Dylan e Aimee

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Conto II

Viver em baixo das águas significa ter uma visão ampla de tudo que existe na superfície, as sereias e os tritões possuem a capacidade de se movimentarem por milhares de quilômetros por hora em baixo d'água. A vida dos tritões não era fácil, tinham o dever de proteger as sereias e seus filhos de todos os pescadores do planeta e ainda proteger dos monstros e criaturas marinhas. Dylan uma vez quase foi morto por uma gigantesca serpente marinha, os tritões e sereias chegaram a um consenso há milhares de anos atrás, que nenhuma criatura ou monstro deveria aparecer na superfície, se isso ocorresse à população dos oceanos correriam riscos pela ira da humanidade. Mesmo assim era inevitável que os humanos criassem lendas, ou que algumas sereias matassem algum humano. Dylan nunca gostou dessa rixa entre humanos e o seu povo, porém viver escondido era sufocante, raramente sentia o sabor de sentir o ar da superfície em suas narinas.

Ilhas eram os locais mais seguros para os Tritões e as Sereias respirarem o ar dos humanos e conhecer a superfície. Esse povo dos Mares vivem milhares de anos e conseguem envelhecer de forma extremamente lenta. Dylan nem lembrava mais da sua idade, mas a luta que teve com a gigantesca serpente marinha o fez recordar que já estava velho e há tempos não treinava seus golpes. Por fim, conseguiu vencer, cravando um tridente diretamente na cabeça da serpente. Ele estava extremamente machucado e não conseguia nadar até o local mais próximo que encontraria ajuda, pois todos os seus companheiros estavam mortos. A única solução que encontrou foi se render a sua vontade de viver na superfície e procurar ajuda dos humanos para não morrer.

Aimee é uma bela jovem camponesa de Sagac que foi transferida para trabalhar nas plantações da ilha Icador Edhur. Inicialmente gostou da ideia de ser emancipada de sua família e viver longe da capital e da política suja do país. Um lugar que teoricamente seria para recomeçar e trabalhar um pouco, entretanto a fusão de dois reinos e o aumento expansivo da população de Sagac fez com que a demanda aumentasse muito e Aimee mal conseguia dormir por tanto trabalhar. Depois de muita revolta dos camponeses que trabalhavam na ilha, a coroa resolveu conceder um dia na semana para descanso dos trabalhadores. Aimee costumava ir para o litoral da ilha, sentava em uma pedra e ficava olhando as ondas do mar e os pássaros voando. A Ilha era um pouco gelada, o clima era agradável, pois a localização é próxima das terras geladas, inexploradas e desconhecidas. Em um belo dia Aimee encontrou um homem caído no chão, as ondas batiam e molhavam os seus pés, estava aparentemente morto, quando mais ela se aproximava mais via os cortes e hematomas do homem e também mais via a sua beleza indescritível. Todos os camponeses que trabalhavam naquela ilha carregavam as marcas do trabalho e se tornaram comuns esteticamente falando, qualquer coisa fora do normal chamava atenção das mulheres.

Aimee tem um coração muito bom, mas não poderia correr o risco de levar um inimigo da coroa para o alojamento dos camponeses naquela ilha, então com grande dificuldade arrastou o corpo daquele homem para uma caverna próxima e lá começou a trata-lo com ervas durante toda a manhã e toda a tarde. Quando o sol estava dando o seu lugar para a lua, o estranho homem acordou tossindo muito.

Dylan abre os olhos e imediatamente vê que o seu plano deu certo, estava se recuperando. A estranha mulher murmura:

- Incrível a sua capacidade de cura! Como pode já ter acordado? – Dylan admira a beleza daquela mulher, admira a simplicidade de suas vestes, tecido liso e fino de cor clara, sujas de lama. Cabelos amarrados e pele delicada. Pele queimada pelo sol.

- Onde estou? – Pergunta com dificuldade.

- Icador Edhur, Ilha das plantações de Sagac! De onde você veio? – A voz da garota era calma e agradável de ser ouvida. Dylan estava acostumando a conviver com mulheres impositivas e ornamentadas, repletas de ouro e perolas dos mares. Iradas e raivosas. Aquela frágil garota camponesa estava o encantando. Não sabia ao certo o que responder, mas sabia que mentir não era uma boa solução.

A Caverna era pequena. Dylan estava deitado no chão com algumas folhas de bananeira. Conseguiu sentar e apoiou suas costas nas pedras úmidas da caverna. Olhou para fora e viu o mar, a caverna não estava próxima do alojamento dos camponeses.

- Você é esperta! Não quis me deixar morrer e não quis submeter seu povo a algum risco. Isso fala muito sobre quem você é!

Aimee não respondeu, deixando surgir um clima estranho naquela caverna. Dylan sabia que ainda não tinha respondido a pergunta da garota que estava preparando algo na fogueira. Ela se aproximou de Dylan e pôde pela primeira vez admirar aqueles olhos brilhantes e esverdeados. Os dois estavam se olhando pela primeira vez e ambos os corações começaram a bater rapidamente e em sintonia. Dylan toma uma espécie de líquida em um copo partido e faz uma careta.

- Eca! O que é isso? – Pergunta.

- Não importa... Você vai ficar melhor desses ferimentos e acho que algum barco da capital deve chegar em breve com informações e para recolher nossas produções do mês. O rei não gosta de atrasos... Mesmo quando o clima não colabora. Então, você poderá voltar para sua casa! E por sinal você ainda não de disse onde é!

Dylan respirou fundo e sabia que tinha que se render ao sentimento que nunca antes havia sentido... Ele quis conhecer a superfície com o intuito de não morrer e encontrou algo que não estava buscando. Ele retornou naquele local diversas vezes, para encontrar os lábios de sua amada. Um tritão e uma camponesa viviam um romance naquela ilha. Infelizmente Dylan tinha que ser fiel ao seu povo e algo horrível estava prestes a acontecer. 

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⏰ Última atualização: Jul 12, 2021 ⏰

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