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Estou dirigindo no carro, aquecido, porém,um frio horripilante, um frio percorre meus ossos. Comigo, está uma companhia agradável, sentado ao meu lado, no banco de companheiro. Um boneco muito feio, que meu irmão adorava. Há uma razão para carregar esse boneco. Esse boneco faz parte do meu passado. Faz parte do quanto eu me ferrei na vida. Faz parte, das minhas cicatrizes. No porta copos do carro, está uma garrafa de gim, e um caderno aberto. Não queria estar aqui, de verdade, é horrível. Mas acho, que por incrível que pareça, não somos nós quem escolhemos nosso destino. Somos projetados a agir de uma única maneira. É impossível mudar o modo que agirmos. É simplesmente impossível.
Pego um cigarro e o acendo com um isqueiro. Seguidamente, começo a relembrar e resumir mentalmente, os nomes em observação, grifado de caneta vermelha. Resumo mental. Anexo em meu cérebro. 13 de setembro de 1991. Eu tinha 17 anos. Tinha uma namorada, e andava com sua turma. James, Andy, wendy, e luna(minha namorada).
Estávamos bebendo e vandalizando o parque. O parque já muito velho e esquecido. Um pouco rejeitado e destruído pela vida, assim como eu.
Minha casa ficava bem perto. Foi quando eu ouvi um grito. Era estrondoso. Poderia ser ouvido a quatro quarteirões. Me despedi, dos mesmos e corri para minha casa. Meu irmão estava na escada morto. Morto com sangue escuro, apunhalado até a morte. Mas por quê? Especificamente quem seria?
Seu boneco estava jogado ao chão, ainda agarrando. Ele amava aquele boneco. Apanhei, embora com certa tristeza, e chorei ao seu lado. Seguidamente coloquei seu corpo em um colchão e o enterrei. Apanhei o boneco, embora relutante com certa decepção e o limpei. Embora o cheiro fique registrado nas roupas do boneco. Cicatrizes podem até passar. Mas o que aconteceu em si não. A história fica, com você, como uma mosca. Lembrança maldita.
Já se passaram 12 anos. E cá estou eu, tentando concertar meu erro do passado. Tentar compreender melhor o que aconteceu. Estou dirigindo nas ruas de San Sanbury. Estou tentando esquecer esse maldito pesadelo, fingir que nunca existiu essa situação, e que nunca tive um irmão. É inevitavelmente impossível. Impossível, porque, acredito que somos projetados a agir de tal maneira. E é isso que molda nossa vida.
Estou sem resposta, estou perdido, estou querendo acordar de um sonho bizarro, querendo que tudo seja mentira. Querendo, principalmente, costurar meu passado. Pôr algodões, até eu voltar ao que era antes. Ao meu velho eu. Aos velhos tempos. Mas acredito, que atualmente é impossível. Com família, endinheirado, e ainda que eu beba inúmeras de bebidas, fume duas caixas por dia. Eu sou indestrutível. Eu sou um maldito anjo que possui uma maldição.
Eu não deveria estar aqui, pelas ruas dirigindo, em buscas de resposta. Em uma extensiva procura pelo que aconteceu ao meu passado. Eu não sou bem vindo, nunca fui. Eu estou procurando a pessoa que matou meu irmão, mas acho que é bem possível, se eu descuidar, e se o assassino der sorte, de ir a óbito primeiro.
Ouço uma batida de carro. Meu Deus, eu estava dirigindo perdido em pensamentos extensivos.
Caralho não! Não, não. Por favor que eu dure até o caminho de casa. Tomara que eu não dê um apagão e possa ser encontrado por alguém. Quando menos espero, tudo ao meu redor fica preto. Com luzinhas pretas dançando aos meus olhos, e ouço um zumbido. Pelo amor de Deus, que não seja a escadinha. Maldição.  Reencontro com as minhas memórias.

Maldito PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora