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Um dia se passou, ou seja, agora estamos no domingo.

O que Camila fez com todos aqueles corpos dos pobres animais?

Bom…teve que despregar um por um da parede e colocá-los juntos em sacos, esses que pediria para seu pai decarta-los em algum lugar bem longe. Por enquanto só deixou os vestígios no lado de fora, na barraca de madeira onde elas guardavam tudo o que era para jardinagem, além do carpete sujo de sangue e qualquer coisa que Michelle destruira e o pai de Camila teria que levar embora.

Não vou entrar em detalhes sobre todo o trabalho que ela teve que ter para retirar um por um, mas em alguns momentos a mulher fraquejava e se sentia impotente. Não é para menos, quem espera ter que fazer algo desse tipo algum dia?

Depois que terminou o trabalho na parede, o que sobrara era o sangue, além dos buracos. Camila fez de tudo para limpar o máximo que podia, depois disso com toda a certeza iria fazer uma reforma, provavelmente seu pai também poderia ajudá-la com isso.

Ela teria muito o que conversar com ele.

Antes de sair checou o quarto onde Lauren estava trancada. Por alguma razão ela permanecia dormindo, mesmo que nesse momento seria provável que os efeitos da injeção já tivessem acabado.

Por precaução Camila manteve a porta trancada.

Ao descer as escadas se lembrou do que acontecera na cozinha…

— Merda.— xingou ao ver todas as louças quebradas no chão. Ainda teria que arrumar essa bagunça.

Sua cabeça latejou indicando que o corte ainda existia e que ela precisava de ajuda. Ela precisava ir ao hospital, o mais rápido possível.

Tratou de simplesmente empurrar os pedaços para o lado com uma vassoura abrindo caminho para que ela fosse para a garagem. Quando finalmente chegou, após tomar muito cuidado para não pisar em nada tropeçou em algo que estava ao lado da porta.

Gemeu de dor quando seu corpo caiu ao chão e usou as mãos para proteger seu rosto. Assim que viu o que havia feito ela cair sentiu seu coração se apertar.

Era a maleta que havia comprado para a esposa na noite de quarta-feira.

Camila queria deitar ali e chorar por alguns dias até não sobrar mais água em seu corpo, mas ao invés disso se levantou e seguiu em direção ao carro.

Pegou sua bolsa e agarrou seu celular tomando um susto ao ver o dia que indicava na tela.

— Domingo…— uma da manhã em um domingo.— Isso significa que eu faltei dois dias no trabalho.

Olhou as notificações, dezenas e dezenas de chamadas perdidas vindas diretamente da escola, além de mensagens, dezenas de mensagens.

— Eu estou ferrada.— disse a si mesma, sua voz ecoando pela garagem e mais uma vez sentiu uma pontada em sua cabeça, era a dor do seu corte a chamando para o que realmente importava nesse momento.

Camila não sabia se seria capaz de dirigir até o hospital, também não tinha ninguém para pedir ajuda além do seu pai…

Clicou no contato no mesmo instante e esperou longos segundos até ele atender com a voz cansada de quem acabou de acordar.

(…)

O caminho foi silencioso.

Alejandro não demorou muito para chegar e não fez perguntas, o que fez Camila agradecer mentalmente por isso. Ela não queria conversar, não queria dizer o que aconteceu, mas obviamente seu pai tinha uma ideia.

A chegada no hospital foi cercada de olhares, afinal a morena tinha sangue seco por todo o seu corpo, toda a sua roupa e sua aparência estava péssima, como se ela tivesse acabado de sair de um filme de zombies.

MICHELLE Onde histórias criam vida. Descubra agora