a torre não pega fogo por você.

a dona do universo inteirinho.

é satisfatório ter você desesperada a procura de pedras preciosas no meio da pira funerária de seu recém-falecido ego em meu campo de vista, talvez porque as espinelas, esmeraldas e rubis estejam dentro do meu bolso e você não faça ideia disso. a princesinha farsante de lágrimas chorou pela primeira vez, mas as chamas fizeram qualquer resíduo de emoção evaporar. nem que afloresça dos melhores narcisos teria moral o suficiente para refleti-se no espelho, pois não há alma, não há princípio vital que recrie a boneca de porcelana rachada, nem mesmo seu coração podre. eu poderia te entregar as gemas guardadas em meu bolso e quem sabe assim ressuscitar algum espírito queimado nesse caos, mas daí qual seria a graça?

parece que o conto de fadas da donzela pseudo-maníaca caiu junto a torre... oh... está na hora do melodrama! abram as cortinas, lá vem a dona do teatro, do circo, do parque e do universo inteirinho, a princesinha! continue o show para sua plateia de brinquedos queimados, garota, eu vou pular pela janela, e não me importaria de morrer caindo desta altura, é mil vezes melhor do que morrer por você. queime seus fios descoloridos, vestidos de seda e coroas de diamante, eu não te direi uma sílaba sequer, quero ter certeza de que você escutará o som das chamas raivosas derrubando sua grande torre. dance no chão ardente como num baile real depois de um chá real da tarde, eu não ligo, uso meus sapatos e consciência. pois é, sua narcisista, nem tudo é para você, não inclua minha vida na sua lista de presentes dados por você a sí mesma.

talvez você morra pensando que tudo ao seu redor é sobre você, mas, lembre-se, a torre não pega fogo por você e o dragão, assim como eu, não se importa com a sua existência, garota.