Ana andava distraída, olhando para o mar, admirando aquele lugar que conhecera junto daquela que há alguns dias havia partido, ido sem despedida, sem adeus, sua querida mãe havia ido embora. Ela enfim podia dizer que sentia-se em paz, a tranquilidade do oceano parecia transpassar por seu coração, levando para longe toda a angústia de sua alma.
Após dias de muita dor e choro, Ana levantou, procurando uma ponte, uma pequena ligação com Dona Marina, pegou as chaves do carro e se foi para o mar. O azul, lá no horizonte, lhe fazia lembrar do doce olhar de sua mãe, que sempre sorria e acariciava seu rosto, a chamando de neguinha.
- Sinto tanta sua falta mamãe, nada nesse mundo me preparou para esse dia... Tive que vir aqui, porque precisava desesperadamente me agarrar em algo que me lembrasse você... Me sinto tão sozinha, mãe.-Em meio a seu monólogo, as lágrimas voltaram a transbordar dos pequenos olhos azuis, descendo sobre a face morena, mostrando para o mar, e apenas para ele, a dor que existia dentro daquela menina.
O vento gélido, do inverno do sul, fez ela encolher-se em seu casaco, sentido a falta que o calor do abraço de sua mãe fazia.
- Achei que fosse encontrar você aqui... - Assustando sua irmã gêmea, Thiago disse, enquanto a abraçava de lado. Ana aproveitou e se escondeu dentro do abraço, abraço amigo, abraço carinhoso, abraço de alguém que compartilhava de sua dor e a compreendia por completo.
- Ainda lembro da primeira vez que ela nos trouxe aqui, você ficou com tanto medo que não queria chegar perto do mar.- Relembrou o momento carinhosamente, acariciando os negros cabelos da irmã, que eram tão parecidos com os de sua mãe.
- Ela me segurou bem forte, até eu me acalmar, disse que o mar era amigo daqueles que o respeitavam e como eu era uma menininha esperta... ele sempre seria meu amigo. - Sussurrou a lembrança apenas para seu irmão ouvir, pois apenas ele seria digno de dividir aquela lembrança, aquela dor.
- Também sinto saudade dela Ana... mas, você, melhor do que ninguém, sabe que ela queria que fossemos a diante, mesmo que seja doloroso demais, precisamos seguir em frente...
- Sei disso Thi... só queria me despedir, dizer adeus onde eu a sentisse por perto...
- Então vamos dizer juntos, como dizemos olá, como começamos a vida e como vamos a continuar... Nós prometemos certo?! -Apertando o abraço, Thiago soltou o ar fortemente, sentindo o peito apertado tamanha a saudade. Ele precisava tanto de consolo, quanto sua irmã.
- Então vamos...
Em silêncio, eles caminharam, fazendo companhia um para o outro em meio a solidão de seus corações; corações esses, que pesados, sentiam a falta de uma parte sua que havia ido para longe, a parte que sua mãe levou, para sempre, consigo.
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Ana, o mar e seu adeus
FantasyApós dias de sofrimento, ano decide fugir para o mar. Na cidade de quintão, uma praia na ragião sul do país, ela enfim encontra sua paz, em meio ao vento gélido de julho ele encontra brigo, nas ondas do mar ela encontra coragem para o adeus..