Querido diário,
Eu não poderia me sentir melhor por ter papai de volta. Tudo estava indo bem... Entretanto, sabemos bem que a calmaria antecede uma tempestade.
O9 de novembro de 2OO7, sexta-feira.
Como não fui as aulas na quinta-feira, tive de ir na sexta. Peter passou para me pegar e disse que no dia anterior me esperou por algum tempo antes de ir a aula. Eu pedi desculpas e deixei por isso mesmo. Não quis conversar sobre o que aconteceu. Estava tão aflita por meu pai não ter me procurado que não tinha cabeça pra lidar com outro assunto, e quase não prestei atenção em nenhuma aula. O dia demorou mais que o comum para passar. Dirigi para casa meio cabisbaixa, e continuei assim até passar pela porta da frente. Então, para minha maior surpresa, encontrei papai ao lado de Anne-Janne no sofá da nossa sala.
— Pai! — deixei minhas chaves de lado em um canto qualquer e atirei a mochila no chão. Meu pai me recepcionou de pé, num abraço apertado — Por que demorou tanto para vir aqui? — não pude deixar de perguntar ao me sentar ao lado dele.
— Desculpe. Tive que assinar uns papéis e resolver umas pendências — papai passou os braços ao redor de meus ombros — Mas agora eu estou aqui e minha ficha está limpa oficialmente. Sou um novo homem.
— Onde o senhor vai ficar?
— Na minha casa. Na nossa casa. Você pode ir para lá quando quiser. Ontem eu tive um trabalhão limpando tudo — o sorriso cansado retornou — E já até arrumei um emprego.
— Sério?
— Sim! Um dos meus antigos amigos conversou com o patrão e eu vou começar como carregador de mercadorias na segunda. É melhor do que nada — papai acariciava meus cabelos despreocupadamente — Não vamos falar disso agora, tudo bem?
Eu assenti.
— O seu pai estava contando pra mim da infância dele — Anne-Janne disse — Ele tem muitas histórias boas, Angie.
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O Diário Uma Garota Quebrada
JugendliteraturJá pensou que talvez, só talvez, pessoas suicidas sejam apenas anjos cansados da vida na terra, querendo voltar ao lar celestial no céu de onde nunca deveriam ter saído? Que talvez estejam exaustos do martírio que é respirar com tantos ferimentos im...