Prólogo

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Campinas, 18 de abril de 1998

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Campinas, 18 de abril de 1998

Já era noite quando Ana caminhou de volta para casa, na companhia de Gabi. Sentia a brisa da noite bater em seu rosto enquanto dobrava a esquina da rua onde morava, prendeu os cabelos loiros novamente em um coque enquanto ouvia a amiga reclamar da prova de História que teriam no dia seguinte.

— Você sabe que a professora desconta até uma vírgula faltando. — Gabi suspirou, inconformada. Como ela, a amiga também prendeu os próprios cabelos e riu ao ver o modo como prendia os cabelos negros. Fazia os movimentos com certa violência, como se o couro cabeludo tivesse culpa do modo que a professora corrigia a prova.

Assim que entrou na rua, sentiu o cheiro de fumaça. Olhou para Gabi, que olhava fixamente à sua frente, estática.

— Gabi? O que... — Olhou para a mesma direção da amiga e as batidas do coração pareciam contadas, porque eram lentas e profundas. Polícia, ambulância e bombeiros cercavam uma casa muito próxima à sua. Uma casa em chamas.

Ana correu como nunca correra na vida e, quando percebeu que a casa em chamas era a sua, caiu de joelhos no chão. Ficou olhando o movimento dos policiais, dos bombeiros, ouvindo o som das sirenes e das pessoas olhando a casa em chamas, aterrorizadas.

— Ana! Ana! — Ouvia a voz de Gabi, mas parecia estar muito distante. Aliás, tudo parecia estar distante. Os olhos caramelos de Ana começaram a ficar molhados, a fumaça a sufocava, o fogo, agora mais baixo, permitia a visão da casa queimada.

Eles não estavam em casa, eles falaram que iriam sair, dizia a si mesma, mas quando viu a maneira que o policial olhou para ela, depois de uma das suas vizinhas apontar na direção onde estava, Ana soube que os pais não tinham saído como falaram que iam.

— Você é Ana Carolina Barbosa? — o policial perguntou depois que se abaixou de joelhos diante dela, para ficar na altura dos seus olhos. Como não conseguia achar a própria voz para responder, apenas assentiu minimamente a cabeça.

— Sinto muito, querida — falou, mesmo que Ana não tenha olhado para ele nem por um segundo.

Algo dentro dela havia se quebrado em assombro ao lembrar de como o dia havia amanhecido bonito, tão belo, que nem reclamou quando acordou cedo para ir à escola, algo sobre o qual toda menina de 15 anos reclamaria.

A casa onde moravam não era grande, nem muito pequena, gostava de dizer que era ideal para uma família de três pessoas viverem. A cozinha era bem iluminada, com armários brancos e, na pequena mesa quadrada de vidro, estava o café já posto.

Sua mãe sempre o deixava pronto, já que ela e o marido acordavam mais cedo para o trabalho. E o estômago de Ana roncou quando viu a cesta de pães franceses frescos e quentinhos. E logo sentiu o aroma do café forte da mãe e, mais desperta, sentou-se para comer.

Assim que terminou, voltou para o quarto com as paredes brancas, que tinham essa cor porque não conseguiu escolher uma para elas, a cama de solteiro bagunçada e, como estava quase na hora de pegar o ônibus, deixaria assim mesmo, desarrumada. Abriu a janela e deixou a luz do sol entrar e viu que não era só a cama que estava uma bagunça. A mesa de estudo tinha tantos papéis que ela nem conseguia ver o teclado branco do computador.

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