▪️LIVRO 1 - Duologia Acaso.▪️
〰️ Lobo em pele de cordeiro?
Rei é o dono da selva e Taila é dona de si.
Ele quis ser bom enquanto estivesse com ela, mas ele não sabe ser bom com ninguém.
7 anos depois Taila seguiu seu sonho, Delegada da policia Mil...
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🔷️REI
Rei – Atira caralho. – Grito pelo radio de comunicação do morro e volto a encostar meu olho na mira da metralhadora.
Aperto o gatilho pela milésima vez só hoje, e diversos tiros são disparados sem parar. Dois homens caem no chão da ladeira do morro, um beco estreito que agora tem dois corpos de policiais no chão.
Um barulho de estouro alto e perto é ouvido, a bazuca foi desparada, uma explosão e mais barulhos de tiros, muito mais.
Cocada – Estão recuando porra. – A voz do segundo homem de minha confiança é ouvida pelo radio e eu finalmente solto pelo nariz e boca o ar que não sabia estar prendendo.
Rei – Não para de atirar ate esses cu azul sumir da porra da minha casa. – Grito novamente pelo radio. Dou as costas para a rua e desço correndo da laje da boca princial. Soldados do alemão em cada laje começam a gritar e atirar pra cima quando fogos informando que ainda estamos no comendo são desparado, eu desço o morro a passos rápidos, mas com a metralhadora em mira o tempo inteiro.
Meu celular começa a tocar novamente, acho que é a décima vez que ele toca e eu o deixo vibrando no bolso traseiro da minha bermuda, sabendo exatamente de quem se trata.
Olho para todos os lados, sentindo meu corpo todo arrepiando com a adrenalina que ainda corre por minhas veias.
Fifa – Porra mano, que susto do caralho. – Ele fala com sua fuzil apontada pra mim e os olhos arregalados.
Rei – O morro ta limpo. – Digo abaixando minha metralhadora ao ver Cocada atirar pra cima do pé do morro e mais fogos são estourados no céu azul e limpos do Rio de Janeiro.
Fifa me estende a mão e fazemos um toque, nos abraçando logo depois.
Fifa – Mais uma pra conta. – Ele fala com um sorrido de canto de boca.
Rei – Talvez a minha ultima. – Digo sentindo meu corpo todo aliviado com a vitória.
Cocada – Tu ta vivo porra, ultima de que? Só se for de ser cuzão. – Ele fala rindo e segurando uma metralhadora igual a minha.
Fifa – Chegou agora e já quer sentar na janela Cocada? Ta com muita intimidade pro meu gosto. – Ele da um tapa estalado na nuca de Cocada que ri ainda mais e passa a mão no lugar do tapa.
Rei – To achando também, bô cortando. – Digo com um sorriso de lado.
Cocada – Tudo viado.
Fifa – Meu pau no seu cu. – Ele da outra tapa na nuca de Cocada que continua sorrindo.
Rei – Esse é viado mesmo. – Digo e dou as costas voltando a subir o morro- Vão trabalhar bando de viado, tenho um morro pra administrar ainda.
Cocada – Ai, oh quem chegou. – Ele fala e eu me viro pra olhar.
Um carro preto para de qualquer jeito no meio da pista e ela desce com uma cara de assustada, deixando a porta do carro aberta, ela corre pra mim e se joga seus braços em volta da minha nuca, me apertando forte contra si mesma, sua respiração forte e rápida bate contra meu pescoço enquanto ela fala coisas que não consigo entender, provavelmente agradecendo por ainda me ter aqui, é isso que ela sempre faz depois de uma guerra. Sinto meu coração apertar ao ver o quanto ela estava preocupada comigo, meu corpo se arrepia novamente enquanto eu a aperto em meus braços, com a metralhado jogada aos meus pés, eu beijo sua nuca e sussurro
Rei – Esta tudo bem Índia, está tudo bem. – Sussurro em seu ouvido, com os olhos fechados.
Ela afasta seu corpo de mim, eu abro meus olhos para olhar seu lindo rosto, moreno, com seus olhos pequenos e levemente puxados.
Taila – Eu não quero mais essa situação pra mim. – Uma lagrima escorre do seu olho esquedo, enquanto o outro olho permanece inundado. – Eu achei que conseguiria superar isso, que iria conseguir lidar com isso, mas eu não consigo. – Seus lábios tremem, seu queixo e testa enrrugam. Ela está prestes a ter uma crise de choro e quando passar, ela vai me odiar por ter a deixado chorar na frente de todos.
Eu a abraço novamente, trazendo ela pra mim, enquanto passo meu outro braço por suas pernas e a carrego. Taila enfia seu rosto no meu pescoço e me abraça, eu olho ao redor e tem varias pessoas ali, olhando tudo em silencio e atenção total.
Rei – Cocada, limpa o morro, não quero nem vestígio de sangue. – Olho ao redor procurando Fifa.
Cocada – Já meteu o pé, disse que ia voltar pra família e depois resolvia o resto. – Ele fala me olhando.
Rei – Aumenta a segurança na entrada, coloco um em cada laje e limpa a porra do morro. – Digo e dou as costas, subindo o morro a pé, indo à direção da minha casa.
2 meses já se passaram desde o nascimento de Luna. Em 2 meses tivemos 4 invasões, todas da policia que sismou que quer passificar meu morro, ou da milícia que se está se passando de policia pra se vingar por Caio.
Eu empurro a porta de casa com Taila ainda no meu colo e entro na sala, fechando a porta atrás de mim. Caminho até as escadas e subo para o meu quarto, colocando ela em cima da cama em posição fetal.
Ela tem estado chorona, cabisbaixa e com um humor descontrolado nos últimos tempos. Primeiro porque ela fez vários planos pra quando fosse dispensada e eles ainda não aceitaram sua dispensa da delegacia. Segundo porque ela sempre é avisada sobre as invasões aqui no morro e chamada para comandar e sempre recusa o que está causando um desconforto no trabalho. Terceiro que pela primeira vez estamos realmente batendo de frente com problemas em nossas vidas. Eu por ser dono de um morro e ela por ser delegada de policia, o que tem causado brigas constantes entre a gente.
Rei – Ta se sentindo melhor? – Me ajoelho no chão em frente à cama, alisando seu cabelo e olhando seu rosto com seus olhos fechados.
Taila – Porque não me atendeu? Eu estava preocupada, eles falaram que dessa vez não tentariam mais te prender e sim te matar e eu tive que concordar, tive que concordar com um no na garganta, com o corpo todo tremendo, em tempo de eu mesma pegar a arma e atirar na cabeça de cada um. – Ela abre os olhos para me olhar quando mais lagrimas escorrem pela lateral do seu rosto.
Rei – Eu não podia me desconcentrar e eu sabia que você iria querer todas as informações possíveis. – Digo ainda alisando seu cabelo. – Eu estou bem, eu estou vivo. – Finalizo
Taila – E ainda esta como chefe do morro e ainda não consegue parar pra olhar ao redor e só olha o seu próprio umbigo. – Ela sussurra;
Rei – Sim ainda chefe e ainda sem entender o que você quer falar quando me chama de egocentrico.
Taila – Eu quero falar que chega! Caian, eu não agüento mais esse desespero, não saber se você estar vivo, me sentir inútil por não poder fazer nada para ajudar você, inútil por ver tudo acontecer, a perseguição, o quanto eles estão empenhados em te matar e eu não posso fazer nada Caian, eu to cansada disso, de você não se preocupar nem um pouco com a sua própria vida, em avisar que está bem e vivo. – Ela fala se sentando na cama sem tirar os olhos de mim.
Rei – Vai adiantar se você sair? A apreensão vai permenecer só por estar comigo Taila, essa foi a vida que você aceitou quando voltou pra mim. – Digo baixo e calmo.
Taila – Porque você só fala sobre eu sair? Porque você não sai? Eu vivo legalmente, tenho meu direito de ir e vir assegurado, não corro perigo iminente e vivo bem como delegada apesar de não querer mais, mas você não, é escondido o tempo todo, não pode nem sair com sua filha e ela não pode nem vir no morro. – Ela grita olhando diretamente pra mim. – Acha que Analu não me cobra por isso? Acha que já não basta todas as cobranças que eu já tive dela sobre você? – Ela permanece com seu tom de voz alto. – Você é um escroto por falar que foi algo que eu aceitei quando quis ficar com você, um escroto do caralho.
Eu abaixo minha cabeça e respiro fundo varias vezes. Eu não posso fazer nada porque ela tem toda razão, eu prometi segurança pra elas e sou eu quem vive colocando-as em perigo, prometi melhora de vida e sou eu quem continua tornando tudo mais difícil.
Rei – Me desculpa, você tem razão, mas você não precisa colocar Analu no meio pra fazer eu me sentir mal. – Digo ainda de cabeça baixa. O som da gargalhada de Taila encoa pelo quarto.
Taila – Pra fazer você se sentir mal? Como se isso fizesse alguma diferença. – Ela fala dessa vez calma e baixo o que torna a situação ainda pior. – Olha a atitude do Fifa, na primeira oportunidade ele correu pra família, é assim o tempo todo, o morro nunca é prioridade pra ele e você? Provavelmente so me daria sinal de vida depois que resolvesse todas essas merdas, acha que só você tem problemas? Que só você está na merda? O fato de você escolher todos os dias permanecer nessa vida, também nos coloca na merda.
Rei – Não me compare você me conheceu assim, sabia da minha vida. Eu estou me esforçando Taila.
Taila – Eu te conheci assim, mas assim como suas atitudes como homem perante a mim mudou a vida da gente também mudou, temos uma filha hoje, temos uma vida e eu quero ter uma vida, mas não no meio dessa porcaria toda de morro. – Ela se levanta da cama, seu rosto moreno claro está vermelho, seus olhos pequenos estão inchados, seu cabelo liso e longo estão uma bagunça. – Você não está se esforçando Caian, você está evitando ter que lidar com isso, porque sabe que só tem uma solução.
Rei – Vocês são minha prioridade, eu faria qualquer coisa por vocês. – sussurro, enquanto ela vai em direção a porta do quarto.
Taila – Eu estou abrindo mão do meu sonho por nós, isso é ser prioridade. – Ela se vira pra me olhar. – Você provou que melhorou como homem, provou o coração lindo que você tem com a gente, provou seu amor por mim e por Analu, mas amor só já não basta mais Caian, está na hora de provar o que realmente é a sua prioridade. Eu não vou viver nesse meio e a minha filha também não, tome a atitude que você sabe que tem que tomar. – Ela se vira novamente.
Rei – Você vai embora sem a gente resolver o nosso problema?
Taila – Eu vou embora porque esse problema só quem pode resolver é você. To cansada Caian, eu to muito cansada.- Sem me dar chance de resposta, ela desce as escadas, o barulho da porta da sala batendo é ouvido minutos depois e eu me sento na cama, passo as mãos no meu rosto sem paciência nenhuma pra ter que lidar com meus próprios demônios agora.
Ela não entende o quanto é difícil eu ser dono de morro desce os 16 anos, crescer nisso, viver nisso e ter que largar a vida assim de uma hora pra outra. Mas ela tem razão sobre prioridades, o morro foi a minha prioridade por muito tempo e eu quase perdi o que eu tinha de mais valicioso pra me mostrar durão pelo morro.
As palavras de Mauricio voltam em minha cabeça. “– Eu ainda não vou aceitar o seu não, como também sei que você vai precisar de tempo para analisar as possibilidades. O lucro que você tira ai vai triplicar aqui, você não vai ser fichado e Taila é uma belíssima mulher, inteligente que pode trabalhar pra você mesmo como advogada, aqui você vai ser um empresário importante, ai você é só um traficantezinho, e tu não precisa deixar de ser o dono do morro, só não vai estar ai para tomar todas as decisões.”
Se é tão fácil pra Fifa sempre priorizar a familia dele, porque não é tão fácil pra mim tomar as atitudes corretas?
Eu consigo enxergar a razão de tanta briga com a Taila e consigo identificar que ela está certa, mas não consigo me imaginar deixando a minha vida.
Talvez esteja na hora de parar de tentar imaginar e começar a agir.
Levo minha mão até o meu bolso traseiro da bermuda e tiro meu celular de lá.
____________ MENSAGEM ON
Rei – Eu aceito!
Mauricio – Seja bem vindo a Casa Nostra. Você tem 2 meses para vim para Itália.
Rei – Ok!
MENSAGEM OFF ____________
Pego o radinho que ainda estava preso na minha cintura e aperto o botão que me coloca em comunicação com Fifa e Cocada.
Rei – Preciso de uma reunião em segredo e urgente, minha casa 10min. – Digo pelo radio.
Cocada – To aqui já fião. – A voz dele soa pelo radio e seus passos são ouvidos pelas escadas.
Fifa – To chegando.
Cocada – Morro em movimento, os caras estão fazendo a limpa e preparando os copos dos cu azul pra dispensar. – Ele me olha e se senta na cadeira em frente a minha cama. – Cara feia é essa irmão?
Fifa – A única que ele tem. – Ele entra pela porta do quarto, - A mulher maravilha ta lá em casa com minha cria. – Ele fala se referindo a Taila.
Rei – Eu recebi uma proposta de Itália, eu viraria dono de Roma, integrante da Casa Nostra, com todo dinheiro, segurança e conforto que eles tem e ainda assim não deixaria de ser dono do Alemão. – Digo olhando para Cocada, porque essa historia já foi contada para Fifa.
Cocada – Mas pra isso você tem que ir morar lá. – Ele fala em tom duvidoso.
Rei – Mas pra isso eu tenho que ir morar lá. – Digo me virando agora para Fifa – Eu acabei de aceitar.
Fifa arregala os olhos e se recompõe em segundos, me lança um sorriso de lado e balança a cabeça em positivo.
Fifa – Até que enfim irmão. – Ele fala.
Olho para cocada e ele está com cara de perplexo, de quem não está entendendo nada.
Rei – Você vai ficar no comando do morro. – Aponto para Cocada. – Tenho te observado a um tempo, você é firme, tem escolhas certas sobre comando, tem atitude, é sagaz, audacioso e ambicioso e o mais importante, eu confio em você. – Digo olhando para ele. – O lucro de venda vai ser 55% seu e 45% meu, eu vou dar toda a assistência necessária para o morro e vou mandar ordens quando necessário, toda e qualquer decisão tem que passar por mim, eu não vou deixar de ser o dono do morro, só morto! – Cocada que ainda está com cara de quem não está entendendo nada, concorda com a cabeça me olhando.
Rei – Fifa, você vai comigo. – Digo me virando pra ele. – Assim como minha família precisa de conforto, segurança, vida nova e recomeço, a sua também precisa de tudo isso longe daque, você vai ser o segundo no comando de Roma, você vai ser o meu braço direito para todos os lugares que eu for. – Ele vem até a mim e me estende a mão, com um sorriso enorme no rosto nó fazemos um toque e nos abraçamos como irmãos.
Fifa – Prioridades irmão, eu já estava me preparando para te falar que iria sair daque, a minha família não merece essa vida e não é isso que quero porporcionar para elas, e essa sua proposta é a minha luz no fim do tuneo.
Rei – Não é como se fossemos deixar de ser bandidos, nós tornaremos bandidos piores, mas bandidos luxuosos, aqueles que a policia não fica correndo atrás e que morre de velhice, ta ligado? – Digo, finalmente conseguindo me imaginar velho, com Taila, Analu e mais filhos ao redor, com uma vida em paz e segura.
Prioridades não é mesmo?!
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Oi morexxx
Passando pra avisar que se tudo der certo, essa semana vai ter surra de capítulo. Amém?! 🙏
To dando meu melhor, espero que goxtemmmm❤❤
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