Uma carta para minha ex melhor amiga.

Capítulo único.

Era três de fevereiro de dois mil de quatorze quando conversamos pela primeira vez, eu não imaginava que a frase "me empresta a sua régua?" seria o começo do que nos tornamos, e acho que você também não.

Isto é para minha ex melhor amiga, aquela a qual todos meus segredos de criança contei. E não, eu não pretendo relembrá-los, mas se você quisesse, eu os contaria mais uma vez. Talvez se compartilhássemos novos segredos, voltaríamos para o ano de dois mil de quatorze, e talvez você esconda algo que apenas você saiba, eu entendo, há coisas que eu jamais contaria a você. Mas algum tempo depois você acaba esquecendo disso e contando para uma outra pessoa, por que?

Você era meio problemática (no bom sentido), eu lembro disso, estava sempre disposta a ouvir você tagarelar por horas coisas sobre sua família, e agora você compartilha os seus segredos preciosos com pessoas iguais ao que você está se tornando, e eles não ligam, logo, você não ligará também.

Lembro-me que trocávamos cartas, aquilo era a prova mais sincera de amor que tínhamos em mente, nós fazíamos a mesma dobra no papel e depois colocávamos na mochila da outra.

Mas nós mudamos, não somos mais as mesmas de seis anos atrás, duas garotinhas imaturas de oito anos, e não há motivo algum para sermos, pois muitas coisas aconteceram, e somos completamente diferentes agora. Completas estranhas caminhando em sentidos opostos, e talvez não fosse querer do destino que caminhássemos juntas até o fim, mas agradeço por ter começado essa caminhada com você.

Não me esqueça, nunca. Eu jamais esquecerei de você. Nossos momentos foram preciosos demais para serem descartados.

Cesare Pavese, um poeta italiano, disse: "Não nos lembramos de dias, lembramo-nos de momentos."
Não consigo lembrar as datas dos nossos encontros na minha casa ou na sua, mas tudo o que vivemos foi surreal, incrível, parte de mim ainda está ali, com você.

Fomos uma pequena poesia mal feita que acabou dando certo.
Nossos versos e estrofes ainda estão em desenvolvimento e, talvez, possamos nos encontrar no ponto final.

Será?