Para pilotar um avião é preciso coragem, não é somente uma vida em risco, dezenas de pessoas confiam no piloto para sair de um país e ir a outro em perfeita segurança e conforto, nada de turbulências no caminho por favor, mas nem todos conseguem relaxar durante o voo, alguns passam todas as horas dentro do avião tensos, contando os minutos para estarem de volta a terra, o que é totalmente compreensível, eu aprecio a profissão de quem comanda tudo isso, da saída até a aterrissagem o piloto precisa sempre estar atento, é triste pensar que pessoas saíram de um lugar na esperança de aterrissar em outro, mas no final não voltaram para casa, mas não foi culpa do piloto, as vezes pode ter sido culpa de ninguém, mas aconteceu e era exatamente nisso que Lili pensava enquanto caminhava para dentro de um avião, saindo então dos Estados Unidos para o Brasil.
Seu pai insistiu que a garota não conseguiria viajar sózinha, então sua mãe á acompanhava com muito prazer, mas para Lili não era tão prazeroso ter sua mãe por perto.
- Quando você volta?- Ana perguntou assim que já estava instalada corretamente em sua cadeira
- Não sei,mãe- Lili respondeu olhando para a janela
- Vai demorar muito?
-Pretendo.
-Será que você poderia ter uma conversa decente com a sua mãe?
Os pensamentos de Lili passaram por lembranças onde muitas vezes Ana demonstrou não ser uma mãe de verdade
-Hoje não, tente amanhã, quem sabe- As palavras sairam em um tom de frieza que Ana não esperava
-Vocês querem alguma coisa? - Uma comissária de bordo interrompeu Ana quando iria responder, e em seus pensamentos, Lili agradeceu
- Pode me trazer saquinhos de amendoim?
- Eu imaginei que pediria isso- Disse Ana com um sorriso no rosto- Pode ser whisk para mim?
-E eu sabia que pediria algo com alcool no meio.
-Só quero aproveitar o que o seu pai deixou de bom.
-Bebida não é bom.
A conversa se encerrrou e o dia claro deu inicio a um por do sol lindo, e enquando Lili o admirava, sua mãe dormia na cadeira ao lado, e atrás das duas, o som de uma música alta tomava conta do lugar fazendo a garota virar para trás. Haviam atrás delas um garoto, aparentemente com a mesma idade que Lili, e um moço que deveria ser pai do garoto.
- Pode abaixar?- Lili cuchichou para não acordar sua mãe, mas o garoto com fone de ouvido não escutou
-Por favor?- Ela insistiu mas nenhuma reação, o garoto também estava atento ao por do sol, então Lili bateu em sua cadeira, finalmente chamando sua atenção, e Lili riu do susto que ele tomou.
-Sim?- Disse o garoto agora sem o fone de ouvido
- Seu gosto musical é péssimo
Enquanto ria o garoto respondeu:
- Então vai me dizer que o seu é melhor?
-Com certeza
-Não trabalho sem provas
Llili tirou o celular do bolso com um sorriso convincente, mostrou-lhe a mão para pegar o fone e o garoto sedeu, encaixou o fone em seu celular e deixou a música soar até chegar no ouvido dele
-São boas músicas, mas não são melhores que as minhas.
- Eu não gostei, então peço que abaixe o volume
-Tudo bem, não vou atrapalhar sua rede de pensamentos .
- Era você quem estava vidrado na janela, pensando na vida?
- Pensando na minha música- O garoto devolveu o celular de Lili
-Se você diz- Ela voltou a virar para frente e viu os pacotes de amendoim que havia pedido, enquanto abria um deles, sentiu uma batida vindo de trás de sua cadeira
-Você não se apresentou- O garoto disse com um sorriso no rosto
- Nem você
-Lukas
- Não é um nome ruim
-Agora é sua vez
-Você não vai saber meu nome, aliás, agora vou me virar e terminar de comer meu amendoim, enquando ouço músicas de qualidade
- Llili! Você derrubou os amendoins no chão! Isso que dá ser desatenta desse jeito- Falou sua mãe que acabará de acordar
-Obrigada mãe, estragando tudo como sempre- A frase saiu mais fria do que o planejado.
Os olhos de Ana saíram dos de Lili e foram diretamente para os de Lukas
-Amigo novo?
-Não.
- Oi,sou Ana, mãe dessa garota sem educação aqui- Se apresentou Ana com um tom brincalhão
-Lukas e eu não acho que ela seja tão ruim assim.
Lili virou-se para frente, colocou os fones e em uma tentativa fútil de ignorar o mundo, deitou-se para olhar a janela,aliás, seriam 10 horas e alguns minutos de voo, e conversar não é o que Lili gostaria de fazer agora.

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Atrasos.
RandomLili Carlien era mais que uma simples adolescente comum, empolgada com novas oportunidades que o trabalho de seu pai lhe proporcionou, agora a garota teria grandes responsabilidades para lidar, seria muito para uma adolescente mal acostumada como el...