Despedida

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A menina estava rodeada de amor. Não havia dúvidas de que ela iria crescer saudável e que Rita cumpriria sua promessa.
Colocava, todas as noites, a menina na cama após amamentar. Segurava nas mãos o rosário e rezava para Santa Mônica interceder em seu ofício maternal. Queria criar a menina com bom coração e afastar todos os problemas que as cercavam.

Por três semanas, os parentes de Rita cuidavam e visitavam a recém-nascida  até ambas saírem da maternidade.

Assim que Dalva, mãe de Rita, vislumbrou de perto a realidade na favela, ficara abismada. Jamais passou em sua cabeça encontrá-la vivendo em uma periferia. Pensou sempre que Carlos havia deixado uma casa para a mulher.
Era o que Rita contara, pois não queria preocupar a mãe.
- Você vai ter que deixar essa criança ir morar no sítio em Minas. Não tem condição de trabalhar e vigiar.
Eu crio. Você vai trabalhar e mandar o dinheiro quando puder. Filha, 'cê' pede o emprego de novo e volta a morar com a sua patroa. - recomendou.

E, mesmo com o amor incondicional de mãe, o apego mútuo e a saudade, Ritinha sabia que não podia fugir da realidade. Sua filha precisava de cuidados e de uma vida melhor. Independente do quanto amaria presenciar seu crescimento, faria de tudo para financiá-lo de longe.
- É, mãezinha... Conselho da senhora é bom pra mim. Eu vou sim. Se Deus colocou isso na minha vida, assim será feito.

Dando seus últimos beijos e abraços, despediu da família e da filha aos prantos. O aperto no coração foi inevitável.
- Ela vai ser minha meninazinha. Vai vencer o mundo, eu sei que vai.

Santa Mônica - Lembranças dos que VivemOnde histórias criam vida. Descubra agora