Capítulo 1.

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Essa não é uma história de amor..qualquer.

Era um sábado qualquer assim como todos os outros, eu acordava relativamente cedo e fazia as coisas de casa... a rotina era a mesma todos os dias, acordar, ajudar em casa e ir trabalhar. Mas aquele dia, de alguma forma foi diferente, eu podia sentir mesmo sem saber o que era. Eu cheguei ao serviço como de costume, aos sábados era possível usar preto, minha cor favorita pessoalmente, limpei as vitrines e fiz algumas vendas, e então um pouco antes das 19h, meu horário habitual de intervalo, eu decidi que não faria, não me recordo o motivo, eu só queria ficar ali.

Sempre fui de observar muito tudo que acontece ao meu redor e pouco falar, talvez um defeito que mais pra frente eu descobriria ter sido crucial para as coisas mudarem.

Eu namorava, sim, naquele momento eu namorava uma guria da capital e logo faria uns 10 meses desse relacionamento a distância, eu logo a conheceria pessoalmente. Eu estava animada com a possibilidade, passará horas madrugada a fora falando com ela, eu sempre me fazia presente em seu dia, mandando mensagens de carinho, poemas.. típico de alguém do meu signo, que até então eu nem acreditava em toda essa história de astrologia.

Ela gostava de animes e coisas que eu não fazia a menor ideia do que era, mas eu gostava da companhia dela. Eu me lembro de como era bom ter alguém para conversar, era um carinho gigantesco, mas eu ainda não me sentia completa.

Eu não sabia o motivo, eu dava mais do que recebia mas eu não deveria cobrar nada além do que eu recebia, eu entendia, eu sempre fui intensa demais.

Eu não a amava, mas eu precisava conhece-la e tudo aquilo se personificar. Eu acreditava que a amava, bobinha.

.. Voltando ao sábado, aquele mesmo que mudou minha vida e tudo que virá a seguir. Eu estava observando como os jovens, como sempre adoravam frequentar o shopping aos sábados, eu era jovem, não tão, mas de alma velha como sempre disse minha mãe.

Eu tive um relance, de longe eu vi um tecido que eu podia com clareza, explicar a natureza da textura, a suavidade, e talvez eu poderia sentir até mesmo o cheiro daquele tecido.

Era branco, eu estava focada nele ainda, eu não enxergo bem de longe, mas ainda sim o tecido, eu estava fixada nele como um imã.

Então meus olhos foram subindo na medida em que o tecido se aproximava e como um raio ele passou do meu lado. Eu podia sentir por quantos segundos meu coração continuou sem bater e como um sopro de vida ele voltou em uma velocidade assustadoramente alta, eu estava acordada, viva e eu senti algo que me deixou desperta.

Mas então estava ali de mãos dadas com outra guria, que era um pouco mais alta que a tecido branco. Era tudo que eu podia dizer, eu não conseguia lembrar aquele rosto, foi tudo tão rápido, eu fui estilhaçada por um olhar tão profundo que de fato abalou todas as minhas estruturas.

Eu voltei a realidade quando minha companheira de serviço que muito bem me conhecia, estalou os dedos frente aos meus olhos.

Ela me questionou o que eu tinha visto, eu pensei, pensei, pensei e tudo que saiu entre meus lábios foi.

A coisa mais linda que meus olhos já viram.


Eu podia jurar que nunca mais teria a oportunidade de rever, e o desespero me bateu como um soco no estômago, eu sai para o intervalo e nada achei e assim como quem sabia que era notável, ela apareceu na minha frente, mesmo de mãos dadas. Eu como minha casquinha, me senti um ser tão pequeno, diante daquela vastidão e então novamente como um sopro se foi, mas não antes deu passar pela vergonha do século e derrubar todo meu sorvete, então ela já não era mais a garota do tecido branco, era a garota da casquinha.

Eu voltei para o quiosque, sim eu estava exposta a tudo e todos. E meu deus, como eu queria estar exposta a ela. Eu agradeci por estar arrumada, naquele dia, de preto, cabelo solto, e uma leve maquiagem. Sem entender o que acabou de acontecer, leticia minha colega de serviço estava rindo, pois ela presenciou toda a cena.

Então você passou aquele mico na frente da coisa mais linda que já vira?

hurrrrr


Eu fiquei desolada por um instante e voltei as minhas tarefas do dia, em um determinado momento da noite, estava mexendo no meu relógio que insistia em abrir a todo momento, quando senti os olhos de alguém em mim, eu olhei pra frente e nada.

O quiosque era do lado do corredor que dava acesso aos banheiros, então eu virei o rosto e fui cometida aquele olhar. Ela me encarava profundamente, como quem estivesse lendo minha alma, e estava. Eu paralisei, e me senti completamente cheia. Ela me olhava, eu a olhava e foi assim até a guria com quem ela estava sair do banheiro. A garota da casquinha era impressionante, parecia ser a dona do lugar e puta que pariu o lugar era um shopping enorme, e a presença dela foi devastadora pra mim, nos próximos minutos ela parou abraçada com a guria na parede e ficaram abraçadas mas ainda assim seus olhos penetrantes estavam posicionados em mim, eu senti que ela tinha sentido aquilo. Então ela sumiu outra vez e a próxima vez que eu a vi ela estava triste sozinha, parecia ter brigado com a guria, eu queria ir até ela, mas eu não tinha toda essa coragem.

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⏰ Última atualização: Apr 02, 2020 ⏰

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