Capítulo XII

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XII - Ilha Calisto e os preparativos para o ataque.

Gaivotas voando, as ondas batendo nas pedras e ecoando o som das águas. Passarinhos cantando e dando comida para os seus filhotes. Era um paraíso. Sentada em uma pedra e olhando para o horizonte Nar refletia sobre suas atitudes dos últimos anos. Pensar que em menos de duas décadas conseguiu montar um gigantesco exército, construir barcos e armas, é algo surpreendente e que evocava o sentimento de auto realização. Sabia que iria ter que derramar sangue do seu antigo povo para concretizar a sua vingança, porém tinha certeza que era necessário um grande ataque para tomar a coroa do seu antigo reino. Nar conhecia as terras de Sagac como ninguém, aprendeu desde cedo sobre o seu país e estava certa que iria vencer o exército mais bem treinado e equipado do mundo. O Companheiro de Nar sentou do lado dela e começou a olhar para o horizonte como ela.

- Você tem certeza que quer isso? – Pergunta.

- Sabe... Ás vezes penso que não. Pessoas vão morrer! Mas são necessários esses sacrifícios para que Sagac volte a sorrir. Meu antigo esposo é um louco, nem sei se ainda está vivo, mas os filhos daquele louco só podem ser loucos como ele. – Nar permanece olhando para o horizonte.

- Não sei se concordo com o que você está falando. Acho que você deveria enviar alguma pessoa para saber como andam as coisas por lá! – Ele sabia que isso era o melhor a se fazer. Conhecer o terreno inimigo antes do ataque.

- Sinceramente? Gostaria muito que você me deixasse te dá um nome definitivo. – Ela olha para os olhos dele.

Ambos riem.

- Nomes nunca foram necessários para o meu povo. Os Rótulos são o grande ópio da humanidade, acredito que a unidade é o melhor caminho para tudo e foi essa forma que encontramos de sermos um. Viver aqui com a natureza e com os bichos sempre foi o estilo de vida do meu povo. – Respira fundo e prossegue. – Mas, lembro que quando Sagac tomou essa ilha para si toda harmonia foi embora, os trabalhos que fazíamos por livre e espontânea vontade se tornaram obrigatórios, fornecer madeira e pele animal. Além de carnes. Pessoas desapareciam e nunca mais voltamos a ver. Pessoas condenadas por suspeitas de traição ou coisas assim... – Respira fundo mais uma vez. – Quero te ajudar, pois já passou por muita coisa e isso é o espírito do meu povo. O Povo de Calisto também que justiça. Você chegou aqui como uma anja. – Ambos riem. – Estou falando do mais profundo do meu coraçaõ, é sério.

Nar não mudou nada desde sua chegada. Porém, suas vestes eram simples, assim como o do povo. Pintava seu rosto com tintas naturais, participava dos rituais para a natureza, ela tinha entrado profundamente na cultura daquele local.

- Você será meu conselheiro oficial quando eu tomar a coroa de Sagac. – Os olhos de Nar estão repletos de lágrimas. – E eu vou encontrar meu filho, já adulto e saudável, tenho fé nos deuses.

Os lábios dos dois se encontram, fazendo com que a explosão de sentimentos surja. Nar sempre foi uma mulher vítima de opressão do seu antigo esposo, tinha encontrado na ilha Calisto um novo amor, além de uma nova família. Seu companheiro já apresentava cabelos grisalhos e as marcas de uma vida longa, mas isso não influenciou no estopim de um sentimento tão vivo e real. Ter encontrado alguém tão bem intencionado fez que Nar cedesse seu trauma antigo e se permitiu de viver esse romance. No momento que os lábios se tocavam ela não pensava em nada além do que viria depois dos beijos, as línguas dançavam dentro das bocas, como uma valsa na sala do trono em dias de festas. As mãos do seu companheiro passeavam pelo seu corpo, destacando suas curvas, pressionando as pernas nas pernas daquele homem, e ele apertando a nuca daquela mulher. Os pássaros assistiam aquele encontro de corpos apaixonados como uma declamação de poema.

Era noite. As roupas estavam jogadas ao lado dos dois corpos suados e deitados na grama olhando para as estrelas.

- É amanhã! – Nar murmura olhando para a lua cheia que refletia no azul dos seus olhos e destacava o loiro dos seus cabelos.

- Vamos partir cedo, antes do anoitecer já estaremos no litoral de Sagac, a viagem é rápida. – Ele fala tentando acalmar.

Nar sorrir. Imagina como seria a sua vitória e o momento que seria declarada Rainha de Sagac e ordenaria a morte de todos que se rebelasse contra ela. O ódio habitava em Nar, por ter sido tão maltratada e ter sido vitima de um rei tão autoritário e ridículo.

Eram 2

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Eram 2.350 barcos, que cabiam 20 pessoas em cada, Nar estava levando um exército de 47 mil homens e mulheres, isso não é nem ¼ do exército de Sagac, porém foram anos treinando, ela conhecia as estratégias do seu povo e o modo de lutar. Um povo que vivia com os animais e nas florestas desde o seu surgimento, eram verdadeiros selvagens em batalhas, não tinham compaixão. Espadas eram armas raras naquele exército, cajados com ossos afiados, lanças pontiagudas, arco e milhões de flechas. Líquidos inflamáveis e venenos. Todos estavam reunidos nas margens do mar, aguardando o discurso da sua líder.

- MEU POVO DE CALISTO! – Nar estava em cima de uma grande pedra, ao lado do seu companheiro que usava uma máscara de onça. Ela estava coberta com uma grande túnica de pelo de urso, usava em sua cabeça adereços. Uma bainha na cintura com uma espada que passou os últimos anos trabalhando nela. – CHEGOU O GRANDE DIA, CHEGOU O DIA DA LIBERTAÇÃO. CHEGOU O DIA QUE ESSE POVO SERÁ REDIMIDO. CHEGOU O DIA QUE O POVO QUE SOFRE PARA ALÉM DESSAS ÁGUAS SERÃO LIBERDADOS POR NÓS. ESSA LUTA É PELO QUE PASSAMOS, PELO SOFRIMENTO QUE FOMOS SUBMETIDOS. EU FUI VITÍMA DE UM LOUCO, VOCÊS FORAM VITÍMAS DO ABANDONO E DE QUEBRA DE ACORDOS, SETERFALL ESTÁ ARUINADA, ISCADOR EDHUR É EXPLORADA, ESSES HOMENS DE PODER NÃO MERCEM O SOFRIMENTO DE NOK, MERECEM A MORTE. VAMOS NAVEGAR EM DIREÇÃO A SAGAC E DERROTAR CADA SOLDADO QUE OUSAR APONTAR A ESPADA PARA UM DOS NOSSOS. VAMOS VENCER! VAMOS VENCER! EU: NAR BONATTI DECLARO GUERRA CONTRA SAGAC!

Nar era ovacionada por gritos de motivação e palavras de ordens. Lanças batiam no chão em sons uniformes e o mar rapidamente foi coberto por milhares de barcos em direção à Sagac. Na Ilha Calisto ficaram Idosos impossibilitados de lutar e crianças, todas as outras pessoas aceitaram a missão. Nar não tinha noção do que encontraria em sua terra natal, mas não iria demorar em descobrir. 

GUERRA ETERNA: O preço da paz.Onde histórias criam vida. Descubra agora