II - O GAROTO DE VESTIDO.

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LeonÍdas acorda primeiro que os demais, perguntando-se onde está e que aconteceu. Os três garotos já não estavam mais na floresta onde haviam enfrentado o Elementar, encontravam-se em uma caverna, mas não uma comum. A caverna era decorada com inúmeras estátuas muito bem entalhadas com aspectos diferentes do habitual. Não se viam magos, cavaleiros ou reis, eram homens que na cabeça de Leonídas, usavam vestidos. Altos pilares em um vermelho escarlate sustentavam o teto, grandes luminárias se encontravam presas no alto. Ao fundo havia mantimentos e cobertores. Leonídas deduziu que alguém vivia ali.

- Ei, Matth, acorde. – Leonídas sussurra.

- Acordei, já acordei! O que foi? – Matthias responde ainda de olhos fechados.

- O que foi? Olhe ao redor, cara, onde viemos parar?

- Que lugar sinistro! - Disse Kyriel já desperto. – Fiquem atentos.

Matthias começa a reparar cada vez mais nas estatuas e se aproxima para analisar.

- Essas estatuas são bem diferentes, não usam armaduras, escudos ou espadas. Nunca tinha visto algo assim. – Comenta Matthias intrigado. – De que tipo de madeira será...

- Toque e não terá mais seu dedo. – Uma voz grave ecoa do fundo da caverna.

Os três garotos olham ao fundo e vêem uma silhueta sendo formada, acompanhada de dois olhos que mais pareciam chamas queimando.

- Tudo bem, eu não queria saber mesmo. – Matthias sinaliza com as mãos para cima.

- Ei você, atrás de mim! – Kyriel ordena para Leonídas enquanto saca suas espadas.

- Não precisa falar duas vezes! – Leonídas salta para as costas de Kyriel. – Eu acho que já vimos esse cara antes.

- Sim, foi ele quem nos fez desmaiar! Não será perdoado! – Kyriel avança em direção ao desconhecido, atacando-o com uma de suas espadas.

O desconhecido defende o ataque com o antebraço, porém foi tão forte que a espada ficou encravada, surpreendendo Kyriel e os garotos. O oponente não demonstrava sentir dor alguma, ainda imóvel. Sem tempo para reação, Kyriel é acertado na nuca, desmaiando instantaneamente.

O desconhecido era um garoto como eles, mas sem camisa, utilizando o que Leonídas dizia ser um vestido. Seu rosto tinha feições asiáticas, cabelos longos e negros como o carvão, mas se encontravam agora em um coque, a pele era mais clara do que a dos garotos, seu corpo era definido, porém repleto de cicatrizes. Em suas mãos se encontravam ataduras, agora ensanguentadas devido ao ferimento. O rapaz caminha na direção de Matthias e Leonídas enquanto enrola ataduras no corte.

- Olha, amigo, tenho runas aqui e não tenho medo de usá-las! – Matthias aponta uma de suas runas para o garoto. – Melhor não se aproximar!

O garoto continua andando, ainda sem expressão alguma, não se sente intimidado com Matthias.

- Não queria ter que fazer isso... – Matthias fala de olhos fechados.

- Não tenho motivos para matar vocês.

O garoto passa entre Matthias e Leonídas, indo em direção a uma bancada para costurar o corte, ainda sim sem se preocupar com a presença dos dois ali.

- E para nos salvar? – Matthias retruca aliviado enquanto guarda a runa na bolsa.

- Já disse, não tenho motivos para matar vocês, ainda.

Matthias e Leonídas trocam olhares confusos como se dissessem: Quem é esse cara?

- Então, me chamo Matthias Moongate, esse ao meu lado é Leonídas Cernunnos e aquele jogado no chão... Não tenho a menor idéia.

- Kyriel Goldriver. – Interrompe Leonídas.

- E quem perguntou? – Diz o garoto.

Matthias se mantém calmo, ele nunca foi de querer arranjar briga com estranhos.

- Estou apenas tentando ser educado. Assim que vivemos dentro de uma sociedade. Qual seu nome?

- Por que isso importa? – O garoto vira-se encarando Matthias.

- Você nos salvou, devo ao menos saber o nome do nosso herói. – Matthias responde cruzando os braços.

- Kun-Ha Shinru.

- Agradeço então por nos salvar, Shinru! – Exclama Matthias.

- Então, Shinru. – Intercepta Leonídas. – Qual o motivo das estatuas usarem vestidos? E essas poses estranhas?

O ambiente cai em um profundo silêncio. Shinru que antes parecia não ter sentimento algum, franziu a testa e em seguida fica em posição de arrancada.

- Agora tenho motivos para lhe matar! – Shinru dispara na direção de Leonídas. Seus olhos voltam a queimar como chamas.

Arbitrium e a Árvore ArcanaOnde histórias criam vida. Descubra agora