Na cama, uma língua, que presumiu ser da sua mulher. Esta havia sumido do quarto, sendo que a janela do mesmo encontrava-se aberta. Indo até esta, olhou os fundos da casa, mas não viu absolutamente nada fora do normal.
Edson perde o chão, não acredita no que os olhos vêem, seria mais fácil acreditar que tudo não passara de um pesadelo, e que ao acordar, Julia estaria ao seu lado, como em todas as manhãs até aquele dia.
Exausto psicologicamente, apaga e cai no chão, mas não sem antes bater a cabeça, cortando o supercílio direito.Sentido um molhado quente escorrer pelo seu rosto, acorda ainda na madrugada posterior àquela noite, por volta das 3:00 da manhã. Havia muito sangue ao seu redor, mas isto não era nada, comparado a recordação que teve.
- O que poderá ter acontecido com você, meu bem? - Questionava a si mesmo, ao tempo que se levantava e observava a língua em sua cama. No entanto, devido ao sangue perdido, estava muito fraco e sentiu uma grande tontura. Só teve tempo de ligar para pedir uma ambulância, antes de desmaiar novamente, dessa vez por sobre a cama.
Ele acorda em um quarto do pronto socorro regional, por volta das 8:00 horas, e para sua surpresa, encontrava-se algemado. É bem verdade que ele havia pedido uma ambulância, mas não pôde explicar tudo que ocorrera, pois havia desmaiado assim que solicitou a mesma.
Toc toc
Batem à porta. Edson começa suar frio, e fica muito apavorado. Encontrando-se ainda muito fraco para gritar por socorro e estando algemado à cama, se encontra indefeso contra uma possível ameaça daquele sujeito.
- Já acordou, senhor? - Alguém pergunta do lado de fora.
Ele fica mais calmo, uma vez que pôde ouvir as palavras sendo proferidas.
- Acabei de acordar. - Responde.
Então entra no quarto um senhor de idade avançada, que se identifica como o delegado policial da cidade. E de maneira direta, indaga o paciente.
- O que houve na noite anterior, meu caro? Pode-me explicar o que uma língua humana fazia em cima de sua cama?
- Minha mulher...ajude-me a encontrá-la, e...ela foi raptada por um ma...maníaco. - Edson estava eufórico, temendo pelo pior, falava gaguejando, por conta do nervosismo.
- Raptada? Então o senhor não cometeu nenhum atentado contra ela?
- Não, eu jamais faria algo ruim a minha mulher, eu a amo! - Responde em um tom mais sério.
O investigador pareceu muito confiante nas palavras ditas pelo rapaz, então ordenou a um policial, que aguardava rente à porta, que retirasse as algemas do cidadão.
- Consegue caminhar? - Pergunta o ele à Edson.
- Sim, consigo. - Responde.
- Então venha, vamos conversar em meu gabinete a respeito deste caso.
- Encontre minha mulher, senhor. - Suplica, enquanto sai do quarto.
- Farei o que estiver ao meu alcance, cidadão. - Responde calmamente.
Então os dois entram no carro do policial e seguem em direção à delegacia.
Chegando a esta, seguem por um corredor, que termina na sala do investigador, que diz:
- Sente-se e fique à vontade, vou pedir para que os guardas tragam algo para se alimentar. Imagino que esteja com fome.
Por volta de 5 minutos depois, um policial vem em direção à Edson e lhe oferece um café com leite, além de umas biscoitinhos leves.
- Muito obrigado, sei que com fome não conseguirei ajudar a descobrir o que houve com minha mulher.
- Não mesmo. Agora se me der licença. - O policial se encaminha para outra sala, deixando a vítima só, à espera do investigador, que logo surge com uma caixa de arquivos na mão.
Do lado de fora da caixa, estava descrito a seguinte informação: CASO MATADOR SILENCIOSO - INVESTIGAÇÃO ARQUIVADA, 1977.
- É, meu rapaz, pelo visto vamos reabrir o caso. Conte-me tudo que ocorreu desde a noite passada.
Edson conta tudo detalhadamente, de modo que o delegado sequer precisa tirar alguma dúvida a respeito da história.
- O senhor já conhece o suspeito? Será que o encontraremos? O que pode ele ter feito com minha mulher, além da barbárie que foi arrancar sua língua fora?
- Entendo sua preocupação, mas este é um caso confidencial. Todos os passos à respeito dele, correm em segredo de justiça desde 1980.
- Há algo mais em que eu possa ajudar, então?
- Por hora é só isso, cidadão. No entanto, não poderá dormir em sua casa até que cheguemos a uma resolução do caso. Recomendo que hospede-se em algum hotel, e evite sair durante a noite.
- Entendido.
- E caso não consiga pagar sua estadia, poderá recorrer a assistência social, apresentando este documento que estou lhe entregando, e claro, outros pessoais, que comprovem sua renda, de modo que não pagará pelo tempo que estiver morando lá.
- Muito obrigado, mas eu consigo sim custear a moradia.
- Perfeito, cidadão. Então sendo assim, vou encaminhar uma viatura para levá-lo ao hotel de preferência. Não exite em ligar, caso se lembre de algum detalhe que não mencionou, ou vier a ocorrer-lhe algo. Passar bem.
- Farei isso. Obrigado, mais uma vez.
Depois de prestar seu depoimento, Edson foi levado para um hotel da cidade por um guarda. Às 11:00 já estava em seu quarto, que lhe serviria naquele momento difícil. Estava muito cansado, mal havia dormido à noite, mas não podia deixar de pensar em sua mulher.
Sabendo o nome do caso, descrito na caixa que o investigador carregara, tratou de buscar o máximo de informações a respeito desse, por meio de pesquisas feitas no computador que era disponibilizado naquele lugar. Era realmente difícil achar algo a respeito, uma vez que toda a investigação correra em segredo de justiça, mas ele conseguiu algumas poucas informações. Uma delas era terrível, infelizmente.
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Não Diga Um A
Misteri / ThrillerQuando um estranho bate à porta, certamente você fica um pouco receoso em atendê-lo, e com razão, afinal, não se deve confiar em pessoas nunca vistas. E se esse, além de desconhecido, for mudo e comunicar-se através de sinais irreconhecíveis? CUIDAD...