desmatamento.

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homens matam e plantam árvores todos os dias como se criar um filho apagasse o assassinato de outro, homens esses cujo passado não foi o suficiente para apagar qualquer negatividade dentro da mente, e não é preciso explicar muito para que ele se assemelhe perfeitamente. se ele soubesse a natureza que matou não apresentaria-se como um mensageiro de bons pensamentos frutíferos de uma áurea limpa. não era uma simples natureza, era a natureza que encontrava-se dentro de mim, e ela não foi simplesmente morta porém enforcada, amassada, sufocada e esfaqueada. e como se fosse uma sexta-feira ensolarada eu sorri e aguardei pelo melhor, mas o melhor nunca veio. a minha natureza fraca não foi simplesmente morta, ela ainda morre, como ainda cai em pedaços, porque eu o amei.

a minha flutualidade na água iluminada pelo luar é mínima, pois carrego um enorme aliciante que me informa os segundos perdidos debaixo de suas asas.

deixarei a água adentrar o meu corpo e apossar-se de todas as aflições, pois nada é o suficiente para sufocar a dor, nem mesmo lábios avermelhados e rachados colados no meu. e já convenci-me de que se ele não é suficiente para me salvar, não faz sentido desejar que anjos e deuses venham acudir-me em cima de uma traquitana flutuante, uma vez que meu grande amor não é o bastante para o triunfo, nada será.

estou cansado de ser revirado por todos os lados deste triacontágono, sou uma bailarina rodopiando e afagando tudo o que deixei cair em nosso teatro grego, junta a minha posição de deuteragonista.

mas pouco me importa a máscara de bom criminoso que costurou em sua face desperdiçada, o que me embarga é cair em pedaços num mundo vazio que apelidei de vácuo entre a grande rachadura do coração dele.

bailarina do triacontágono. Onde histórias criam vida. Descubra agora