Capitulo 2

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Os primeiros raios de sol invadiram as pequenas brechas na madeira falhada do casebre, projetando finos fachos de luz por todo o ambiente. Era possível notar contra luz, partículas de poeira que pairavam no ar. O cheiro dos corpos apodrecidos banhados pelo sol era demasiadamente insuportável e aos poucos todos foram acordando, em alguns minutos seguiam viagem para fora do vilarejo.
Ao chegarem próximos ao portão de saída puderam notar a única construção da cidade que estava intacta. Um grande templo sem símbolo se erguia por entre as construções simples da vila, era feito por pedras cinzentas e colunas grossas. A conservação da estrutura chamou a atenção do grupo, mas mais do que isto, não havia mortos lá dentro.


— Está é a tal cripta? – perguntou curioso o Qareen.
— É uma cripta – respondeu friamente Rhykah.
— Podemos dar uma olhada, talvez encontremos algo – completou Ariakas. Rhykah apenas assentiu com a cabeça assim como Daraga que estudava a arquitetura daquele local em silêncio.


Ao caminharem por entre as colunas, puderam perceber que não havia nada lá dentro, eram apenas paredes lisas de pedra. O teto era alto e abobadado e por todo o local uma brisa gelada se fazia presente. Ariakas se concentrou por algum momento e percebeu através de sentidos mágicos que o local possuía algo escondido, era uma energia fria e estranha.


— Este lugar possuía um item de poder – comentou ao sair de seu transe.
— Eu senti algo esquisito vindo dali – apontou o Qareen para uma cratera que se estendia mais à frente.


O grande buraco feito no chão indicava que aquilo teria acontecido às pressas, as bordas irregulares denotavam uma pequena explosão. Um breu sem fim se apresentava no fundo dificultando a compreensão do acontecimento. O Qareen invocou suas energias do reino encantado e esferas de luz
surgiram bailando ao seu redor, enviou-as ao fundo do buraco e assim todos puderam enxergar.


No fundo junto ao chão de terra estavam espalhados pedaços de pedra quebrada, mas era só isso. O local era alto demais para um pulo então Ariakas teve uma ideia. Por ali encontrou dois bancos de madeira que serviriam como rampa e assim as usou, o grupo escorregou, mas Daraga machucou o tornozelo ao cair.


— Droga – reclamou por entre os dentes.
— Você está bem? – perguntou Ariakas.
— Sim, não foi nada.


Lá em baixo um túnel se estendia caminho adentro, as pedras regulares indicavam que teria sido construído por humanos. O pulso da energia da qual Ariakas havia sentido estava mais forte indicando que o caminho era esse, ordenou que o guardião fosse à frente e assim ele o fez. Os globos brilhantes iluminavam o caminho a medida que avançavam, momentos depois e sem aviso algum uma parede de chamas engolfou o esqueleto, após a extinção do fogo o guardião não prosseguiu mais. Ariakas estabeleceu um contato mental com seu guardião em um gesto automático de preocupação.
— Gebeine, o que houve?
— Armadilhas, mestre.
— Tome cuidado.
— Temo que cautela não seja o meu forte, mestre.


Ariakas rompre sua conexão e se volta para o grupo.


— Este lugar possui armadilhas, pelo visto não são poucas.


Todos assentiram e assim continuaram, o corredor se alargou ainda mais e duas portas surgiram. Sentindo a direção da essência magica decidiram por seguir pela porta da esquerda, Gebeine se prontificou a abrir perante as ordens de seu mestre, uma grande flecha irrompeu da escuridão acertando-o no peitoral. Ele nada sentiu, apenas andou para trás com o impacto.


— Nossa, alguém realmente não quer que cheguemos vivos – comentou o
Qareen meio sem graça.


Mais uma vez o caminho se estreitou para depois se abrir em um largo corredor. Nesta parte o teto era muito mais alto, quase como se houvesse um segundo templo escondido ali embaixo, mais a frente havia três portas, duas na lateral direita e uma a esquerda.

Aliança: Crônicas do Deus da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora