QUE TE APAGUES...DE VEZ!

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A maior prova de amor que te dei, foi deixar-te partir.Nunca imaginaste que eu tivesse a coragem de te deixar ir, pois não?Jamais pensaste que pudesse abrir o meu peito para que te evaporasses dele, jamais se afigurou no teu pensamento que te iria desalojar de mim, que seria capaz de te afugentar da minha vida, de te fazer dissipar do meu corpo.

Fiz tudo em nome do que senti por ti. Foi pela intensidade desse sentimento que me habitava, foi porque me corrias nas veias, que te deixei voar. E tu foste, voaste...

É inútil esta minha insistência em tentar esquecer o que sinto por ti e em abandonar a ideia de que um dia fizeste parte da minha vida, porque quanto mais te tento apagar e transformar em cinzas, mais te acendes de forma radiosa em mim.Foi por isso que desisti. Deixei-me cair no chão frio, acenei o lenço branco pedindo paz, baixei os braços em sinal de tréguas, cessei de gritar e de tentar desesperadamente fazer-te escutar o meu amor, através da minha voz já tão cansada.

Decidi entretanto silenciar o batimento do meu coração, que a cada compasso bombeia o teu nome. Respirei fundo e admiti que na vida há um tempo para amar e para deixar ir, uma época para rejubilar de contentamento e uma estação para enxugar as lágrimas, há instantes de prazer supremo, mas também existem dias de sofrimento inigualável. E por último, temos ocasiões para vestir o corpo com as cores da felicidade.

Todos os dias recomeço esta tarefa difícil de te esfumar quando a cada amanhecer o teu sorriso me acomete nas recordações de te ver na cama a meu lado. Fecho os olhos para te guardar e deixo essas imagens divagarem sobre mim. Olho-me ao espelho e procuro o reflexo da essência que restou de mim, depois de ti...e está cá. Intocável. Sempre que o peito começa a doer de saudades e as lágrimas me invadem em cascatas de dor, já não fujo para a rua para simular que estou bem, nem me escondo mais em jantares com amigos.Deixo simplesmente que despontes, que me assoles, que me derrubes as gavetas do corpo, da alma, das emoções e sentidos, porque negando-te é fazer-te (re)nascer em mim com mais ímpeto e a coragem típica que só entende, quem já viveu um grande amor.

E aqui estou eu, no mesmo sítio de sempre, cá me encontro no local de todos os dias, nem sei bem à espera do quê! Aguardo apenas pacientemente a cada amanhecer que (me) passes, que te dissolvas, que te apagues...de vez.

LRB

Amor, Vinho e Outras MerdasWhere stories live. Discover now