As Pétalas

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As aulas haviam se encerado. Todos foram para a saída, mas pararam ao ver una cena comovente. Um certo esverdeado do primeiro ano estava pedindo sua colega em namoro. Todos estavam assitindo, inclusive os professores. Era um momento mágico e feliz, menos para um certo bicolor.

A muito tempo este vinha nutrido sentimentos pelo esverdeado. Claro, nunca disse nada. No fundo sempre soube que Izuku era hétero. Se sentia sujo por pensar em seu melhor -e único- amigo desta forma. Na sua cabeça, se contasse todos o veriam como uma abominação. E assim Shouto perderia tudo.

Mas naquele momento, sentiu como se seu mundo estivesse desmoronando. Mas o pior não foi a dor emocional. Sentiu uma dor fortíssima no peito, seguida de um enjoo enorme. Correu para o banheiro com uma mão em volta de seu estômago e uma cobrindo sua boca.

Como todos estavam na rua, tudo estava vazio. O bicolor entrou em uma cabine aleatória e fechou a porta, se ajoelhado em frente ao vaso. Imediatamente começou a por tudo para fora. Mas não era vômito. Era sangue. Os olhos bicolores de Shouto se arregalaram e sua pele ficou ainda mais pálida. Mas o que o surpreendeu foi que no meio do sangue havia uma pétala de rosa. Esta aparentava ser -ou já ter sido- branca.

O pânico tomou a face do bicolor. Estava ensanguentado e nervoso. Deu descarga rapidamente e foi lavar as mãos. Com um pouco de esforço o sangue saiu. O problema era o seu uniforme. Retirou o casaco e escondeu na mochila, ficando apenas com a camiseta social branca e a típica gravata vermelha. Por sorte ambas não havia manchado.

Em passos rápidos Shouto saiu da escola. Foi andando até em casa enquanto pensava. O que era aquilo á final? O bicolor já sabia que o sentimento de Midoriya por Uraraka era recíproco, e que ambos iriam acabar juntos em algum momento. Óbvio que isso o afetaria, mas Todoroki sabia -ou pensava saber- seguir em frente. Agora, ficar mal emocionalmente é uma coisa, vomitar sangue é outra.

Logo pensou no treino que teve recentemente. Estava tentado usar gelo e fogo ao mesmo tempo. Queria que seu corpo se acostumasse aos dois extremos. Talvez fosse apenas o resultado da troca constante da sua temperatura corporal. Só isso e nada mais.

Mas ao mesmo tempo que esta explicação era plausível, também era fantasiosa demais. O resultado esperado dessa troca de temperatura era um choque térmico, coisa á qual o bicolor já estava mais do que acostumado à passar. Ele convive com elas desde sua infância, mesmo que elas continuem insuportáveis -e claro, perigosas.

Também estava preocupado com o estado de seu uniforme. Fuyumi o encheria de perguntas. O jeito era arrumar outro, mas precisaria de um bom motivo. Concluiu que um acidente com sua quirk seria a justificativa perfeita, já que aquele tecido não era resistente às suas chamas ou ao seu gelo.

Logo seus pensamentos chegaram a Izuku. Este perguntaria por si, visto que Shouto não compareceu ao pedido de namoro e nem à comemoração que seus colegas com certeza devem ter feito. "Desculpas e mais desculpas." Pensou "Terei que mentir para todo mundo."

Ao chegar em casa, notou um silêncio incomum. Aproveitou aquele momento para correr até seu quarto. Pegou seu computador e começou à pesquisar. "Não posso ser só eu."

Após muita pesquisa, o bicolor encontrou uma matéria denominada de "Hanahaki".

"Hanahaki é uma doença que se originou no Japão. Pouco sabe-se sobre ela. Ao todo foram registrados apenas dez casos em todo o mundo (19/11/19).

Esta doença se origina à partir de um amor incorrespondido. Ela não é infecciosa, ou seja, não se pode transmitir Hanahaki para outras pessoas. No entanto, ela é mortal.

Ao todo há três estágios cinhecidos. No primeiro estado a vítima começa vomitando sangue, junto de algumas pétalas de flor. Estas pétalas são da flor favorita de seu/sua amado/a. No segundo estágio, a vítima começa à vomitar flores inteiras. No último, ela já está vomitando buquês inteiros. Após isso, a pessoa morre.

No entanto, há uma cura. Se a vítima quiser passar por uma cirurgia para retirar as flores que se alojaram em seu interior ela pode, mas este ato resulta na perda de todas as suas lembranças á cerca da pessoa que ama e até mesmo a perda de alguns -ou todos- sentimentos.

Caso o infectado rejeite a cirurgia, ele acabará  morto. O único jeito de evitar isso é tornar seu amor recíproco.

Atualmente os únicos hospitais capazes de lidar com o Hanahaki se encontrar em Tóquio, no Japão. No entanto, foram registrados casos na Coréia, na China, na Europa e no Brasil.

Mas o caso que mais chamou atenção foi o caso "João Guilherme da Silva", um brasileiro de 25 anos. João se curou do Hanahaki de uma maneira não convencional. Após ser diagnosticado com virose por um médico do SUS, a avó de João decidiu tratar do neto com uma receita caseira. O jovem afirma ter sido curado pelo chá de Boldo de sua avó. As propriedades do Boldo ainda estão sendo estudadas. Cientistas americanos afirmam com certeza: "É coisa de Brasil.""

Isso foi tudo que o bicolor encontrou na internet. De fato, a cirurgia estava fora de questão. O mesmo decidiu ir no mercado comprar boldo. Não sabia como, mas teria de dar um "jeitinho brasileiro", já que aparentemente no Brasil o boldo cura tudo.

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