A MALDIÇÃO DOS BALTONS

SONHOS

24 anos antes ...

Kalihi, Honolulu [Estados Unidos]
[1996]

Era madrugada, acordei assustado por ter um sonho perturbador que incluía meu filho.

No sonho, eu estava em um galpão de armazenamento gigantesco, e bem organizado. De longe escutei o choro do meu filho, porém não sabia de onde vinha. Procurei intensamente em cada setor, mas não conseguia encontrá-lo, meu bebê já tinha parado o choro, o que me deixava mais desesperado, até que achei um corredor que estava todo bagunçado, as caixas todas rasgadas e os suprimentos no chão, então segui por esse caminho e avistei uma porta velha, que dava pequenos estalidos breves e intermitentes, em cima dela tinha uma placa que parecia está escrita com sangue: Bem-vindo Balton. Me arrepiei ao escutar novamente o choro do meu filho, parecia que eu tinha encontrado ele, estava depois daquela porta. Com calafrios fui entrando lentamente, era uma sala muito escura, entretanto dava para ver o meu bebê e próximo dele alguém que estava de costa, não era humano, era uma coisa aterrorizante.

Eu me aproximei para tentar de algum modo tirar meu menino dali, mas sou notado e em seguida essa coisa horripilante sussurra algo, curioso e com medo fui me aproximando para tenta entender, a criatura dá uma pausa na fala enquanto se virava para mim (era como uma sombra, porém tinha olhos), e grita com uma voz apavorante: ME LIBERTEM DESTE COLAR, OU MORRERÃO! Sem pensar duas vezes tentei ir até meu filho, mas a sombra me impediu, em seguida, se vira para ele e pega-o.

Após acordar, fui até o quarto do meu filho, me acalmei ao vê-lo bem, no entanto não consegui dormir novamente e nem parar de pensar no que eu tinha sonhado.

Meu pai Gregory Balton tinha o hábito de ver esta "sombra", não era como a que aparece em meus sonhos, parecia ser mais intenso. Eu sonho com esse tipo de coisa desde que me entendo por gente, contava para meu pai, ele sempre falava que era por causa do sangue de nossa família, para não me fazer medo falava que eram apenas pesadelos e me pedia para não me preocupar.

Quando criança eu não entendia o porquê da questão do sangue de nossa família ter algo relacionado com os sonhos, apenas em minha adolescência meu pai me contou tudo sobre essa tal maldição, foi nesse tempo que comecei a entender, nossa família está amaldiçoada, não quero que a maldição interfira na vida do meu filho que é apenas um bebê, fico muito preocupado só de pensar que a minha criança sofrerá com essas coisas, não quero que o façam mal.

Durante alguns dias andei muito angustiado e pensativo, minha esposa Emily (uma mulher muito bonita com olhos azuis e pele negra) ao perceber perguntou-me por que eu estava daquele jeito (ela ainda não sabia sobre o sonho), sentamos e expliquei detalhadamente sobre o que estava me deixando tão nervoso. Quando acabei de falar, ela ficou assustada e sem entender, falou que aquilo era loucura. Fiquei desconfortável diante da sua resposta, ela ao ver a minha reação pediu-me desculpas pois aquilo era tão absurdo que parecia maluquice, logo depois tentou me animar dizendo que ficaria tudo bem e eram apenas pesadelos. Fingir está mais confortável e mudei de assunto.

Duas noites depois, em um sábado muito frio e chuvoso. Me preparava para dormir, e antes de deitar fui até o quarto do meu filho. Lá estava a Emily que balançava o berço para que o nosso neném dormisse,
enquanto isso, eu não conseguia parar de pensar em como protegê-lo daquela coisa e acabei adormecendo ali mesmo, sonhei novamente, e dessa vez foi ainda mais amedrontador: Eu estava em meu quarto, tinha acabado de sair do banho e procurava minha roupa, enquanto colocava a calça escutei um barulho muito alto vindo da sala, chamei minha esposa, porém não houve resposta (minha casa tem um pequeno corredor que virando à esquerda no seu final, tem a escada que descendo leva direto até à sala), então decidi olhar o que tinha acontecido. Saí do meu quarto, todas as luzes se apagaram repentinamente, chamei por minha esposa, mas novamente sem resposta, continuei andando lentamente e tateando a parede.