De uma forma tão simples e contraditória minha vida se transformou em um turbilhão de ser ou não ser, de fazer ou não fazer, de ficar ou morrer.
Me vi nessa encruzilhada exatamente no momento mais tênue, no ápice da decaída, quando meu limite me mostrava até onde eu iria aguentar, transformando minha vida em uma oceano que me puxava cada vez mais para o fundo, transformando o ar em pura pressão às minhas costas.
O suor frio era despercebido pelas outras pessoas, ninguém parecia perceber o furacão que me enchia cada vez mais de puro desespero, tornando-me em uma simples casca, monstrando a fraca que sempre penei para que ninguém percebesse.
Em volta de mim o mundo girava, alheio aos devaneios da minha alma, sem que ninguém pudesse impedir a decisão tomada. Todavia, estação de metrô já estava relativamente vazia e o barulho agoniante da maquinaria do automóvel já havia se dissipado, anunciando a minha covardia em não ter a coragem de acabar com a angústia sem precedentes que impedia o ar de passar.
Com os pensamentos na lista de fracassos da minha vida, meus olhos foram banhados por piscinas de lágrimas, transbordantes pelas extremidades dos olhos que já não brilhavam mais. Com cautela voltei para o banco, escondendo o rosto entre as mãos.
E, por um momento senti que a angústia já não existia.
O mundo parecia ter parado mais uma vez, entretanto, dessa vez, era por causa das notas melodiosas de um piano que invadiram os meus sentidos, quase afagando o coração apertado, afrouxando o laço do desespero.
Seria o prelúdio da chegada de um anjo?
Recordava-me de já ter ouvido tais notas nessa mesma estação, enquanto me perdia em trivialidades supérfluas demais para me deixarem prestar atenção na arte sonora que se espalhava por cada canto do ambiente, podendo assemelhar-se , agora, à um resgate do fundo do mar cheia de um alívio grato.
Hesitante, tirei as mãos do rosto, secando as lágrimas tão indesejadas, levantando-me para saber de onde vinha o som que instigou meu alívio súbito ao ouvir.
Ainda invisível para as pessoas, andei entre elas com os olhos curiosos, à procura do possível piano que poderia estar ali; não tardando em achá-lo imponente em um canto afastado de mim na estação metroviária.
Meus motivos de encantamento foram dois: o piano de mogno polido e majestoso - embora um pouco diminuto - , tão bem cuidado que minhas mãos desejavam sentir sua madeira entre os dedos; e então, seu dono; um homem que tinha a pele tão branca quanto a lua, e um sorriso de uma inocência quase pueril entre os lábios finos, enquanto um soneto desconhecido era tocado com tanto sentimento, que até mesmo eu, uma leiga no assunto das artes musicais, conseguia sentir.
Foi inevitável meu estado de estesia.
Era quase como se aquelas mãos de dedos longos estivessem, enquanto tocavam com intensidade as teclas, puxando todo o mal que havia se instalado em mim para longe.
Como uma respiração necessária depois de anos submersa por causa dos meus problemas.
Seus trejeitos eram tão delicados e ao mesmo tempo tão precisos, que me perguntei mais uma vez se ele seria um anjo real.
Quem haveria de ter tanta misericórdia de minha'lma para mandar um ser tão único como ele parecia ser?
Quando percebi, algumas pessoas o rodeavam, assim como eu, extasiados com tanta beleza.
Não tive a coragem de me aproximar; não tive coragem de perguntar seu nome ou ao menos dar-me a chance de ouvir sua voz, pois sua arte foi o suficiente para salvar essa alma que achava estar perto do fim.
A própria melodia que se findava me lembrou a luta do que é existir: intensa, delicada e difícil.
Não precisei de mais nada, além do primeiro (e último) olhar recebido do "estranho" pianista; tão intenso, fugaz e, paradoxalmente, eterno para um pequeno sorriso aparecer em meu rosto.
Ele sorriu pra mim e me marcou com o seu olhar profundo e afiado.
Não precisei de mais nada. Eu sabia que desistir não seria mais uma opção, porque consegui ler, nas entrelinhas dos seus olhos brilhantes, a vivacidade do que era viver sem medo, com receio, sim, mas sem deixar o medo e as inseguranças vencerem.
Deixei-o ali, virando-me de costas, indo para as escadas de saída, anotando uma frase que me lembraria eternamente desse momento; lembrando-me dele nos momentos de colapsos, pois mesmo sem o conhecer, o amei por sua inefável arte que me salvou.
"Seus olhos fixaram-se no meu intrínseco profundamente, tatuando minha alma com o olhar de um sonhador e o sorriso de uma criança. Assim como a lua, agora ele resplandece em mim, meu pianista lunar. "
🎹
[N.A]: Acho que vocês já conseguiram perceber que tenho um apreço por Min Yoongi e seu piano♡
Sei que, mais uma vez, está completamente confuso esse conto, mas, não quis que o aniversário do Min passase em branco - e logo mais conseguirei terminar os contos sobre ele que eu tinha em mente de postar desde 2018, ou seja, esse será arrumado e depois fará parte desse futuro livro. Espero que tenham gostado✨
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Moon Pianist; MYG
Fanfiction"Assim como a lua, agora ele resplandece em mim, meu pianista lunar. " Especial de Aniversário 2020 | Min Suga's Day | Conto | March; 2020 Para o principal astro do meu céu, o porto seguro nos dias de turbulências...♡ •ATENÇÃO• Se você estiver lendo...