Viviane veio ao mundo e em 2020, faria trinta anos.
Rita se apaixonou pela filha no momento em que a embalou nos braços. Parto normal, às onze da noite. Foi de ônibus às 14h para a emergência, desmaiando durante o trajeto. No entanto, sua irmã a acalmava pelo celular (presenteado pela ex-patroa) enquanto se aproximavam da capital paulista.
Saíram de carro o quanto antes: as duas irmãs de Rita, seu cunhado e a avó da bebê. Os outros permaneceram em Minas Gerais.Não se sabe em qual maternidade Rita concebeu. No relato, diz ter sido claramente vítima de violência obstétrica.
"Forçaram a menina a sair. Me enfiaram três injeções e um 'punhado' de remédio sem minha autorização porque, disseram que eu fiz esforço demais de casa até lá. Falaram que eu tinha matado a menina. Naquela hora, fui eu quem morri.
Depois, a parteira subiu em cima de mim pra empurrar a minha barriga. Quando pari, a nenê não chorou.
E eu chorei muito, de dor, de pânico. Tudo o que sabiam me dizer era que eu fui louca e tinha que pagar.
Não parei de sangrar por umas três semanas porque a sutura que fizeram na minha vagina ficou mal feita. Ficou horrível, deu infecção.Fiz uma promessa de que, se Deus me deixasse sair viva com a minha filha (que eu também não sabia se 'tava' viva), eu iria lutar pra sair da favela e dar uma vida merecida pra nós duas.
E nós conseguimos. Nós duas saímos vivas."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Santa Mônica - Lembranças dos que Vivem
Non-FictionEste projeto está sendo elaborado graças a persona responsável por viver tudo o que se encontra neste arquivo. Graças aos seus sonhos, intensidade e luz, gravo sua história com felicidade no coração. Agradeço a Viviane, por desencadear os acontecime...