Na manhã seguinte fui despertando aos poucos por conta da dor de cabeça que já havia se revelado. Meus olhos alcançam o celular em minha frente e quando avistei que já se passava da uma da tarde levantei em um supetão, fazendo minha cabeça doer mais.
E, para minha surpresa o carro que tinha sido minha cama esta noite, já estava parado em frente minha casa, Caio estava lá com um copo de café em sua mão direita sem nossa aliança de namoro, ele se encontrava estático assistindo meu sono com olhar pervertido voltado para minha calcinha, pouco revelada pela minha calça aberta.
- Que bom que acordou, já está na minha hora de ir trabalhar. - Ele diz ainda fitando minha peça íntima.
- Meu Deus, minha mãe vai me matar... - Eu digo fechando minha calça e me erguendo a mão para abrir a porta do carro.
-Calma s/n eu avisei que íamos dormir fora. - Diz me ajudando a sair o mais rápido possível do carro.
Após sair vou direto para dentro de casa, pensando no que Caio disse, pois minha mãe nunca concordaria que eu passasse a noite fora. Algo deve ter acontecido. Penso em perguntar para meu namorado, mas quando olho para trás o carro já não estava mais lá.
Entrando em casa encontro minha mãe e meus avós sentados no sofá da sala, ambos estão chorando e sinto um arrepio na espinha quando resolvo perguntar o porque.
- Mãe... Alguém morreu ? - Digo assustada pelo choro deles.
Minha mãe não responde, mas minha vó se levanta e respira fundo antes de falar, como se fosse algo pesado demais para pouco fôlego.
-Seu pai minha querida... Ele... Ele...
- O que houve com meu pai Vó? - Eu a incentivo a terminar de falar.
- Ele não voltará mais... Ontem a noite, ele chegou e pegou as roupas dele, admitiu estar traindo sua mãe e se foi.
- O que? - Me sento no sofá sem rumo.
Não entendo como ele pode fazer isso com minha mãe depois trinta anos de casados, sabendo que foi o único homem que ela já conheceu de forma particular... As brigas que ele iniciava em casa, agora entendo o motivo. Quem seria essa mulher?
Saio sem rumo para rua, paro na calçada e penso em encontrar com Caio em seu horário de pausa do serviço, com certeza ele sabia que o motivo de minha mãe me deixar dormir fora era esse, como pode não me falar?
Pego o ônibus e olhando atentamente para a janela que me distraia e impedia de começar a chorar, percebo que uma de suas paradas é exatamente em frente a academia de dança que estava estampada no informativo que o dançarino das belas tatuagens tinha me entregue noite passada. Assim que saio de meus pensamentos para a realidade percebo que estou parada olhando para entrada da academia de dança, dando conta disso me assusto e dou meia volta para pegar o próximo ônibus, mas ao me virar trombo com o mesmo que me ofereceu o panfleto. O reconheço pelas tatuagens em seu braço reveladas pela sua camisa com mangas curtas.
O encaro após tomar um grande susto vergonhoso, e após uma longa risada do rapaz e um forte olhar de cima a baixo em minhas roupas, o mesmo diz.
- Vejo que não dormiu em casa noite passada mocinha... Com essa calça jeans será um pouco desconfortável dançar.
- E-eu não sei o que dizer... Não era para eu estar aqui. - Digo gaguejando de cabeça baixa.
- Sério? Mas está... Que bom que está, a aula já vai começar.
Ele me puxa com firmeza e delicadeza até a sala de aula.
- Você já dançou ballet antes? - Ele me pergunta olhando para meus pés parados em formato "V".
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Olhando a Vida nos Olhos
RomanceQuando se está cansada de apenas sobreviver e resolve "olhar a vida nos olhos", a ansiosa S/n, se arrisca em uma nova forma de viver sua vida. Sem rumo ou um plano, por amor a dança e em busca de autoconhecimento; o destino faz com que ela esbarre...