SATURNO E OS BEIJOS QUE TE DEI • jjk x pjm

Capítulo Único: Beijo de Menta, Pipoca e Constelações

Park Jimin é o garoto mais bonito do colégio.

Eu nunca afirmei isso com tanta certeza como hoje, porque bem, ele está vestindo uma calça colada de couro e suas coxas bonitas estão marcadas, e existe certa aura alegre ao seu redor. Mas é estranho perceber que, assim que ele chega na escola, tudo muda. Seu semblante se fecha, sua cabeça se torna baixa e suas mãos brincam uma com a outra em sinal de nervosismo ou ansiedade. Ou os dois.

É que os outros meninos não entendem seu jeito, sabe? Eles não o entendem como eu, porque eu tenho sido seu admirador secreto desde muito, mas muito tempo mesmo. Às vezes o Jimin age todo alegrinho, sai pulando com sua única amiga e sua voz também é um pouco fina. Eu acho tudo isso muito pessoal e pertencente à ele, é o que faz ser quem é, mas os outros não apreciam tanto.

Ele é extremamente popular, mas as pessoas só se aproximam por interesse. Por isso costumo dizer que sua única amiga é Aisha, o resto só está ali por estar.

Aisha é um projeto de garota perfeita dos anos 90, tem cabelos negros como a noite e um olhar marcante. Ela é quase do tamanho do Jimin, se não for maior, e tem um corpo de dar inveja. Se eu fosse ele, teria me interessado por ela. Se eu fosse ela, teria me interessado por ele.

Bem, continuo sendo apenas Jeon Jungkook e me interessei por ele da mesma forma.

O grande problema é que, por todos esses adjetivos que acho incríveis e autênticos dele mas que os outros não veem dessa forma, Park é a pessoa mais injustiçada desse colégio. Os garotos abusam dele de formas absurdas, mas como seus pais são ricos, nada acontece. Eu não digo um abuso tão grave como tranca-lo no banheiro para fazerem o que quiser, mas batem em sua bunda sem permissão, chamam ele de apelidos deploráveis com conotações sexuais gigantescas e às vezes ficam colando os corpos no dele na fila da comida. Eu acho isso absurdo, e qualquer abuso é um tipo de abuso.

Maldita escola cheia de metidos à ricos e pessoas importantes.

O que estou fazendo aqui? Nem eu sei, minha mãe é empregada doméstica em casa de madame. Eu sou bolsista. A casa que ela trabalha é a de Jimin.

É uma verdadeira mansão de dar inveja, mas mamãe chega cansada todos os dias e isso me entristece. A grande reviravolta da história é que o pai de Jimin, o senhor Park, é um amor, mas sua mãe é um verdadeiro pé no saco. Toda dondoca, ordena e quer tudo na hora que pede, mesmo se forem coisas mirabolantes. É por isso que minha mãe chega cansada. Eu odeio a mãe de Jimin, mas gostaria que ela fosse minha sogra.

O que é forçar muito a barra, porque ele nunca nem olhou para alguém como eu.

Sou meio invisível aqui, e tudo bem, de verdade, prefiro simplesmente não existir do que sofrer o que Jimin sofre todos os dias. Ninguém nunca é punido porque são toques discretos, palavras abusivas disfarçadas de falsos elogios e mãos bobas que todos se recusam a ver. Porque são podres de ricos. Esse é o motivo principal.

Eu preciso passar na secretaria para recolher meu uniforme novo, em seguida vou até o vestiário masculino e me troco no lugar mais discreto possível, odeio a ideia de chamar atenção.

Quando entro na quadra vestindo minha maldita roupa de atividade física, quero morrer. Que shortinho mais ridículo e que camisa mais colada. Quem escolheu esse tamanho? E essas cores? Branco com bordô? Nossa, mas é engraçado observar Jimin chegando na quadra porque, de alguma forma, entendo o que aconteceu.

Nossos uniformes foram trocados.

Ele está todo engraçado com a camiseta batendo quase nos joelhos, e o short grande demais o faz parecer um daqueles cantores que adoro escutar em casa. Puxa, como isso foi acontecer? Digo, tudo bem que normalmente deixam tudo etiquetado sem os sobrenomes, e meu nome e o dele começam com "J" e estavam no mesmo setor, mas tenho certeza que foi algo proposital que alguém fez. Eu me sinto ridículo. Jimin continua saltitando.