Página retirada do Diário de Howard B. Sumner

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          Abracei teu corpo na qual pensei que seria a última vez, o vento frio da noite entrava pela janela de meu quarto enquanto os sons lá de fora se tornavam mais próximos, ainda lembro das nossas semanas juntos, foram as melhores de minha vida, desde que te conheci naquele dia na livraria, eu procurava livros de Poe e você como sempre estava na sessão de psicologia ou algo mais "cabeça", tu sempre foi muito intelectual e isso me encantava, tirando claro sua beleza que era a mais exuberante sobre esta terra, no dia em específico você vestia um vestido preto que chegava até seus joelhos, uma meia de renda que também ia até os mesmos e combinava com o vestido, botas grandes e pretas, e uma tiara preta, você era e é encantadora.

         As semanas passaram e se tornava recorrente te encontrar na livraria, no começo é claro que eu não tinha coragem para falar com alguém como você, meu lado "nerd" me prendia um pouco, porém, certa vez menti que tinha interesse em uma das áreas da psicologia, coisa que você entendia bastante pelo que li em suas redes sociais, passei dias para achar seu perfil sem saber teu nome, daí para frente nosso relacionamento se tornou algo comum, saíamos juntos, ficávamos até tarde conversando e chegamos até mesmo a andar de mãos dadas, eu estava perdidamente apaixonado...

... Esse talvez tenha sido meu pior erro, na noite de duas semanas atrás você veio em minha casa, á convite meu, claro, eu havia preparado um "jantar a luz de velas" num estilo clássico dos filmes românticos que você amava, em minha mente tudo ocorreria de forma perfeita, você chegaria aqui em casa e eu faria o pedido logo de cara, você surpresa aceitaria e jantaríamos antes de irmos para meu quarto, pena que o mundo não é da forma que queremos. Você veio até aqui com uma prontidão exata, eu travei ao lhe ver e apenas entramos diretamente para a cozinha, seu olhar de confusão logo indicava que algo no local a incomodava e isso me deixou ainda mais tenso.

          Alguns minutos se passaram de um enorme silêncio que rondava a casa, tomei coragem então comecei a falar, porém, fui rapidamente interrompido por você, as palavras que saíram de sua boca foram como tiros em meu peito, perfuravam diretamente meu coração. Eu estava em prantos, era como uma criança que acabara de nascer, você veio até mim em um abraço de consolo, olhei sobre a mesa e vi uma faca que reluzia sobre a luz de uma das velas, soltei uma risada enquanto tu me agarrava dizendo que tudo ia ficar bem e que ainda sim estaria do meu lado, sorri e disse que sim, você estaria. Em uma fração de segundos peguei a faca e a enfiei sobre teu lindo pescoço, antes que teu corpo caísse pude ver sua expressão de dor, era maravilhosa, gargalhei um pouco enquanto teu sangue carmesim era derramado sobre meu chão de madeira.

          Os dias passaram, sua garganta eu tinha costurado e estava tudo como deveria estar, toda noite eu dançava com teu corpo sobre a luz da lua no meu terraço, a nebulosa do céu refletia sobre teus olhos sem vida e me causavam uma extrema felicidade, era algo lindo te ver admirando o céu, mas nem tudo é perfeito, logo mensagens de seus parentes mais próximos começaram a surgir no celular e como eu não sabia a senha não poderia mandar mensagem dizendo que você estava bem. Após uma semana de seu suposto desaparecimento soube que a polícia estava a sua procura e a partir de agora eu precisava ser mais cauteloso, e para meu azar é claro, suas redes sociais ficavam abertas em seu computador, e nossas conversas foram achadas, em um ou dois dias pude ver a polícia rondando meu bairro.

         Agora, eu escrevo esta pequena confissão, dizendo que eu fiz um anjo retornar ao céu e um demônio ao inferno.

Death DanceWhere stories live. Discover now