Como sempre

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Thomas e Brenda estavam presos em uma festa no meio daquela cidade. Jorge, Newt e Minho foram atrás deles enquanto o resto de nós esperávamos dentro de um carro mais afastado. 

 Hope estava dormindo tranquilamente no colo de Clint, que a olhava babando. Chuck aproveitou a oportunidade e dormiu também. Já Teresa olhava para a janela pensativa. Eu poderia muito bem aproveitar e dormir também, ainda mais com as poucas horas de sono que eu tive, mas não conseguia. 

 Eu queria que Thomas, Minho e Newt chegassem logo para que todos nós seguíssemos viagem. O mais longe do CRUEL que poderíamos ficar.

-Você está bem? - Clint sussurrou - Está sentindo alguma coisa?

-Nada - respondi sorrindo.

-Você nem parece que pariu há alguns dias - Teresa disse rindo - Se fosse eu, teria desistido naquela cama mesmo.

Ri com aquilo.

-Quando se trata de deixar sua filha segura, você arruma forças de onde não tem.

-Hope é mais forte do que eu imaginei - Clint disse - Ela não chora tanto, não apresenta sinais de nenhuma doença ou complicação. Sem febre. Sem cólica. Está mamando bem... Demos sorte.

-Hope é sortuda - Teresa disse - Terá pais, memória, estará segura e protegida. Será amada...

-Eles chegaram! - Clint disse olhando pela janela.

Saí do carro e encarei todos, que pareciam estar bem. 

-O que aconteceu? - perguntei para Thomas.

-Nada, fica tranquila. Estamos bem. - ele disse dando um beijo em minha testa - E Hope?

-Dormindo - respondi.

-Como sempre.

Nos dividimos nos carros e seguimos viagem. Jorge dirigia um e Brenda outro. 

-Para onde vamos exatamente? - Thomas perguntou.

-Há um acampamento aqui perto de rebeldes. Todos contra o CRUEL. Eles podem nos ajudar a chegar até as montanhas, o mais longe daqui. 

Newt segurou minha mão ao meu lado e dava para perceber que estava um pouco tenso.

-Está tudo bem? - eu sussurrei.

-Tudo sim. Só com uma sensação de que algo ruim vai acontecer.

Me arrepiei com suas palavras e coloquei Hope para mais perto de mim, segurando ela com mais força em meus braços.

Até que, duas horas depois, o carro parou.

-O que aconteceu? - Teresa perguntou, ao observar Jorge sair do carro.

 Um monte de carros estavam na nossa frente, parados, largados no meio da rua, impedindo qualquer passagem.

-Podemos voltar - Thomas disse - Tentar outro caminho.

-Acho difícil - Jorge disse - Tudo ao redor é mato, areia e pedras. Podemos tentar seguir a pé, não estamos muito longe.

Peguei a bolsa de Hope e entreguei para Clint. Coloquei minha filha no meu colo, do jeito de sempre.

-Gente... - Thomas sussurrou e quando eu olhei para ele, uma menina desconhecida apontava uma arma em sua cabeça.

 Dei um passo para trás, tentando fugir daquela arma, mas não tinha muito o que fazermos. Várias meninas nos rodeavam, cada uma com uma arma.

-Larguem as armas - uma delas disse.

Thomas estava ajoelhado no chão, me olhando preocupado. Aos poucos todos soltaram suas armas. Minha mão tremia e eu tentava não demonstrar isso.

-Não queremos machucar ninguém - ela continuou - Só precisamos seguir regras. Qual de vocês é o Thomas?

Thomas ficou quieto, sem dizer nada. Nenhum de nós disse uma palavra.

-Thomas vem com a gente - a menina disse - E nenhum dos seus amigos se machucam. Agora me diz logo quem é.

Na mesma hora lembrei da tatuagem do Thomas " A ser morto pelo grupo B". Aquele era o grupo B. Só de meninas. Elas passaram pelo mesmo que nós. E iam matar Thomas e levá-lo até o CRUEL.

-Por favor - Teresa disse provavelmente pensando o mesmo que eu - Podemos resolver isso.

Ela destravou sua arma, fazendo meu coração parar uma batida.

-Precisamos também da criança - ela continuou e rolou os olhos por cada um de nós.

Fiquei tão em choque com suas palavras que não tive reação por um momento. Assim que ela colocou os olhos em mim e observou Hope em meu colo, fez um sinal para que uma das outras garotas viessem até mim.

-Podem me levar! - Thomas disse - Eu sou o Thomas! Me matem, façam o que quiser, mas não levem a Hope, por favor.

Newt deu um paço na minha frente, tentando de algum jeito impedir a garota de vir até mim. Mas como ele estava se arma, não tinha muito o que fazer.

A menina parou na minha frente e encarou minha filha.

-Encoste um dedo nela e eu mato você e todas as suas amigas - eu disse transbordando de raiva.

E talvez meu tom de voz mostrou o quão sério era o que eu dizia, pois ela recuou um passo.

A menina que prendia Thomas pareceu ficar brava e tirou o pano que cobria seu rosto, mostrando seus cabelos loiros.

-Precisamos matar Thomas e levar sua filha para o CRUEL se não vamos morrer! - ela gritou desesperada.

-Sonya? É você? - Aris perguntou dando um passo para frente.

A menina pareceu ficar confusa.

-O que está fazendo aqui? - ela perguntou.

-Estou com eles desde a base do CRUEL. Eles são o grupo A. Boas pessoas. Que nem a gente. Sei que você não quer fazer isso.

-Podemos dar um jeito - Thomas disse - Não precisam fazer o que o CRUEL pediu. Nós estamos fugindo e tenho certeza que vocês também podem. Se juntem a nós!

A menina loira ficou mais confusa e abaixou a arma.

-Acham mesmo que podemos fugir deles?

-Confie em mim - Aris disse - Estamos todos do mesmo lado.

Todas as meninas pareceram se acalmar. Abaixaram as armas e relaxaram.

-Estamos indo para um acampamento aqui perto - Thomas disse - Longe do CRUEL. Quanto mais gente do nosso lado, melhor.

Nos organizamos e continuamos a andar, dessa vez com essas meninas ao nosso lado, o que era estranho, porque antes era só Teresa e eu. Newt andava ao meu lado, encarando todas elas confuso e com um pouco de medo.

 Eu ainda estava aflita pelo o que tinha acabado de acontecer.

-Me desculpa por isso - Sonya disse ao meu lado - Precisávamos fazer o que era preciso para sobrevivermos.

-Se Thomas confia em vocês, podem ficar conosco - respondi - Entendo o lado de vocês. Porém vocês quase o mataram e queriam tirar minha filha de mim. Então eu repito: cheguem perto dela e eu mato vocês.

Pregnancy in the field - Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora