abelha rainha

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escravizando os cincos sentidos e inserindo a cerca de fogo, os limites territoriais do meu coração até o seu parecem uma cicatriz cultivada em um passado doloroso. me pergunto se tem sentido amar qualquer outra pessoa além de você, todavia.

o toque suave dos seus lábios virginais me fazem pensar que nunca fui beijada. e talvez nunca tenha sido beijada de verdade. a claridade da escuridão paradoxal me faz derramar lágrimas de desespero e ironia, como se valesse se doer por tão pouco.

não me sinto feliz pela dominância dos fatos. eu preferia ter existido de maneira diferente do que te conhecer exatamente como é.

o juizado pesca de soslaio cada gota de mel que escorre dos meus lábios, mas nenhum deles me condena dentro de limites hexagonais, embora a resposta seja óbvia e a culpa me caia como uma luva.

deixo escapar um riso leve e cruzo os dedos da mão direita atrás das costas, enquanto a outra tenta esfregar o mel que escorre até uma das meias soquete.

você está na terceira fileira da bancada, sorrindo um sorriso sofrido, decidindo se me culpa ou me defende. os pontos de interrogação no seu rosto se voltam contra mim como agulhas afiadas.

e eu sei que até o final do julgamento, vou estar atrás das grades enquanto você pisa nas abelhas operárias com as sapatilhas.

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