𝒰𝓃𝒾𝓆𝓊ℯ

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Eu nunca fui do tipo que se apaixonava, não porque eu queria ser como aqueles garotos do colégio que se fingiam de caras insensíveis e frios que descartavam mulheres como brinquedos, mas sim porque tudo aquilo de ter sentimentos por alguém ao ponto dessa pessoa significar tanto pra mim não fazia muito sentido na minha cabeça.

Mas eu também não era sozinho e muito menos excluído, sempre tive muitos amigos e colegas em qualquer lugar onde eu estivesse. Não gostar da ideia de me apaixonar também não me privava de ter relações mais íntimas com outras pessoas, porém o fato de que eu não conseguia de forma alguma me apegar de tal maneira a dizer que eu as amava me fez ficar um pouco mal falado e com uma reputação nada agradável.

Mas você não se importou com isso.

Era quarta-feira, estava chovendo muito forte e você entrou juntamente a professora de biologia. A senhora Jung parecia muito mais baixa do que o normal, mesmo que você não seja tão alta. As roupas secas e perfeitamente lisas dela entravam em contraste com o seu longo vestido azul que estava meio amassado e tinha a barra levemente molhada. Você muito provavelmente tinha corrido para que não ficasse molhada ou chegasse atrasada na sala de aula. A professora baixinha de cabelos tingidos de loiro ajustou os óculos e pediu silêncio para os alunos antes de te apresentar. Seu nome é Chaeyoung e você é australiana, seus pais são coreanos mas viviam na Austrália e voltaram recentemente pra Coréia, agora você está na nossa escola pra terminar seu último ano do ensino médio.

Até hoje eu me pergunto o porquê desse dia ficar tão marcado na minha memória, mesmo que já faça um pouco mais de oito meses. Talvez seja pelo seu vestido azul no tom pastel que delineava cada uma das curvas de seu corpo, ou seus longos cabelos loiros que estavam quase na altura da sua cintura, seu sorriso nervoso, suas mãos que estavam tremendo ou pelo fato de que você estava tão linda que seria impossível pra mim simplesmente esquecer isso.
Era óbvio que você não chamaria apenas a minha atenção, assim que o intervalo foi anunciado sua mesa foi tomada por garotas curiosas sobre tudo e a sala por murmúrios de outros alunos que, mesmo não se aproximando de você, cochichavam coisas como "uau, ela é tão bonita".

Mas eu decidi não me importar muito sobre a sua chegada na sala, afinal era só mais uma aluna nova normal. Ou pelo menos eu repetia isso incansavelmente pra mim até descer garganta abaixo.

As aulas de inglês se tornaram mais barulhentas desde que você chegou, todo mundo ficava impressionado com o seu inglês fluente e você também fazia muito sucesso nas aulas na quadra, considerando sua incrível performance em quase todos os esportes. Não demorou muito pra você se tornar extremamente comentada e popular.

Mesmo sem nunca termos tido uma conversa real, eu acabava por saber basicamente tudo sobre você. Meus amigos nunca paravam de comentar sobre como você é bonita, incrivelmente habilidosa nos esportes e simpática com qualquer pessoa.
Eu não estava te evitando, e pelo o que eu sabia você também não estava me evitando. Então, por que nunca tínhamos tido uma conversa?

Eu não me lembro do que me incomodava tanto no fato de que nós não conversávamos, mas eu confesso que fiquei ainda mais incomodado com isso depois que você virou amiga de todos os meus amigos mais próximos. Lembro de me questionar constantemente se tinha feito algo que havia te deixado irritada, ou se então o seu santo simplesmente não batia com o meu. Decidi ignorar, ou quase isso.

No seu terceiro mês na escola, um colega que nós temos em comum te convidou para uma festa na casa dele. Ele era um amigo muito próximo e me mostrou toda a lista de convidados, com alguma desculpa esfarrapada só para que eu desse mais nomes afim de que a festa tivesse mais gente e pra pedir minha opinião caso eu achasse que aquela "combinação de pessoas tão diferentes" não ia acabar em briga. Sinceramente? Aquilo pra mim era idiotice, não era bem o meu lance servir de babá dos meus amigos. Mas então eu vi seu nome na lista e como passe de mágica aquela festa parecia muito interessante.

Eu não achava que aquela seria a primeira vez que nós teríamos uma conversa, como pessoas normais fazem, mas o destino tende a surpreender.
Você estava linda, seu longo cabelo estava preso numa trança posta no lado esquerdo da sua cabeça e como sempre você não estava usando maquiagem e seu vestido roxo curto chamava atenção de todos por onde você passava.

Eu não fiquei como um stalker maluco te seguindo a festa inteira, eu me distrai bebendo com os meus amigos e até flertando com algumas garotas aleatórias. Mas em algum momento precisei parar, como se todo aquele movimento me sufocasse. Eu disse aos meus colegas que ia respirar um ar na varanda, e por coincidência você estava lá também.
Você notou a minha presença, e sorriu delicadamente pra mim como em um comprimento bem desconfortável. Eu me aproximei da varanda, sendo abraçado pelo ar gélido daquela noite enquanto observava você discretamente pelo canto dos meus olhos. Não foi eu quem deu o primeiro passo, nem a primeira palavra. Você se virou pra mim, Chaeyoung, como alguém que se esforçava muito pra fingir que estava brava enquanto me aprontava um dedo
"Você tem algum problema comigo, Park Chanyeol?".

Fiquei muito surpreso por você saber meu nome, mas era bastante óbvio que você saberia considerando que íamos aos mesmos lugares e com as mesmas pessoas.
"Problema nenhum, Park Chaeyoung. Você tem algum comigo?"

Você riu como se achasse aquela situação ridícula demais, decidimos que na verdade era um pouco sim. Começamos esclarecendo essa tensão que tinha entre nós dois e ambos confessamos que ficávamos incomodados com o fato de que parecíamos alérgicos um ao outro, pra no fim esclarecermos o óbvio; o motivo de nunca termos conversado. Apenas nunca houve uma oportunidade.

Naquela noite, onde nós dois provavelmente estávamos um pouco alterados pelo álcool que corria por nossas veias, acabamos por nos conhecer melhor. Você, assim como eu, toca violão e guitarra desde que é criança, gosta muito de música clássica e até se arrisca tocando piano. Você canta e compõe, sua cor favorita é o rosa "bebê", como você carinhosamente apelidou a cor rosa no tom pastel. Você não gosta de estar na Coréia, diz que sua casa é a Austrália e por mais que aqui seja muito agradável na sua opinião, nunca vai ser o lugar onde seu coração pertence.
Eu também te contei coisas sobre mim, te disse que amo assistir Doramas e decorar as músicas temas pra tocar no meu violão. Que gosto de ouvir rap e até arrisco alguns versos, mesmo assumindo pra mim mesmo que isso é um pouco patético. Que amo cachorros, e que só ela sabia que eu era completamente apaixonado pelos filmes da Disney a ponto de saber as falas de cor e salteado.

Eu sabia que assim como eu, você também sentiu que nos tínhamos uma sintonia. Era leve e fácil conversar com você, quer dizer, minhas piadas horríveis e cafonas te faziam rir!
Combinamos de não simplesmente ignorar a existência um do outro, e que poderíamos tentar ser amigos.
E isso aconteceu tão rápido e naturalmente, que eu tinha certeza que você era algum tipo de irmã gêmea perdida ou algo do tipo.

Nós éramos estranhamente parecidos, compartilhávamos o mesmo gosto para músicas e você não reclamava de me ouvir falar por horas dos meus personagens favoritos dos quadrinhos como o Deadpool ou das minhas séries de ficção científica que eu fazia maratona nas madrugadas. Eu também amava te ouvir contar sobre sua casa, sobre suas fotografias e seus hobbies que iam desde; andar de bicicleta todo sábado, até pintar quadros todo domingo.

Você era incrível Chaeyoung, eu amava passar todas as minhas tardes com você. Tocar violão com você sempre que achávamos uma nova música que definitivamente merecia um cover nosso, te ver irritada sempre que errava alguma nota no piano velho que tinha na sua casa, até quando brigávamos por alguma coisa idiota e fazíamos as pazes algumas horas depois era incrível. Porque tudo era perfeito com você, as coisas eram leves e certas.

Não sei exatamente como eu percebi que você tinha a mania de colocar a mão na cabeça sempre que ficava envergonhada, e quando consequentemente comecei achar isso fofo. Não sei o porquê de ficar tão feliz quando você me chamava de Porto seguro e sempre vinha a minha casa quando brigava com seus pais. Não sei dizer quando meu coração começou a acelerar só de pensar em você, ou quando beijar você se tornou uma vontade constante e insaciável minha. Você é tão linda, tão inteligente. Eu nunca esperei que a sua chegada repentina ia causar esse efeito em mim, nunca pensei que ia gostar tanto de alguém a esse ponto.
E antes que eu me desse conta do sentimento, eu já estava completamente apaixonado por você.

Enviado a cinco minutos por "Chanyeol<3", via iPhone.

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⏰ Última atualização: Apr 07, 2020 ⏰

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