Delírio instante

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“Desenrolei de dentro do tempo a minha canção: não tenho inveja às cigarras: também vou morrer de cantar” (Cecília Meireles)

Quero um abraço apertado
revirado
no leve descompasso
em que me desfaço
sem restar de mim pedaço.

Quero um peito arfante
anelante
aconchegante 
na inocência velada
desta entrega articulada
de almas arrebatadas em uma dança embalada.

Quero o fôlego engasgado
da emoção sem-chão
descompaixão
em toques da pele à flor
em um misto de frio e calor
revelando-se multicor.

Por fim, quero o colo cálido
sólido
pálido
após o delírio instante
debruçar a fronte no ombro amante
e me esquecer completamente neste agora pulsante

fora de mim...

(São Paulo, 02/07/2010)

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