ombros, e eu me encolho. Débora logo aparece, ela pergunta como tudo aconteceu ao homem, que a explica com toda paciência do mundo.
—Vamos Alexia. –Sussurra.
—Fique bem. –O homem fala. —Ah já ia esquecendo!–Bate na própria testa. —Meu nome é Eduardo, trabalho aqui no cinema. Espero que você fique bem, tenham uma boa noite.
E sai da mesma forma que apareceu, sorrateiramente.
***
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O Príncipe Do Tráfico
Teen Fiction-O alemão é meu! E ninguém vai ser capaz de tira-lo de mim! +18 escrito por uma -18, contraditório não? Capa: @atelieCGS