New friendships

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Acordei de sobressalto e afundei novamente na cama ao me lembrar da cena de ontem. Um casamento. Será que eu receberia um convite? Senti-me enrubescer, não acreditava que tinha pedido à Sofia que ficasse comigo. Na verdade, não acreditava que ela tivesse aceitado. Mas sou grata por isso, teria sido pior enfrentar a notícia sozinha. Meu coração doía de forma tão violenta que eu podia senti-lo subindo pela minha garganta e tentando me sufocar. Caí no choro novamente abraçando Catcher, que a essa altura já tinha vindo dormir comigo na cama. Afundei o rosto no pelo sedoso do meu cachorro, sentindo seu cheiro conhecido, o cheiro de casa. Algo se mexeu no pé da cama e eu levantei o tronco para olhar, imaginando que fosse o gato. Mas tomei um grande susto ao ver uma garota sentada aos meus pés.

Pisquei algumas vezes só para ter certeza de que estava acordada, estava quase beliscando meu próprio braço quando ela sorriu. Ela era realmente linda e suas feições eram doces, mas nada disso vinha ao caso. O que ela estava fazendo na minha cama?

- Bom dia - cumprimentou alargando o sorriso. - Eu sou Renata, mas todos me chamam de Reni, sou irmã da Sofia. - Estava explicado a fonte da beleza, que pelo visto, deveria ser de família.

- Bom dia - respondi, mas bom só se fosse o dela. - Onde ela está? - questionei. Não que eu tivesse imaginando que ainda a encontraria no meu quarto.

- Ela teve que trabalhar, surgiu uma emergência com um de seus pacientes - respondeu.

- Então agora eu tenho uma babá? - perguntei sarcasticamente enquanto me sentava. Parte de mim estava arrependida de ser tão grosseira com uma moça de aparência tão gentil, mas definitivamente estava ficando cansada da piedade das pessoas.

- Na verdade você tem uma acompanhante. Estou ganhando por hora. Então o que vai ser? - perguntou, fingindo desabotoar a blusa e, percebendo minha cara de assustada, ela caiu na risada. - É brincadeira. Bom, pelo menos a parte do pagamento e dos serviços extras. - Continuei calada. - Ok, eu decido por você, vamos à praia. Hoje vai ter praia.

Se levantou rindo.

- Vamos?

- Não vai dar não, me desculpa. Eu cheguei há dois dias e ainda não faço ideia de onde estão meus biquínis.

Parte da história era verdade, afinal, no dia do restaurante, eu tinha demorado horas para achar uma calcinha (como se ela pudesse ser descrita desse modo). Quanto tempo demoraria até achar um biquíni? E a outra parte era pura falta de vontade mesmo. Na verdade, esperava encontrar Sofia em casa e pedir uma caixa inteira daquele comprimido.

- Seus biquínis estão na terceira gaveta do guarda-roupa.

- O que? - Eu tinha entendido, só não entendi o contexto.

- Você dormiu por um longo tempo. Já é quase meio-dia e eu fiquei meio entediada - justificou-se, levantando meio envergonhada e abrindo as portas do guarda-roupa, antes vazio. Tudo o que eu tinha estava arrumado, dobrado ou pendurado. O quê? Definido por cor e estação do ano?

É isso mesmo, produção? A garota tem TOC?

Eu estava horrorizada. Como ela conseguiu fazer tudo isso, sem ninguém obrigá-la e em tão pouco tempo?

- Onde está meu carrinho de supermercado?

- Eu o devolvi. - Ela fez o quê? - Sofia avisou que não era para mexer nele porque você desenvolveu certa afeição... Mas a vizinha do 44 armou o maior escândalo depois de ter que subir com as compras na mão hoje de manhã, então eu o devolvi para ela parar de gritar comigo - explicou corando. - Sinto muito. Mas se ajuda em alguma coisa, também arrumei as roupas que ainda estavam espalhadas.

The Girl With Red HairOnde histórias criam vida. Descubra agora