Era um dia quente, o sol estava visível no céu azul, sem nenhuma nuvem à vista. Na antiga Roma, estava um rapaz atado a um poste pelas mãos e pelos pés, com nada mais que a sua própria pele para o proteger dos raios solares, não podendo os infelizes presos ter sequer um pano vestido. Ao seu lado estavam outros presos no chão, também atados e nus. De cabeça para baixo e com grande amargura no seu coração, a cara séria do rapaz, que refletia a sua dor, tristeza e vergonha, não estava visível, pois estava escondida atrás do seu cabelo castanho.
O rapaz estava com as esperanças que ninguém, na enorme multidão que ali se encontrava, o escolhesse, para lhe dar a oportunidade de fugir quando anoitecesse, mas, para seu grande desespero, ele ouviu uma voz na multidão:
- Eu quero aquele!! Aquele rapaz no poste!!
A voz pertencia a um velho bem vestido e com um pequeno, mas intimidante, número de soldados à sua volta. O seu sorriso malvado refletia puro sadismo e arrogância.
O vendedor de escravos libertou os pés do rapaz, algo que ele viu como uma excelente oportunidade para fugir, mas, para seu grande desgosto e aflição, o vendedor conseguiu agarrar nas cordas que ainda estavam presas às mãos dele e o puxou para trás, com uma força que o rapaz caiu logo no chão.
-QUIETO!!! -Gritou o vendedor.
O rapaz logo recebeu umas chicoteadas dos guardas do vendedor, que provocaram-lhe tal dor que ele teve que morder o seu lábio para não gritar e chorar.
Entre as vozes da multidão ouviu-se uma que se destacava de todas as outras:
- Alto! Eu compro-o.
O rapaz olhou e viu aproximar-se um homem alto, intimidante, lindo, de roupas ainda mais belas e com ainda mais soldados do que o velho. O rapaz não conseguia desviar o olhar do homem, tal era a sua beleza, mas ele não era o único, pois os olhos de toda a gente estavam virados para o homem, incluindo os olhos do velho, que já estava a ficar todo corado de raiva que alguém tenha a ousadia de o contrariar.
- NÃO PODE SER! ELE JÁ É MEU!!! -Gritou o velho, aproximando-se rapidamente do vendedor e tirando uma bolsa de dinheiro. Mas, o homem foi mais rápido, já estando a preparar-se para entregar o dinheiro ao vendedor. O velho preparou mais moedas na sua mão para entregar e o homem tirou a mesma quantidade que o velho, acrescentando mais uma moeda, mas o velho fez a mesma coisa e assim continuaram até o velho não querer dar mais, ganhando assim o homem.
- SEU MALDITO! -Gritou o velho, cuja paciência tinha acabado mal o homem tinha aparecido. Mas, vendo o olhar intimidante e zangado do homem, logo se acalmou e voltou a por um sorriso na cara, mas este era um sorriso de medo.
- Tu! Levanta-te e vem comigo. -Disse o homem ao rapaz que ainda estava ajoelhado no chão.
O rapaz tentou levantar-se, mas mal conseguia estar em pé, devido à dor e à mal nutrição e logo começou a cair. O homem, ao ver isto, rapidamente se pôs à frente do rapaz para amparar a queda e o rapaz caiu para cima dele. Quando ele olhou para cima, viu os olhos frios e distantes do homem a olhar de volta para ele. O homem logo olhou para as feridas nas costas do rapaz feitas com o chicote.
- Não consegues andar sozinho, pois não? -Disse o homem com um suspiro e logo ordenou aos seus soldados para ajudar o rapaz a andar.
Quando eles deixaram o mercado de escravos para trás, conseguiam ouvir o barulho dos espectadores e do vendedor à distância.
No caminho para o lar do homem, os soldados não paravam de conversar uns com os outros:
- Que homem mais estranho, aquele tipo no mercado.
- É não é? O nosso senhor não costuma comprar escravos, a não ser que seja para ajudá-los. Aquele velhote tinha um aspeto um pouco estranho, ainda bem que o nosso amo fez alguma coisa.
- Além disso, acho que o nosso amo fez uma bela compra. -Disse um soldado a sorrir enquanto olhava para o rapaz, que continuava com a cabeça descaída. - Pelo que ouvi falar na multidão, este rapaz é grego. Isso já o torna especial.
- Pois é. A cultura grega é muito interessante. A Grécia é um sítio onde nascem vários sábios.
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O Escravo e o seu Mestre
RomansaNos tempos da Roma Antiga, um escravo grego foi comprado por um mestre romano e com o passar do tempo os dois apaixonaram-se um pelo outro. Que tipo de dificuldades terão eles que enfrentar? O que fará o jovem escravo numa sociedade que ele sempre v...