A vida de Pip, vista por segundos e terceiros, certamente não parecia das melhores para se viver. Ele constantemente era vítima de bullying e violência física e verbal de um modo bem generalizado. Não tinha amigos e constantemente era assediado pelos colegas, mas o loiro nunca, nunca se defendia.
Ele agiria assim por princípios? Por ser uma pessoa pacífica e contra a violência? Por ser um bom cristão e sempre dar a outra face ao tapa?
Bem, na realidade existem algumas coisas sobre Pip que, de fato, justificam a falta de autopreservação, mas nenhuma delas é relacionada a princípios.
Phillip percebeu alguns desses detalhes sobre si mesmo há muito tempo, quando ainda morava na Inglaterra e tentava conquistar o coração da jovem Estella. Primeiro não entendeu muito bem porque gostava de quando a garota proferia todos aqueles xingamentos contra sua pessoa e não conseguia conter os sorrisos diante de tudo isso.
Então, quando ela lhe chamou para o jardim para aquela brincadeirinha de bater com um tronco de madeira contra a sua cabeça, Pip finalmente percebeu que gostava disso.
Quando se mudou para os Estados Unidos com uma mão atrás e outra na frente, para a casa de uma tia de segundo grau que só conhecia por fotos, Phillip não pensou que seria uma experiência tão boa.
Ele foi para o seu primeiro dia de aula sem grandes expectativas, sorriu e foi educado com todos como lhe ensinaram na escola de cavalheiros. Mas, por algum motivo, ninguém gostou muito de Pip. Talvez por ele ser estrangeiro e muito diferente do que aquelas outras crianças estavam acostumadas, mas o loiro não conseguiu um amigo sequer durante anos e por todo esse tempo todos o escolheram como o principal alvo de bullying.
Sentia-se envergonhado por não achar aquilo, particularmente, um problema. Nem mesmo se incomodava com o apelido e as grosserias verbais.
Mas precisava muito se controlar para não deixar óbvio que não achava nada realmente ruim, às vezes era um pouco difícil, mas Pip conseguia. Bem, eventualmente os xingamentos sem graça ajudavam, seus colegas nunca foram tão criativos com ofensas quanto Estella era... De um modo geral, já estava muito acostumado a toda sua situação e como deveria se comportar diante dela.
Sempre estava ansioso com a perspectiva de mais um dia no colégio com a companhia daquelas outras crianças que tanto diziam lhe odiar. Naquele dia no passado, quando deveria ter uns nove ou dez anos de idade, pensou que seria apenas mais um agradável dia normal na sua vida... mas, assim que ele apareceu, tudo ficou melhor.
Damien Thorn fez da sua presença algo bem marcante e logo à primeira vista Phillip já enxergou muito potencial. O jeito que ele ficou facilmente irritado, incendiou e jogou a mesa de Eric Cartman pela janela, era algo bem interessante. Os olhos do loiro brilharam só por observar a cena e imaginar as possibilidades, mas ficou quieto.
Apenas no intervalo pode se aproximar do filho de Satanás e usou a sua velha abordagem para irritar as pessoas, mas ele lhe chamou de Pip e somente isso. Quando Damien se zangou, foi pelo que os outros garotos falaram para ele e, mais uma vez, não fez nada contra o britânico. No parquinho o anticristo ateou fogo em um monte de coisas e machucou várias crianças, menos Pip, que ficou cada vez mais frustrado. Nada parecia funcionar.
Até que chegou o dia da festa de aniversário de Cartman e os dois ficaram juntos, do lado de fora, pois não haviam sido convidados. A conversa estava normal, até que Damien perguntou:
"As outras crianças sempre te odiaram?"
E Pip teve uma ideia:
"Ah sim" Falou olhando com expectativa para o garoto de preto. "Na verdade, eu acho que eles mexem com o balofo também" Fez aquela breve mímica com as mãos, enfatizando a palavra gordo. "mas agora eles gostam do Cartman também, porque ele implica comigo."
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O segredo de Pip
FanfictionHavia um motivo obscuro para Pip sempre dar a outra face ao tapa com um sorriso no rosto.