Mi Corazón Es Tuyo

Capítulo 7

Para a minha sorte, ela me deixou entrar sem nem perguntar quem era. Por isso, eu nem devia ficar feliz. Tecnicamente, ela não me deixou entrar, ela deixou quem quer que seja entrar.

Entrei e deixei a porta entreaberta, lembrando-me que o senhor Germán não gosta nadinha que ela esteja sozinha no quarto com um menino e que ele virá a qualquer momento. A Violetta ainda não tinha me reparado, pois estava muito concentrada em algo que segurava na mão. Quando finalmente resolveu olhar quem tinha entrado no seu quarto, ficou atônita, surpresa. Ela não esperava que eu viesse. Na verdade, no início do dia eu também não esperava.

Então aconteceu o que nenhum dos dois queria que acontecesse e eu me sinto muito culpado por isso. Talvez, se eu a tivesse reconhecido logo, nosso reencontro seria normal apesar de as coisas entre nós não estarem perfeitas antes da viagem. Pelo menos eu teria certeza de que saberia o que falar pra ela. Agora eu não consigo nem falar um "oi" e isso é triste.

Eu estava ansioso para vê-la, mas em nenhum momento ensaiei o que dizer. Em nenhum momento pensei em qual seria a reação dela ao me ver.

De repente, ela deixou na cama o que segurava e veio até mim, dando-me um abraço forte. Retribuí com a força na mesma intensidade, mas com muito cuidado para que não nos quebrássemos ali mesmo. A Vilu era como uma bonequinha de porcelana para mim. Não é à toa que este foi o apelido que lhe dei: boneca.

- Desculpa - minha voz soou quase inaudível. - Desculpa mesmo, Vilu. Eu não queria que tivesse sido assim.

- Pelo quê, exatamente? - ela perguntou, soltando-se do abraço. - Por não ter me reconhecido ou por estar namorando a Ludmila?

- Pelos dois. Desculpa, Vilu. Eu não soube reagir quando te vi no Studio e também não queria que você tivesse descoberto de qualquer outra maneira sobre o meu namoro. Se você não viu nada, certamente a Francesca contou, né?

- Está chamando a Francesca de fofoqueira?

- Você sabe que é verdade.

- A decepção teria sido menor se você tivesse me contado.

Olhei para ela com cara de "você está ficando louca?". Essa história do León coitadinho eu não precisava repetir a ela, né? Ela passou oito meses em Madri e se consegui falar com ela por dois meses foi muito. Nos últimos quatro ela ficou praticamente incomunicável. Eu tentei falar para ela logo, mas ela não colaborou.

- Se você tivesse me atendido, com certeza eu teria te contado. Eu te liguei, te mandei mensagem por Whatsapp, Facebook, até por SMS! Nunca tinha gastado tanto crédito na minha vida inteira!

- Quem é que manda SMS hoje em dia, León? - questionou como se fosse um absurdo. Realmente era. Ela respirou fundo, preparando-se para o que ia falar: - Olha, eu errei em não ter atendido, te respondido ou sei lá o quê... Admito, eu errei. Fizemos uma promessa antes da viagem que nós íamos manter contato e eu atrapalhei tudo, mas eu tive meus motivos. Outra coisa muito interessante, isso não justifica o fato você estar namorando a Ludmila. Você sabe que eu não gosto dela e que ela me fez muito mal.

- Só que você nunca me disse que mal foi esse.

- Do que adiantaria dizer se para você ela é uma boa pessoa? Ou era, não sei se já mudou de ideia.

Mesmo sabendo que a Ludmila é superficial e diferente de muita coisa que eu pensei que ela fosse, não acho que seja capaz de fazer mal a alguém como a Violetta sugere, ainda mais sem nenhuma razão. Elas mal se falavam! Tenho certeza que a Ludmila nem se lembra da Vilu. Hoje a tratou como se não a conhecesse...

- Quais foram os motivos? - indaguei, mudando de assunto. - Digo, para termos perdido o contato?

- É mais complicado do que você imagina... - deu um risinho fraco e depois baixou a cabeça, triste. Levantou em seguida, como se tivesse se encorajado a falar: - León, você sabe que quem entra no Studio e termina o curso, sai de lá com a vida praticamente pronta. Não só no Studio, a escola onde eu pretendia estudar também me proporcionaria isso, mas teria sido outro curso...