27.

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um de setembro.

Faltava poucos dias para o casamento. Tínhamos apenas oitenta convidados. Tudo muito íntimo. O casamento seria realizado em uma chácara alugada.

A família. Basicamente Bia, eu, Luan, minha mãe, Miguel, Carol e Felipe iríamos para lá dois dias antes.

Felipe e Bia não reataram o namoro mesmo, mas conviviam bem. Ainda era notável o amor deles só de olharem. Quando passávamos algumas horas juntos, Bia vinha chorar depois.

Eu já tinha combinado com o Luan que iria pra São Paulo com apenas duas malas no dia seguinte ao casamento. E minha mãe enviaria o restante das minhas coisas depois da volta da lua de mel.

Era combinado também que ficaríamos na casa dele durante um tempo. Até acertarmos o apartamento certo e mobiliar. Nesse tempo, eu viajaria com o Luan para todos os shows. Íamos viver realmente a vida de casados.

Bia pegaria carona no jato com o Luan depois do casamento. Voltaria pra São Paulo com a gente. Os pais e irmã do Luan iriam visitar a família em Campo Grande. O Luan não iria pois já tinha alterado a agenda por conta do casamento. E eu o acompanharia.

Minha mãe estava calma com os preparativos do casamento. Só eu estava uma pilha de nervos. Eu ajudei com todos os preparativos, escolhi cada detalhe com eles. Parecia que era eu quem iria me casar.

Meu vestido estava pronto. Bia e eu tínhamos desenhado os vestidos de todas as madrinhas. Tínhamos feito todos parecidos, apenas com alguns detalhes que diferenciavam. Cobramos apenas o tecido.

Parecia que quanto mais chegava perto do casamento, mais detalhes tínhamos que resolver. Eu tinha acabado de ver os detalhes do guardanapo. Eu já não aguentava mais.

Luan dizia que nosso casamento já estava planejado, e eu duvidava. Ele estava calmo. Não era possível que ele já tinha decidido tudo.

nove de setembro.

— Mãe, já decidimos quase tudo... Mas o que a senhora fará com a nossa casa? — Perguntei enquanto estava fazendo um macarrão para gente.

— O Miguel já deu um jeito. Comprou os terrenos ao lado, levantará um muro em torno de todo ele e construirá uma chácara aqui.

— Por que isso?

— Eu não queria me desfazer daqui, eu e seu pai demos muito duro pra conquistar. O Miguel em respeito a memória do seu pai, decidiu preservar o lugar. Até mesmo por você. Ele construirá mais duas casas aqui. Mas a nossa se manterá do mesmo jeito.

— Por que mais duas?

— Uma pro Felipe, que já está desenhando as duas, e uma pra Carol. Essa aqui é sua. As casas serão do mesmo tamanho e estilo. Faremos uma piscina também. Um lugar pra passar férias em família.

— Tudo isso pra preservar a memória do meu pai?

— Sim.

— Mãe, o Miguel realmente a ama, né?

— E eu o amo igualmente, Jade. Por muito tempo me fechei. Tinha medo da vida levar as memórias do seu pai e me prendi a elas. Fui fiel a ele. Você me diz que sonha com sua irmã direto. E eu sonho com seu pai. No dia que Miguel pisou na casa de seu Arthur, seu pai me disse nos sonhos que já tinha passado do tempo de eu ser feliz.

— Miguel começou a ir mais lá, começamos a conversar. Ele viuvo, eu viuva. Todas as vezes que o via, escutava a voz do seu pai. "Sofia, seja feliz.". E então, tudo aconteceu. Me apaixonei calmamente. É leve. É bom. É gostoso. É maduro.

— Eu fico tão feliz de te ver feliz assim mãe.

— E eu fico feliz de você estar se curando.

dezesseis de setembro

O casamento era em dois dias. Já estávamos todos na chácara. Minha mãe ficaria em um quarto com o Miguel, eu e o Luan em outro. Felipe, Carol e Bia tinham quartos separados.

Já estava a noite, e depois do jantar, fomos cada um pro quarto.

Entramos, e o Luan já começou a beijar meu pescoço. Meu ponto fraco.

— Luan...

— Prometo fazer com carinho. Sem barulho.

E eu, como sempre não resisti aos seus encantos.

Sai do quarto, para buscar água. Mesmo quando era só amor, eu morria de sede. Voltando pro quarto, vi Felipe saindo do quarto da Bia, que era ao lado do meu.

— Luan, — eu disse enquanto fechava a porta. — você não sabe o que acabei de ver. — Olhei pra ele, que segurava uma caixinha.

— O que é isso?

— Um presente. Dessa vez não é uma joia, nem uma música.

Abri aquela caixa, e ali tinha uma chave.

— Não estou entendendo.

— Quando visitamos os apartamentos, você se apaixonou. E assim que foi embora de São Paulo, eu o comprei. Fechei o contrato. Ele é nosso. Está vazio. Assim que formos embora, vamos aos profissionais necessários pra fazer a mudança que você quiser.

— Eu não acredito. É o apartamento dos meus sonhos.

— Jade, você é o meu sonho realizado. Eu nem sabia que sonhava com você. Mas você chegou e me trouxe tudo que eu mais sonhava. Então, realizar os seus sonhos é a forma de retribuir quem você é pra mim.

O beijei mais uma vez. E nos amamos. Sem me importar com barulho.

dezessete de setembro.

— Eita que a noite foi boa. — Bia falava enquanto eu me sentava na mesa para tomar café, e o Luan lavava as mãos.

— Foi mesmo, né Beatriz? Como foi a visita do Felipe?

Felipe arregalou os olhos, Beatriz engasgou. Estávamos só nós quatro na cozinha.

— Que visita? — Luan se sentou perguntando.

— Ontem, antes de eu voltar pro quarto, eu vi o Felipe saindo do quarto da Bia.

— A gente só tava conversando.

— Só de cueca, Felipe? Suado daquele jeito? Eu e o Luan conversamos bastante assim também.

Depois do almoço, eu estava sentada com a Bia na beira da piscina.

— Jade só não conta pra ninguém tá? Não voltamos. Foi só uma recaída.

— Minha boca está trancada com cadeado.

— Mas você e o Luan hein. Dava para ouvir.

— Ah, não tinha jeito. Foi uma comemoração.

— Comemoração?

— Ele comprou o apartamento dos meus sonhos.

— Jade, você está vivendo um sonho.

— Em algum momento você também vai, amiga.

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