Meu Infinito em seus Olhos | Yoonmin

Capítulo único: o nascer do sol no dia mais escuro

Nota da autora: Aqui é a Jubs! Minha primeira One Shot nesse projeto maravilhoso. É um pouco tensa, tem menção a abuso, se você não se sente confortável com o tema, não leia! 

Aos demais, espero que gostem.

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Jimin não lembrava de muita coisa de sua antiga vida, mas as poucas coisas que se lembrava não eram lembranças felizes. Tinha flashes de seu pai batendo na mãe, de sua mãe desesperada por drogas, de outros homens que ele via sair de sua casa pela manhã.

Aos 14 anos, tudo mudou. Sua mãe disse que eles iriam fazer uma viagem juntos. Iludido, o adolescente estava confiando de que era o começo de uma mudança. Estava animado, era sua primeira vez em um avião, sua primeira vez saindo da Coreia, e quando chegou na China, ele não conseguiu disfarçar o quanto estava feliz. Era um adolescente ingênuo. Não sabia que estava indo de encontro à sua maior prisão.

Na noite daquele dia fatídico, Jimin viu sua mãe pela última vez, e a cena não foi das melhores. Ele foi analisado por um "médico" e depois por um homem bem mais velho, que cheirava a cigarro e vestia roupas com estampas duvidosas. O homem pegou firme em seu queixo, virando-o de lado, analisando.

Com apenas 14 anos Jimin já era bem atraente. O corpo em formação para a fase adulta era revestido de músculos em fase de crescimento, os lábios cheios contrastavam com os olhos pequenos e seus cabelos pretos se intensificavam comparados à cor de sua pele alva.

Claro que não seria rejeitado.

E, de fato, não foi.

Naquela noite, Jimin foi vendido pela mãe a Zyon, o chefe da máfia chinesa, que vendia e comprava jovens para as mais indecentes e sujas razões. Foi dado como moeda de troca para pagar as dívidas da mãe, e, mesmo que tivesse implorado, se humilhado e chorado, nada fez com que a progenitora olhasse para trás. O pesadelo particular de Jimin tinha apenas começado.

Sete anos depois, agora com seus vinte e um anos, Jimin era um dos exclusivos de Zyon. Depois de anos de abuso, uma parte dele se conformara, afinal, ele poderia muito bem ter sido vendido e sabe-se lá o que teria acontecido... Pelo menos ali, na mansão da máfia, Jimin tinha roupas, comida, um quarto só para si; ninguém poderia tocá-lo ou mexer com ele, mas não tinha nenhuma liberdade. Sabia de segredos do mafioso, sabia de esquemas e era monitorado 24 horas por dia. Jimin não poderia fazer nada sem a aprovação de Zyon. Aos que olhavam de fora, acreditavam que ele era um cachorrinho manipulado, mas ninguém via a chama que ainda ardia no coração de Jimin: a chama da determinação em fugir.

Não tinha passado um dia sequer daqueles sete anos que Jimin não tenha tramado algum plano para sair dali, mas infelizmente nada dava certo, sempre tinha alguém na sua cola, ou ele ficava com medo demais e desistia. E, naquela noite, enquanto passeava no quintal da mansão, sozinho, já que os portões estavam trancados, ele estava mais uma vez pensando em como faria para fugir.

— Eu já disse que tô arrumando isso. — Jimin parou ao escutar a voz. Um tom grave e rouco, falando sua língua nativa, o coreano. Há anos Jimin não escutava alguém falar coreano. — Eu vou resolver tudo, eu sempre resolvo. Ok, tchau. — E então, o barulho de uma porta de carro se fechar.

Jimin só teve tempo de ver as costas do homem entrar na casa e algo se passou por sua cabeça, algo que ele executou no mesmo momento. Entrou no carro do homem e se escondeu, abaixado atrás do banco do motorista.

Seu coração batia tão alto que ele podia sentir a pulsação em seus ouvidos e nem notou quanto tempo passou ali, com as pernas formigando, a cabeça girando, a respiração gelada. Poderia dar tão errado... O homem poderia chegar e o entregar para Zyon, o homem poderia levá-lo para outro cativeiro... Mas, naquele momento, Jimin só queria sair dali, sair daquela mansão, sair da China.