O Primeiro - Parte Final

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A música country tocando na caixa de som combinava com a conversa descontraída que ocupava a sala da mansão. Uma mesa de quitudes e tira gostos no lado esquerdo era um charme a parte. Alguns peões fizeras as vezes de garçons.

Rogério usava a comum roupa preta e o chapéu, talvez a única grande diferença, era que essa camisa ele só usava em eventos especiais. Mesmo que ela não parecesse tão oposta as que vestia diariamente. Ela tinha um detalhe cinza na frente e não tinha bolsos.

Cíntia e Gustavo ainda não tinham aparecido. Mas os convidados já estavam presentes e se deliciavam com a inesperada recepção. Rogério realmente não era de dar festas com tanta pompa. Mas esse dia era para ficar marcado na vida de todos ali.

Maria passou pelo lado dos fazendeiros com uma das mãos no ombro de Marquinhos. Ia levar o menino à cozinha para ajuda-la com alguns afazeres, assim evitava que o garotinho aprontasse em tal evento.

— Maria! – Rogério segurou a mão da idosa. – Onde está Paula?

— A última vez que a vi, estava no quarto se arrumando.

— Mas demora tudo isso para se arrumar? – Reclamou. – Ela é minha mulher tem que estar aqui.

— Sim, mas ela tem que estar muito bonita, não acha? Não vai chegar aqui de qualquer maneira. – Ela falou sério com o fazendeiro e seguiu com Marquinhos para fora da sala.

Rogério não soube porquê, mas sentiu-se enciumado. Odiava quando esse sentimento florescia, porque era difícil disfarçar. Ela estava se arrumando para Gustavo, é isso. Só pode ser. O fazendeiro não suportaria a espera, girou na cadeira de rodas deixando um dos convidados falando sozinho. Ia atrás de Paula, mas não precisou ir longe.

A própria senhora Monteiro surgiu na entrada da sala. Usava um lindo, espetacular, deslumbrante vestido verde. Rogério engoliu em seco. Ela, apesar de todas as pessoas na sala, olhava fixamente para o marido. O fazendeiro mirou-a dos pés a cabeça e o ciúme evaporou-se pelos poros.

Paula sorriu para o esposo com ar triunfante, com seu jeito séria e sedutora. Aquele olhar...Rogério conhecia. O coração acelerou.

Ela se arrumou para mim.

Paula caminhou na direção do esposo e sem cerimonias, sem pensar em cumprimentar outra pessoa. Inclinou-se e pousou um beijo cálido sobre os lábios de Rogério. O fazendeiro não teve tempo de reagir ao beijo. Na verdade, ele ficou sem fala por alguns instantes, enquanto Paula cumprimentava com apertos de mão e sorrisos cada um dos presentes.

— Que esposa maravilhosa o senhor tem ao seu lado. – Disse uma senhora idosa ao lado do marido. – Creio que essa união será duradoura.

— Assim seja. – Paula acenou afirmativamente. – Não é, Rogério?

O fazendeiro não esperava ser incluído na conversa. Tossiu e respondeu.

— Sim, esse é o meu desejo. – Rogério pegou na mão da esposa e mirou-a com seus olhos fulminantes de desejo. Ela conhecia aquele olhar...quando ele se mistura ao veneno da raiva. Ela o conhecia muito bem. – Que minha mulher esteja comigo e só comigo para o resto da vida.

Ana Paula suspirou e segurou a língua para não responder indelicadamente ao marido na frente das pessoas.

***

Maria preenchia mais uma bandeja de quitutes. Marquinhos ajudava, mas queria estar na festa. Ele fazia de mal grado, mas não tinha para quem reclamar. Ou ficava ali ajudando Maria ou ela o trancava no quarto.

— Tu não podes correr por aí. Não pode fazer vergonha para Paula e Rogério.

— Mas eu não vou fazer, Maria.

Um Milagre - A Que Não Podia AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora