! BRANQUINÓU E SUAS ASAS !

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No passado, anos antes de Cristo, existiam espécies de pássaros muito raros, aves brancas que voavam velozmente nos céus, exalando a magnitude de sua liberdade, eram tão lindas que diziam que seus nascimentos ocorriam à partir das lágrimas de profunda felicidade de uma mulher anciã. mas infelizmente o ser humano nunca soube apreciar as belezas da vida sem querer toma-las para si, e consequentemente, as modificando, e, infelizmente, com esses pequeninos anjos do céu, não poderia ser diferente.

Em uma clareira, próxima às plantações de trigo que sustentavam a pequena e pobre vila, havia um pequeno branquinóu, aproveitando do vento que vinha do sul, subindo até o topo das grandes árvores e planando até que suas pequeninas patas pudessem tocar o chão repleto de flores e folhas que caíam das árvores, tão animado e imerso em seu mundo de incontáveis maravilhas entre o céu e a terra, o infeliz Branquinóu não pôde notar à tempo a aproximação daquilo que vinha a ser uma ameaça, e quando retornou ao mundo de nem tantas maravilhas, se viu preso a uma rede que, se debatendo por conta do medo daquilo que não conhecia, apenas se encontrava mais preso do que estivera antes.

Uma sombra se ergueu sobre seu pequeno corpo, era um ser estranho, talvez um predador? De qualquer forma, "Aquilo" não lhe parecia nada amigável. O pequeno Branquinóu foi colocado em uma minúscula jaula de ferro, onde suas magníficas asas não podiam lhe trazer sua amada liberdade, e lá ficou, em um canto não muito iluminado, na varanda da casa daquele estranho ser que lhe tirou a liberdade. Pessoas vinham o ver a todo momento, mas nenhuma parecia ter a intenção de devolve-lo aos céus.

O tempo passara, e a cada dia o pequeno Branquinóu sentia uma dor maior, aquele ser não lhe rancara as asas, mas mesmo assim sentia como se tivesse o feito, da maneira mais dolorosa possível.

Mais semanas passaram, e a notícia de que um Branquinóu "pertencia" a um morador de uma pequena vila probre se espalhou, várias pessoas inham velo, e aquele homem começou a faturar uma fortuna, pois começara a cobrar para que as pessoas pudessem apreciar da beleza de "seu" pequeno branquinóu.

Anos passaram-se, e a vida daquele antigo morador de vila pobre havia mudado completamente, e tudo por conta daquele branquinóu, mas por outro lado, o pequeno ser nunca mais havia sentido da liberdade que tanto amava quando voava pelos céus, agora, apenas uma terrível sensação de não ter mais suas próprias asas lhe vinha a todo o momento, junto com uma imensa agonia por ter de ficar sempre preso naquela prisão de ferro que se tornara sua vida.

Mais tempo se passou, e com isso o Branquinóu envelheceu, sua beleza e disposição já não eram iguais às de um pássaro jovem e livre como um dia fôra, sua exposição já não trazia tanto dinheiro como um dia chegou a trazer, e, por conta disso, ele já de nada servia para o humano que o capturou, então, em uma manhã aparentemente comum, o humano pegou sua gaiola e a levou para um clareira, estranhamente está clareira lembrava ao Branquinóu a clareira que fôra capturado, mas ele sabia que isso era impossível, pois assim como sua vida, mesmo que parecesse a mesma, era claro que não era.

E então o homem se agachou, colocou aquela gaiola de ferro que o Branquinóu havia ficado por todos esses anos, no chão e a abriu, de começo o Branquinóu não entendeu, ficou confuso com oque aquilo significava, mas depois de uma fala de impaciência do homem mando-lhe sair, ele compreendeu, aquele era o momento que tanto esperava, enfim, receberia sua amada liberdade de volta, então, esperançoso e eufórico, ele deu, em anos, o primeiro passo de encontro ao seu mundo, seu mundo de incontáveis maravilhas, pegou impulso, preparou suas asas e as locomoveu, pronto para finalmente voltar aos céus, mas nada aconteceu, ele não sentia vento nenhum indo de encontro ao seu pequeno corpo, o Branquinóu ainda se encontrava no chão, tentou outra vez, mas novamente nada aconteceu, desesperado o Branquinóu pulava e batia suas asas, mas ainda continuara no chão, acontece que por passar tanto tempo preso e isolado dentro daquela minúscula jaula de ferro, o infeliz Branquinóu havia desaprendido a voar, perdera essa habilidade natural que lhe proporcionava tamanha liberdade.

Choveu naquela noite, e agora sem poder voar, o Branquinóu correu para se abrigar, na manhã seguinte o Branquinóu já não suportava mais a dor de perder uma coisa que lhe proporcionava tanta liberdade, a dor era tamanha que não conseguiria suportar nem mais um mísero segundo sem voar, então, decidido, caminhou a um gigantesco penhasco, talvez até não fosse tão grande assim, mas para aquele pequenino pássaro parecia o topo do mundo, então, caso caísse, nunca mais voltaria.

O Branquinóu pôs-se a beira do penhasco, sim ele estava pensando nisso, agora, ou ele voaria ou morreria, não havia outra opção em sua mente, não suportaria viver "sem" suas asas, aquilo que lhe trazia liberdade.
O Branquinóu se preparou, todo eufórico, a ansiedade o dominava, mas ele não hesitaria! Se aproximou ainda mais da beirada, e se jogou, era esperado que começasse a voar e subir, mas isso não aconteceu, no final de tudo, ele apenas teve um fim triste e miserável.

MORAL: Muitas vezes nós nos encontramos na mesma situação que o próprio branquinóu, temos aquilo que nos traz a nossa liberdade, nossa felicidade, que seriam as nossas asas, e estamos tão perdido e completamente afogados no nosso próprio mundinho que não percebemos o perigo que está á espreita, e então perdemos as nossas asas, e como o Branquinóu, não pensamos em outra alternativa, nós queremos aquilo e ponto, é como se nós não pudéssemos ser felizes sem aquilo, e essa questão está errada, por que sim, nós podemos ser felizes de outra forma, é bom que tentemos alcançar de volta nossas asas, mas se não houver jeito, por que sofrer tanto se podemos arranjar outra forma de sermos felizes? nossa felicidade não está em apenas uma coisa, então tomem cuidado para não serem ingênuos como o Branquinóu, se não tudo que nos resta é um fim miserável.

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