waste it on me [ kth + jjk ]

único; desperdice-o em mim.

Fazia algumas horas desde que Taehyung e Jeongguk estavam deitados daquele jeito, pernas e braços enrolados uns no outro, sem pretensão de saírem tão cedo da confusão que criaram.

Taehyung estava com a cabeça apoiada no peito de Jeongguk, ouvindo os batimentos silenciosamente, enquanto Jeongguk mexia preguiçoso nos cabelos descoloridos do mais velho.

Ambos pareciam imersos o suficiente em seus próprios pensamentos para que o silêncio não fosse indesejado. Pelo contrário, eles gostavam. Se perguntassem, concordariam em dizer que, sem dúvidas, aquela era a melhor vantagem do relacionamento que possuíam. Eram melhores amigos e, ainda assim, transavam sem compromisso. Isso tudo fez com que construíssem uma intimidade invejável. Falavam de tudo, viajavam juntos, saíam para comer juntos, passavam tempo juntos. Gozavam juntos. Não havia nada melhor do que tinham.

Isso, é claro, era o que Jeongguk pensava.

Taehyung? Taehyung nunca demonstrou nenhuma oposição, mas a verdade é que Taehyung estava fodido.

E antes fosse no sentido literal da palavra.

Taehyung se apaixonou por Jeongguk depois da segunda ficada. Essa é a versão que Taehyung contaria para qualquer pessoa, afinal, depois de tanto mentir para si mesmo, acabou por acreditando. No máximo, depois da segunda ficada Taehyung percebeu estar apaixonado. Mas o sentimento estava lá há algum tempo. Só estava sendo ignorado mesmo.

E, bom, para Taehyung estava tudo bem. Até que o sexo veio. Ah, meu Deus, o sexo. Taehyung não teve sua primeira vez com Jeongguk, fugindo ao clichê de se apaixonar por quem tirou sua virgindade. Jeongguk chegou bem depois na vida sexual do mais velho, lá pelos seus 24 anos, quando achou que já tinha visto e experimentado muita coisa. Quando Taehyung perdeu a virgindade, foi com uma garota. E ele fez questão de contar todos os detalhes sórdidos a um Jeongguk assustado de 16 anos que não sabia muito da vida, mas que estava lá, os olhinhos grandes e brilhantes dando a devida atenção ao hyung frustrado. A garota foi excepcional, Taehyung não tinha do que reclamar. Mas o buraco era mais embaixo. Quando entendeu que procurava além do que ela podia oferecer, as coisas começaram a fazer sentido.

Voltando aos dias atuais, quando Taehyung se deu conta de que estava apaixonado pelo seu amigo-de-infância-barra-melhor-amigo-barra-amizade-colorida-oh-meu-deus, Taehyung percebeu que ninguém jamais o fodeu tão bem quanto Jeongguk. Ninguém nunca teve tanta conexão consigo quanto Jeongguk — e Taehyung esperava, bem lá no fundo do seu ser, que o reconhecimento dessa conexão fosse recíproco.

Acontece que, cada vez que Taehyung se dá por vencido e aceita de uma vez por todas que está apaixonado e que, obviamente, deveria tomar uma atitude a respeito, Jeongguk joga um balde de água fria na sua cabeça.

Naquela tarde não foi diferente.

— Amor é uma parada tão sem sentido, hyung. Um desperdício de tempo.

Taehyung queria socar o estômago do garoto. Se possível, de uma forma que ele não pudesse revidar. Entretanto, apenas murmurou:

— Huh? Por que acha isso?

— Porque... Nós dois temos tudo o que qualquer casal têm, exceto exclusividade e amor.

"Ah, fale por você, seu rato de academia desgraçado", Taehyung quis responder, mas apenas suspirou. Criticar o tempo que Jeongguk passava dentro de uma academia mantendo seus músculos em dia não estava nos planos de Taehyung. Quer dizer, não quando aproveitava tão bem deles.

— O que você acha?

Era um dos hábitos que Taehyung mais gostava em Jeongguk e, claro, um dos tantos que o fez se apaixonar: Jeongguk sempre perguntava o que Taehyung achava sobre algum assunto, não importa o que fosse. Por mínimo que aquele gesto parecia, fazia com que Taehyung se sentisse especial e valorizado.