Capítulo Único

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I feel that ice is slowly melting. Little darling, It seems like years since it's been clear.

      Here comes the sun.

The Beatles, Here comes the sun

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O cascalho faz um farfalhar engraçado enquanto eu caminho. Minha mochila azul sacode lentamente e eu derrubo o roteiro que trago nas mãos. 

 Me abaixo para pegar o roteiro caído e ergo os olhos observando os pontinhos brilhantes que decoram o céu.

— Você vai ficar aí parado? — Ouço uma voz dizer.

 Eu desvio os olhos do céu e olho em direção a voz que me espera na entrada de um chalé pequeno e amadeirado. Lembra muito uma das casas que meus avós tem no interior de Chiang Mai.

— Estou indo. — Eu respondo.

 Observo quando ele entra, e eu dou alguns pulinhos até chegar à porta. 

 É mais uma noite quente de verão, e aos poucos começo a sentir lugares coçar em meu corpo que já está sendo picado por pernilongos.

— Pode ir tomar banho primeiro, vou preparar alguma coisa pra gente comer.

— Não estou com fome. — Eu digo, tirando minha mochila das costas e abraçando na frente do meu corpo.

 Ele volta seu olhar pra mim e eu desvio os olhos, mirando o piso de madeira marrom claro.

Isso é muito esquisito.

— Foi um longo dia, é o esperado você comer alguma coisa. 

 Não respondo, ao invés disso ando sem rumo pela pequena casa/chalé até encontrar o banheiro.

 Me enfio lá dentro e me encosto na porta, ainda com a mochila agarrada ao corpo.

 O banheiro é pequeno, simples mas muito bonito. Essa casa talvez seja de algum staff, ou de alguém da produção mas a pessoa pensou em cada detalhe quando estava construindo o lugar.

Tiro minha roupa e entro embaixo do chuveiro. Penso em não lavar o cabelo, mas acabo o lavando mesmo assim pra ver se espanta um pouco do calor. O banho é morno, e por isso não aguento ficar muito tempo ali embaixo e logo saio enrolado em uma das toalhas que estava pendurada em um dos ganchinhos. 

 Faço desenhos aleatórios no espelho embaçado e o limpo, encarando meu reflexo.

— Não seja esquisito, só faça o que veio fazer. O seu trabalho. Gulf, você é um ator agora. — Não consigo evitar rir. — Eu realmente sou um ator agora, puta merda.

 Me assusto ao ouvir uma batida na porta e enrosco meus pés em minhas roupas sujas que estão no chão, me desequilibrando e deixando minha toalha cair. Sou amparado de cair estatelado no chão e… pelado, pelo jeito rápido em que me apoio no pequeno armário do banheiro.

— N'Gulf, está tudo bem?

 Preciso retomar o fôlego por alguns segundos antes de conseguir responder.

The Edge Of The Script • MewGulfOnde histórias criam vida. Descubra agora