Oliveira Family

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Acordei com o celular tocando na cabeceira da cama. Por ter chegado tão tarde, não dormi muito, então atendi grogue de sono.

- Bom dia - disse mamãe alegremente. - Como você está, filha?

- Com sono - disse bocejando. - Pensei que vocês tinham me esquecido, porque ficaram uma semana sem me ligar.

- Na verdade seu pai ligou, mas só deu caixa postal. Como suas irmãs disseram que você estava viva, não me preocupei muito. - Claro que não, pensei.

- É a mamãe? - perguntou minha irmã, acordando.

- É, quer falar com ela?

- Quero - respondeu, pegando o telefone da minha mão e saindo do quarto. Tchau, mamãe...

- Você vai almoçar na casa dos meus pais? - perguntou Sofia, colocando a cabeça no vão da porta que minha irmã largou aberta. Embora fosse tentador dormir mais, estava curiosa.

- Vou.

- Minha irmã quer saber se você quer que ela venha buscá-la - falou fazendo careta.

- Quero sim.

- Ótimo, porque ela já saiu de casa - riu. Ninguém dizia "não" para essa garota?

Embora eu não tivesse nenhum motivo concreto, queria ficar apresentável, por isso, vasculhei o guarda-roupa até encontrar algo que me agradasse. Calça jeans, sapatos de salto e uma blusa estampada em diversos tons de amarelo e laranja. Tomei banho (sem ninguém mandar) e fiz uma maquiagem básica com olhos esfumados. Antes que tivesse a chance de terminar, Renata invadiu meu quarto, fazendo Catcher ter um ataque de êxtase. Ele vinha se mostrando tão apaixonado por ela, que eu começava a ter ciúmes.

- Você não vai com essa blusa - ela me recriminou, abrindo meu guarda-roupa.

- Bom dia para você também.

- Oi. Você não vai com essa roupa - tentou novamente.

- O que tem de errado com ela?

- Você parece um suco gigante de frutas cítricas. Seu cabelo, mesmo que seja lindo, não está valorizando sua blusa nesse momento. Toma - disse, jogando para mim uma blusa justa nos seios e na barriga, mas com mangas mais largas. - Coloca essa.

- Ok. - Não tinha como discutir com ela.

- Terça à noite você vai fazer alguma coisa?

- Depende do que estiver passando na televisão. - Embora parecesse, não era brincadeira.

- Você precisa sair mais. - Jura? - Vamos ao shopping comprar umas roupas novas, você também precisa de uma mudança de visual. - Percebendo minha expressão indignada, ela completou: - Sempre melhora o ânimo das pessoas mexer no cabelo. O que você acha?

- O que eu acho de me tornar um experimento nas suas mãos? Tentador, mas, não.

- Farei você mudar de ideia.

Eu não duvidava.

Chegamos à casa da família Oliveira antes das outras. Renata foi entrando e eu fui atrás como um ratinho assustado. Conhecer os pais delas me deixava insegura, o que era bobo se parasse para pensar. Uma senhora na faixa de uns 45 anos veio ao nosso encontro, saindo da cozinha, e sorriu para mim.

- Olá, você deve ser Laura - cumprimentou-me, com um curto abraço apertado. - Ouvi muito sobre você.

- Coisas boas, espero. - Disparei meu melhor sorriso de comercial de pasta de dentes em sua direção.

- Não conte com isso - interveio uma voz grossa surgindo das escadas. Todos riram e eu, obviamente, fiquei vermelha igual a um pimentão. - Não se envergonhe, todos nós um dia já dançamos em cima de uma mesa. A propósito, eu sou César - apresentou-se. Disparei um olhar mortal na direção de Renata, que se escorava na mãe de tanto rir.

The Girl With Red HairOnde histórias criam vida. Descubra agora