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dois de agosto

O resultado do julgamento sairia hoje.

Eu queria simplesmente que no Brasil fosse permitida, pelo menos, a prisão perpétua. Mas sabia que isso jamais aconteceria. Aqueles crápulas machucaram dezesseis mulheres. DEZESSEIS. E entre elas, o amor da minha vida.

Queria pegar Jade e guardar em um lugar onde nenhum mal a atingisse novamente. Ela já tinha sofrido demais, e no que dependesse de mim, ela não iria sofrer em mais nada.

Ela tinha dito que depois do casamento da mãe poderia pensar em se mudar pra São Paulo. Eu não a pressionava mais sobre o assunto. Mas me pressionava. Já procurava um apartamento bom o suficiente para nós dois. Quando ela falasse que iríamos morar juntos, eu entregaria a chave.

Meu celular tocou. Ligação da Jade.

— Oi princesa.

Já recebi o email. Encaminhei ele pra você também. Saiu a sentença.

— Eles vão morrer na prisão?

Provavelmente vão. Cada um pegou 45 anos. Podendo pedir regime semi aberto só depois de quinze anos. Não tem como recorrer no momento.

— Só isso, Jade? Eles poderão sair ainda.

Luan, pelo histórico médico arquivado no processo, que a defesa tentou usar pra diminuir a sentença, um deles tem cirrose, e os outros dois não estão muito bem também não. Provavelmente morre dentro da cadeia.

— E se não morrer, Jade?

Luan, eu quero deixar tudo isso pra trás. Não é a toa que depois do casamento da minha mãe, eu vou pra São Paulo.

— Oi? Como assim?

Eu não queria te contar até tudo estar pronto. Eu vou me mudar.

— Você vem pra cá? Pra morar comigo?

Vou, Luan. — Ela respondia rindo.

— E você me fala assim?

Luan, eu só estava deixando tudo pronto aqui. Já até conversei com a Aline. Vou poder tocar a AS de São Paulo numa boa. E abrirei sociedade com a Bia também. Vamos lançar umas peças que desenhamos na faculdade. Ela já está atrás de produção aí em São Paulo.

— Preciso correr com o apartamento.

O que?

— Eu já estava olhando uns lugares pra morarmos quando você decidisse vir. Não falei pra não te pressionar.

Bom, nós podemos ver isso semana que vem?

— Por vídeo chamada?

Não. Eu vou pra São Paulo. Tenho coisas do casamento pra buscar aí. Falta um mês e meio só. Preciso estar com tudo resolvido.

— Acho uma excelente ideia.

doze de agosto

Jade tinha chego a dois dias, e esses dois dias ficou em função do casamento da mãe. Hoje seria o primeiro dia que iríamos visitar apartamentos.

Já era o terceiro que entrávamos, e esse, eu via os olhos da Jade brilhando. Eu nem reparei direito, mas sabia que seria esse. Ainda tínhamos dois para ver, mas se ela falasse que era esse, eu assinava o contrato na hora.

— Qual seu preferido, Luan? — Ela me perguntou enquanto sentamos parar comer em um restaurante próximo a minha casa.

— Eu gostei de todos. Moraria em qualquer um deles.

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