[f(23) = 46 - x] Amar a quem

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Oi. Mais 13k e pouquinho. Espero que gostem <3

🔮

Não é fácil imaginar que mãos tão pequenas quanto as de Jimin sejam capazes de assumir tanto controle.

Para minha completa surpresa, mas não posso dizer que desagrado, é exatamente isso que elas fazem. Que ele faz.

Jimin controla nosso beijo.

Não o faz ao beijar alguém que abdica do controle, no entanto. Assim como ele, até inconscientemente, eu tento assumir parte do comando sobre nós dois, mas não é como uma disputa. É como uma combinação de nossas atitudes simultâneas. Ele me aperta a nuca, me puxa os cabelos ou segura meu rosto pela mandíbula, posicionando-o da forma que quer enquanto sua língua se enterra em minha boca e seus lábios se unem aos meus, movendo-os no ritmo lento, mas intenso, que determinamos. E eu lhe envolvo a cintura, mantendo seu corpo pressionado ao meu, despropositadamente forçando-o a ficar nas pontas dos pés enquanto me beija sem parar por minutos que se estendem pelo fim da tarde.

O resultado poderia ser desastroso.

Poderia.

Pelo contrário, sua busca contínua por controle combinada ao meu toque naturalmente mais firme, talvez até brusco, resulta no beijo mais intenso que já experimentei.

E eu, que sempre achei que beijos eram superestimados, finalmente percebo.

Beijar é surrealmente bom, se for alguém como Jimin.

E eu estou beijando-o há tanto tempo que não consigo me concentrar em mais nada além de seu toque, do sorriso breve que ele abre contra minha boca quando eu suspiro depois que ele puxa meu cabelo e eu aperto a lateral de sua cintura.

Eu não consigo me concentrar em mais nada. Mais que isso, eu não quero. No entanto, o som do motor de um carro subindo pela rua me arranca do espaço próprio que criei. O beijo se interrompe, eu olho ao redor e, sem dever ter esquecido, lembro.

Nós ainda estamos na frente da minha casa.

Quando volto a olhar para Jimin, encontro-o deslizando o polegar sobre o canto dos lábios que, nesse exato momento, são coloridos por um tom mais intenso de rosa.

Sua respiração continua atrapalhada, o peito sobe e desce devagar e não demora para que ele pisque demoradamente, no gesto já familiar.

— Eu esqueci que nós estávamos na rua. — É ele o primeiro a quebrar o silêncio, subitamente parecendo tão sem jeito quanto nunca o vi.

A primeira coisa que percebo é que minha mão continua em sua cintura. Então afasto, até deixar de tocá-lo.

A segunda coisa que percebo é uma que obviamente não me passou despercebida, mas só agora sinto o peso da percepção me atingir como em um desenho animado em que o personagem súbita e inexplicavelmente é esmagado por um piano que por algum motivo estava no topo de um prédio qualquer.

Aliás, é pior. É como se eu fosse o Papa-léguas e a vida, o Wile E. Coyote.

Houve um planejamento, uma manipulação de acontecimentos além do meu entendimento para que chegássemos a esse momento. Como uma armadilha milimetricamente calculada pelo coiote vilão ao tentar capturar seu arqui-inimigo e esmagá-lo com uma bigorna.

A diferença é que Papa-léguas sempre escapa das tramoias. Eu, fui capturado.

E agora uma bigorna massiva com a sigla ACME cravada bem na lateral está esmagando furiosamente toda a minha consciência.

CEM CHANCES • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora