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tiro as luvas e as deixo em cima do aparador. de verdade, parece mais vazio do que o normal, embora eu tenha preenchido a maior parte da entrada de caixas cheias de revistas e a cachorra lata detrás da porta da cozinha.

gostaria de saber quanto tempo faz desde que a faculdade terminou, mas traz dor de cabeça só de imaginar. acho que seria bem conveniente pensar mais nos sorrisos que perdi de seola do que me esforçar propriamente dito.

o pêndulo do relógio no corredor está quebrado. ele não pode me ajudar.

tiro o chapéu e o coturno. tudo parece grande demais pra mim, mesmo que eu seja poderosa o suficiente para rabiscar tudo ao meu redor com a caneta tinteiro de última geração. o que há de errado, oras, soobin? você é dona de uma das maiores revistas de toda a ásia, anime-se!

sento na poltrona e deslizo, relaxando todos os músculos. sorrio, ligo a tv e a encaro por uns quarenta minutos que ficarão perdidos no tempo.

meu coração continua a bater.

há alguém rindo muito do outro lado da tela, mas não vejo graça alguma. talvez esteja guardando boas lágrimas pra depois.

eu não as quero para depois, costumo despejar tudo de uma vez enquanto me há tempo. não preciso me preocupar tanto assim com ele, porque, como dito antes, o pêndulo está praticamente enferrujado e nada realmente importa.

se a entrada estiver lotada de caixas e a casa parecer grande o bastante, não há ninguém a dizer que eu verdadeiramente estou aqui.

são muitas coisas.

muitas.

seola teria reclamado bastante, sendo a primeira a tentar consertar o relógio do corredor.

mas há caixas demais.

e eu não vou mover um dedo.

relógio enferrujado. ♡ | wjsnOnde histórias criam vida. Descubra agora