Capítulo III

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Na manhã seguinte à festa, Benjamin, abalado, acordou com o seu humor lá em baixo. Estava triste, se sentia humilhado e culpado. Mas ele sabia que aquela culpa era algo que ele não devia carregar, mas não conseguia se livrar dela.

Ouviu alguém bater na porta do seu quarto, a porta rangeu e a mãe de Benjamin, Úrsula Nathaniel, entrou no recinto vestindo um exuberante e elegante vestido vermelho que ia até os seus joelhos, que contrastava com os seus brincos amarelos e o seu fino salto-alto. A mãe percebera que o filho não comparecera à mesa do café da manhã e iria se atrasar para a escola.

- Vim aqui te ver filho, - ela, com uma postura que emanava classe, disse - você não desceu hoje à mesa.

- Eu não vou para a escola hoje - Benjamin retrucou, secamente.

A mãe girou o pescoço observando as roupas da festa largadas na cadeira do computador dele e mirou o olhar em um retrato de Adam e Benjamim abraçados, em cima da mesa.

- Me conta, o que houve? - ela perguntou.

Benjamin conhecia a sua mãe. Ela não estava nem um pouco interessada em saber o que estava fazendo ele ficar triste. Ela apenas se forçava a fazer o que toda mãe faz.

- Foi algo entre você e o Adam? - ela insistiu.

Benjamin permaneceu em silêncio, mas hesitou por um momento, poderia dar uma chance à mãe e esperar um pouco de compaixão dela.

- Foi. - Ele respondeu com um tom tristonho.

A mãe olhou para o filho por um certo tempo, pensando na melhor resposta para acalentá-lo.

- Tenta conversar com ele. Vocês já passaram por tantas coisas juntos.

- Eu já tentei. Ele não quer falar comigo. E ontem... - Ben pausou por um instante e resolveu não contar para a mãe sobre a festa - ...eu tentei de novo e ele não falou comigo.

- Ah, sim, que pena.

O quarto ficou mais um bom tempo em silêncio, a mãe não dizia nada, não parecia interessada nos sentimentos do filho, parecia que estava ali por obrigação.

- Bom, - ela quebrou o silêncio - é melhor você descer e comer alguma coisa antes de ir para a escola.

- Mas eu não quero ir para a escola! - Ben insistiu.

- Você vai sim para a escola! - ela ordenou, calmamente.

Benjamin sabia que era inútil lutar contra a ordem da mãe, então se levantou enquanto ela deixava o seu quarto e batia a porta atrás dela. Depois de arrumado, Ben desceu as escadas do quarto e paralisou quando ouviu a sua mãe tentando falar algo baixo com o seu pai, Darton Shon.

- Eu não vou deixar que ele perca nenhuma aula! - ela dizia - Ele não pode vacilar em perder aquele mérito no fim do ano.

A mãe fez uma pequena pausa.

- Ora, não me olhe assim Darton. Você mesmo sabe que isso é muito importante. Eu e você temos muita influência e provavelmente vamos estrear a revista Forbes de fim de ano, eles querem escrever uma coluna sobre o Benjamin, ele ainda não sabe disso. Se ele ganhasse esse troféu, ele iria ser muito bem visto pelas instituições do mundo, nenhuma iria recusá-lo. Mas se ele não ganhasse... - ela usou um tom de desgosto - além de gay, um filho burro, faça-me um favor.

- Não se prenda muito a esse troféu, Úrsula! - Darton a alertou.

Benjamin apareceu na cozinha disfarçando, cessando a conversa dos dois que nem desconfiavam que Ben ouvira toda a conversa, pegou uma maçã e avisou ao pai que já estava pronto para a escola.

Benjamin e GermanoOnde histórias criam vida. Descubra agora